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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 30, 2015

Professores estaduais de SP decidem manter greve, que caminha para ser a mais longa da história

Professores estaduais de SP decidem manter greve, que caminha para ser a mais longa da história

Em assembleia realizada no vão livre do Masp, na capital, os docentes optaram pela continuidade da paralisação, que chega ao seu 75º dia, próximo à marca atingida pela maior greve da categoria, em 1989, que durou 80 dias 
Por Redação 
Professores da rede estadual de ensino de São Paulo estão prestes a completar o maior período em greve da história da categoria. Em assembleia realizada na tarde desta sexta-feira (29) no vão livre do Masp, na capital, os docentes decidiram manter a paralisação que completa hoje 75 dias. Como a próxima assembleia acontecerá em, no mínimo, uma semana, a greve deve ultrapassar a de 1989, até então a mais longa, com duração de 80 dias.
De acordo com a Apeoesp, cerca de 30% dos docentes de todos os municípios do estado aderiram à paralisação. O número chegou a ser maior, mas alguns professores voltaram ao trabalho depois que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) determinou o corte de ponto dos grevistas. Para a presidenta do sindicato, Bebel Noronha, a medida é “autoritária” e funciona como um “cala boca”.
“O governador precisa parar com esse negócio de calar a boca de funcionário público. Ele tem poder de descontar salários! Greve que é resolvida assim não é resolvida, é empurrada”, disse nesta semana em entrevista coletiva
Além da principal pauta – que é o reajuste de 75,33% no salário para equiparar com as demais categorias, conforme determina meta do Plano Nacional de Educação (PNE) – os docentes paulistas reivindicam, entre outros pontos, o fim das salas de aula superlotadas e do assédio moral, fim dos descontos das licenças médicas, pagamento dos dias parados, reposição das aulas e protestam contra a criminalização do movimento grevista.
Foto: Inacio Teixeira/Coperphoto/Jornalistas Livres 

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