Com China e banco dos Brics, geopolítica aponta para virada do Brasil
Investimentos que a China anunciou para o país e a consolidação do banco dos Brics faz frente à conspiração midiático-judicial-tucana financiada pelos EUA, em especial pelas indústrias Koch
por Miguel do Rosário, de O Cafezinho
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Brasília – Antes de reproduzir uma notícia importante, sobre a aprovação na Câmara do banco dos Brics, permitam-me algumas especulações. Algumas podem parecer paranoicas, mas estamos diante de uma virada geopolítica tão grande, com movimentos tão definidos, que podemos nos dar ao direito de suprir o que não sabemos com um pouco de imaginação.
Mesmo que nos faltem elementos para fechar o quebra-cabeça, isso não afetará o resultado final da análise, que é baseado em fatos: a China está trazendo para o Brasil os recursos que os EUA estão tirando. Exemplo: enquanto o sistema judiciário americano tenta ferrar a Petrobras, a China está assinando acordos sucessivos para emprestar dinheiro à estatal, já anunciou investimentos aqui da ordem de R$ 200 bilhões para cima, e acertou com o Brasil a criação do banco dos Brics, que alocará outros bilhões na infra-estrutura brasileira.
Passei uma tarde inteira, na quarta, conversando com parlamentares, da Câmara e do Senado, e uma das teorias que circulam naqueles ambientes é a seguinte: a conspiração midiático-judicial-tucana para destruir a cadeia de indústrias do setor de petróleo é financiada pelos EUA, em especial pelas indústrias Koch, de propriedade dos irmãos Koch, os empresários mais ricos dos Estados Unidos.
Os irmãos Koch atuam em quase todas as etapas do setor, e são grandes especuladores no mercado mundial de petróleo. Os Koch são ainda os principais financiadores do partido republicano, em especial de suas franjas mais radicais, como o Tea Party.
Outra teoria, e essa é a mais plausível de todas, porque há mais fatos: vários desses grupos “jovens”, que organizam marchas antigoverno no Brasil recebem dinheiro americano. Vem pra rua, Revoltados on Line, Movimento Brasil Livre, essa turma toda recebe, em alguns casos até sem o saber, dinheiro dos Koch ou de outro grupo vinculado à direita americana e às suas empresas de petróleo.
Os irmãos Koch fazem lobby pelo fim da lei de conteúdo nacional, e pelo fim do monopólio da Petrobras como operadora, para que eles mesmo possam oferecer seus serviços e produtos à Petrobrás. Ou mesmo substituir a Petrobrás.
Corre à boca pequena no congresso que os tucanos não estão preocupados com a crise na cadeia de indústrias ligada ao petróleo e à construção civil, sob ataque político violentíssimo de setores conspiracionais do Ministério Público, porque o dinheiro deles já está garantido pelo Tio Sam.
O alto tucanato foi aos EUA, dias atrás, e seus membros foram homenageados num regabofe com bilionários.
Não me entendam mal. Ao contrário do clichê que se tem de um blogueiro progressista, não sou nenhum esquerdista antiamericano. Ao contrário, acho que o Brasil deveria desenvolver muito mais parcerias com os EUA, sobretudo nos campos da tecnologia da informação, ciências e cultura.
Mas evidentemente não faz sentido destruir a indústria brasileira de petróleo e substituí-la por empresas controladas pelos irmãos Koch, que representam o que existe de mais golpista, corrupto e reacionário nos EUA. Se existia corrupção na relação entre as indústrias brasileiras e a Petrobras, com a entrada dos Koch essa corrupção seria alçada a uma magnitude muitíssimo superior.
A relação entre o dinheiro americano e a política brasileira ficou clara durante as eleições de 2014. Sempre que Dilma caía nas pesquisas, as ações da Petrobrás subiam, empurradas por pressões especulativas exercidas a partir da bolsa de Nova York.
O capital internacional, que ainda existe e não é delírio de mentes paranoicas esquerdistas, tem sede nos EUA e defende, em primeiro lugar, os interesses econômicos e políticos dos EUA.
É aí que mora o problema: os EUA nunca tiveram uma visão generosa para com o Brasil, porque nunca dependeram de nós para nada. Com exceção, talvez, do café, que não tem importância estratégica nenhuma.
Já a China realmente precisa do Brasil, porque depende de nossos produtos agropecuários e minerais. Interessa à China que o Brasil se mantenha forte, estável e em crescimento, com uma política independente dos EUA, e por isso ela está ajudando o Brasil a superar a atual crise.
Os fundamentos da indústria brasileira foram lançados na década de 40, quando o então presidente Getúlio Vargas usou a geopolítica da época para obter grandes financiamentos dos EUA.
Dilma está fazendo a mesma coisa. Está jogando o jogo macro da geopolítica para trazer ao Brasil grandes investimentos em infra-estrutura.
E de quebra ainda conseguirá desinfetar a maioria dessas conspirações midiático-judiciais, cuja principal arma seria espremer e ressecar a economia brasileira.
A história do poder americano sugere fortemente que mantenhamos o nível de paranoia em estado de alerta. Mas se quisermos nos ater estritamente aos fatos públicos, nossa análise não muda muita coisa.
Em termos gerais, as pressões políticas que vem dos EUA continuam negativas. E não é porque os EUA são malvados e os chineses, bonzinhos.
Os EUA, à diferença da China, não têm interesse, por exemplo, em financiar a nossa infra-estrutura.
No frigir do bolinho de arroz, isso é o que importa: obter recursos, muitos recursos, para financiar nossos trens, metrôs, portos e estradas.
Conseguimos isso com a China, o que forçará os EUA a também alocarem recursos aqui, se não quiserem perder influência e negócios.
Enfim, parece que Dilma, desta vez, soube ficar do lado certo do vento.
Leia a notícia abaixo:
Do site do PAC
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