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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 23, 2015

SEM ACORDO Professores decidem manter greve em São Paulo

Categoria fará nova assembleia na próxima sexta (29), no vão livre do Masp, e participará do protesto das demais categorias, marcado para o mesmo dia, contra projeto da terceirização e ajuste fiscal

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DÁRIO OLIVEIRA/CODIGO19/FOLHAPRESS
Professores Masp
Categoria continua sem espaço de negociação com o governo do estado de São Paulo
São Paulo – Os professores da rede pública estadual de São Paulo decidiram hoje (22), em mais uma assembleia realizada no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), manter a greve que já dura desde o dia 13 de março. Neste momento, seguem em caminhada pela Avenida Paulista com destino à sede da Secretaria de Educação, na Praça da República, centro da capital.
A categoria decidiu ainda fazer uma nova assembleia na próxima sexta-feira (29), no vão livre, unindo sua luta à greve geral das demais categorias, marcada para o mesmo dia, contra o projeto que trata das terceirizações (PLC 30, no Senado). A previsão é que, neste dia, depois da assembleia dos professores, com início marcado para as 14h, os movimentos se unam em caminhada até a Praça da República, no centro da capital.
Na última quarta-feira (20), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu descontar os dias parados dos professores em greve. Segundo a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Azevedo Noronha, o sindicato vai recorrer dessa decisão. “Vamos recorrer. Foi uma decisão monocrática e outra vez, aqui em São Paulo [no Tribunal de Justiça], foi também monocrática, e nós ganhamos no plenário. Temos segurança para entrar e continuar na medida judicial e reverter essa situação”, disse ela na tarde de hoje à jornalistas.
Para Maria Izabel, a decisão do STJ não afetou o movimento dos grevistas. “Os professores aguentaram, e estão aguentando 71 dias em greve”, afirmou. A presidenta do sindicato disse ainda que o governo estadual não marcou nenhuma outra reunião com a categoria. Segundo a presidenta, a assembleia de hoje reuniu cerca de 20 mil professores.
*RBA

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