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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 29, 2015

'Eu voltei a voar outra vez', avisa Lula

Ex-presidente disse que pretendia "ficar parado", mas que seus opositores não deixam. Ele participou de seminário ao lado de Pepe Mujica, que destacou a importância dos partidos na democracia
RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA
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Lula disse que vai voltar a viajar, a dar entrevistas, para deixarem "a querida Dilma" em paz
São Paulo – "Você só consegue matar um pássaro se ele ficar parado, por isso, eu voltei a voar outra vez", avisou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos seus adversários políticos. Ao participar hoje (29) de seminário sobre participação cidadã, no Centro de Formação dos Profissionais de Educação (Cenforpe), em São Bernardo, no ABC paulista, ele disse que não pode ficar tranquilo como gostaria porque seus opositores políticos não deixam.
"Como tenho costas largas e já apanhei demais, eu vou ver se eles dão um pouco de sossego pra nossa querida Dilma e começam a se incomodar comigo de novo. Tô esperando a aposentadoria, mas os adversários não me deixam em paz. Todo dia falam em meu nome", disse Lula a uma plateia animada com seu "retorno".
Lula disse que hoje é um cidadão mais preocupado do que era antes. "Fazia cinco anos que eu não dava uma entrevista. Ex-presidente tem que aprender a ser ex-presidente. O papel do ex-presidente é permitir que o governante fale. Mas resolvi falar um pouco mais, vou viajar, vou incomodar", afirmou
"De vez em quando a direita resolve dizer: 'O lula tá morto, já era'. Eu concordo plenamente com uma frase: 'Todo homem quando se sente insubstituível e imprescindível está nascendo dentro dele um ditador'. Não existe ninguém insubstituível e imprescindível, mas a verdade é que não se criam líderes como se faz pão. Sabe quanto tempo vai durar pra se criar um novo Pepe Mujica?", questionou Lula, ao lado do ex-presidente e atual senador uruguaio.
O ex-presidente mostrou-se perplexo diante da conjuntura política brasileira. "Eu nunca vi uma luta de classes colocada de cima pra baixo", disse em referência às manifestações contra o governo orquestradas pela direita. Para Lula, a resposta da sociedade está na participação cidadã. Ele propõe que os pais acompanhem de perto a educação dos filhos, que acompanhem o desenvolvimento delas na escola e a atuação dos diretores. Sugere que se não estiverem satisfeitos, que protestem.
"De onde vem esse ódio? Será que uma parte desse ódio demonstrado contra o PT é porque as empregadas domésticas conquistaram mais direitos? Nós fomos para a rua para conquistar melhoras para as pessoas. Acho que essas pessoas estão querendo desfazer essas melhoras."
Seu mandato, disse Lula, foi marcado por aproximar o governo dos movimentos sociais. "Se perguntarem qual foi o maior legado que deixei, foi a relação que o governo estabeleceu com a sociedade e com os movimentos sociais. Se juntar todos os presidentes do país, antes de mim, eles não fizeram 10% das reuniões que fizemos. Foram 74 conferências nacionais, que começavam no municípios." Durante seus oito anos no Palácio do Planalto, disse Lula, "as políticas não eram do governo, eram do povo."
Recordou de quando, em 1982, então candidato a governador de São Paulo, em 1978, recebeu "apenas" 1,250 milhão de votos, ficando em quarto lugar na disputa. Ao comentar com Fidel Castro, "que nunca foi eleito", sobre a decepção com resultado, Lula foi questionado pelo ex-presidente cubano se tinha noção do que representava 1,250 milhão de votos para um operário, o que o fez rever sua postura derrotista.
Nos cumprimentos iniciais do evento, o ex-presidente dirigiu-se ao ministro da Saúde, Arthur Chioro, referindo-se à discussão sobre a volta da Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira (CPMF). "Não sei se é verdade que (Chioro) defendeu a CPMF. Mas a verdade é que ela não deveria ter sido retirada", disse Lula. "Mas você deveria reivindicar para os governadores e prefeitos, porque eles precisam de dinheiro para a saúde."
RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULApepito.jpg
Pepe foi aplaudido ao defender a importância dos partidos políticos para a democracia
A fala de Lula foi precedida pela de Mujica, que defendeu a importância dos partidos políticos para a manutenção das conquistas sociais dos cidadãos. "A democracia requer partidos. Não há democracia sem partidos. Eles são a vontade coletiva de grupos humanos. Os grandes meios nunca vão estar do lado do povo. São empresas, que atendem a outra forma de entender o mundo." Para o ex-presidente uruguaio, "não há homens imprescindíveis, há causas imprescindíveis. Por maior que seja o homem, nunca será tão grande se tão tiver um grupo de pessoas por trás lhe dando força. Os partidos lutam pelo amanhã, pela utopia”, afirmou Mujica.
“Não se pode separar a economia da ética, da filosofia, porque o homem tem que sonhar, imaginar e caminhar fazendo o melhor e o que lhe dá conteúdo nesta vida, como indivíduo e sociedade. Não podemos mudar o mundo, mas podemos mudar um pouco de nós", afirmou Mujica. Segundo o senador, se a mudança começar, sobretudo os que estão nos partidos vão entender que não devem visar ao próprio enriquecimento.
Pepe ressaltou a necessidade de o político estar próximo das pessoas, da importância da conversa, da "fofoca" com os vizinhos, de simplicidade. Que as repúblicas foram criadas para acabar com o distanciamento, mas que sozinhos os homens não podem fazer muito, daí terem sido criados os partidos.
O uruguaio destacou a importância do Brasil no cenário político latino-americano, da necessidade de negociação em bloco. Questionou se cada país tem condições de negociar com a China, a União Europeia, os Estados Unidos isoladamente, reafirmando o papel de protagonista do Brasil neste cenário. Mujica foi aplaudido em pé.
Por mais de uma vez, Lula brincou com Mujica, por sua popularidade no Brasil. Disse que uma moça quis ser fotografada com o uruguaio, e que ela se mostrou muito interessada por ele. Comentou que, "desse jeito", a organização do evento tinha de reforçar a segurança de Mujica até o aeroporto. Pepe, aos 80 anos, apenas riu da brincadeira.
O ex-presidente Lula também sugeriu ao representante da Universidade Federal do ABC que providencie um título de Doutor Honoris Causa, destacando a importância de Mujica para o cenário político mundial e emendou: "Imagine o que vai representar pra universidade ter uma referência como esta".
*RBA

