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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 10, 2015

Alckmin encerra convênio para alfabetização de adultos e deixa 15 mil sem aulas em SP

Alckmin encerra convênio para alfabetização de adultos e deixa 15 mil sem aulas em SP

Salas de alfabetização eram mantidas com repasse do governo estadual desde 1997 e tiveram convênio encerrados no inicio deste ano pelo governador Geraldo Alckmin

Por Redação

Desde janeiro, jovens e adultos que buscam matrícula em cursos de alfabetização oferecidos por quatro ONGs paulistas são informados do fim do programa Alfabetiza São Paulo. O programa, criado em 1997 e mantido pelo governo do Estado, deixou de repassar verbas para o pagamento de educadores e material escolar neste ano em razão de "readequação orçamentária".
A interrupção do Alfabetiza São Paulo afeta 14.858 alunos, que deveriam ser atendidos em mais de 1.000 turmas espalhadas por 25 municípios da Grande São Paulo, segundo levantamento do Instituto Paulo Freire.
"Estávamos com 16 salas de aula. Quando soubemos do fim do convênio, pedimos que a parceria fosse mantida até o meio de 2015 para redirecionar os alunos, mas não conseguimos isso", explica Roseli Fonseca de Souza, coordenadora pedagógica do Conselho Comunitário de Poá, um dos centros que atendia pelo IBEAC (Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário Queiróz Filho).
Neste momento, o conselho mantém aulas para cerca de 150 estudantes, que dependem do trabalho voluntário dos educadores. Até o fim do ano passado, os educadores recebiam cerca de R$ 400 mensais para dar duas horas de aula por dia durante quatro dias por semana, além de reuniões pedagógicas. A coordenadora, no entanto, afirma que tem outros 200 alunos cadastrados esperando abertura de turmas.
Na zona sul de São Paulo e arredores, o Conselho Comunitário de Campo Limpo continua com cerca de 30% das 82 turmas existentes em 2014 com educadores voluntários.
Para Alessandra Santos, do Instituto Paulo Freire, os alunos do programa têm dificuldade para entrar em outros projetos de Educação de Jovens e Adultos existentes. "Infelizmente nem todos os estudantes de Programa de Alfabetização conseguem ser absorvidos pelas escolas para a continuidade dos estudos, um dos motivos é a falta de oferta da EJA e, quando existe, a carga horária de muitas escolas não correspondem às necessidades desses estudantes trabalhadores."
O programa mantinha turmas de alfabetização de adultos em escolas, associações comunitárias e igrejas. Para a montagem das turmas, as organizações faziam uma pesquisa de porta em porta para cadastrar adultos analfabetos e qual seria o melhor horário para a turma. As aulas duravam duas horas por dia e eram realizadas quatro vezes por semana.`
"Nós temos um trabalho que é mais maleável, falamos sobre política, sobre direitos do cidadão, como tirar um documento, como pedir algo na Prefeitura. Quando você fala para esse estudante ir assistir aula nas salas da prefeitura, ele não quer porque lá tem um currículo normal em que o estudante entra, assiste aula e vai embora. Eles não querem esse tipo de aula e têm o direito de escolher", considera Roseli.


Confira o artigo original no Portal Metrópole: http://www.portalmetropole.com/2015/04/alckmin-encerra-convenio-para.html#ixzz3Zl6f97Lt

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