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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 13, 2015

Apeoesp denuncia salários 'maquiados' no portal da transparência de SP

Sindicato mostra que, na internet, governo Alckmin divulga salário bem acima do que cai na conta bancária de professores
por Redação RBA 
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MIGUEL ANGEL ALVAREZ/A2D
geraldo alckmin
Depois de negar greve que completa 60 dias, Alckmin 'aumenta' salário dos professores em banco de dados
São Paulo – O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) denunciou hoje (12) manobras do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) para tentar convencer a opinião pública de que os docentes estaduais recebem salários médios de R$ 4.600.
De acordo com a Apeoesp, o Portal da Transparência estadual informa salários dos professores pagos em abril acima do que eles realmente recebem. "A cada minuto, mais e mais professores e professoras procuram a Apeoesp ou divulgam nas redes sociais mensagens denunciando que não recebem os valores que são declarados pelo governo estadual", explica a presidenta da entidade, Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel.
É o caso de um professor de escola do interior, que teve aqui seus dados pessoais apagados. Pelo portal, ele recebeu em abril um salário líquido de R$ 3.009, 27, quando seu holerite indica R$ 1.489,85.
salário professor
Segundo ela, o governo está declarando no Portal salários dos professores com a adição de bônus pagos neste mês de abril. "Isso faz parecer que os professores recebem salários muito maiores do que aquilo que efetivamente recebem mês a mês. Ora, bônus não é salário", afirma.
holerite.jpg

O bônus, conforme explica, é um valor pago de uma única vez – neste ano dividido em duas parcelas, uma paga em em abril e outra em setembro. "O cálculo, questionável, é feito com base na avaliação do rendimento escolar dos alunos e que beneficia de forma diferenciada uma parte dos professores. Por isso, jamais poderia ser declarado no Portal da Transparência agregado aos salários da nossa categoria".
A questão está sendo examinada pelo departamento jurídico da Apeoesp, que estuda possibilidade de acionar judicialmente o governo. "É mais um abuso do governo do estado de São Paulo contra os professores, para ludibriar a opinião pública e tentar, de maneira truculenta, minar a nossa greve".
Embora o governador insista em negar publicamente a paralisação, os professores estão em greve desde 13 de março. Nesta quarta-feira (13), quando deverão se reunir com o secretário da Educação, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, o movimento completa 60 dias.
*RBA

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