“Estão com raiva? Se matem. Eu estou muito bem.”

A importância simbólica do gesto de Manu ao ‘matar’ o Lula inflado. Por Paulo Nogueira

Plácida em pleno fragor
Plácida em pleno fragor
Que você faz diante de um boneco que para você simboliza o que há de pior – preconceito, ignorância, vulgaridade, calúnia e achincalhe?
A líder estudantil Manu Thomazielli descobriu uma resposta simples e eficaz: fura.
Manu, com a ousadia típica da juventude e de quem tem convicções, aplicou assim, com um furo, um contragolpe extraordinário nos extremistas de direita que estavam usando o boneco de Lula presidiário como um símbolo de sua campanha insolente contra a democracia.
Manu, que milita na União da Juventude Socialista, a UJS, virou instantaneamente, na tarde de sexta, umavagaba comunista para os direitistas e uma heroína para os progressistas.
Isso ficou patente em sua conta no Facebook.
Folha publicou seu nome, e os revoltados descobriram sua página no Facebook.
Manu sofreu um linchamento virtual. Os insultos mostram, acima de tudo, a mente tumultuada dos militantes arquiconservadores.
O local escolhido pelos fanáticos foram os comentários sob a foto de perfil que Manu postou depois de furar o boneco. Nela, está abraçada a Lula.
Demorou algum tempo para que simpatizantes da causa de Manu fossem em seu socorro no Facebook.
Mas eles chegaram, e a polarização que domina hoje o país se reproduziu, em escala reduzida, na página de Manu.
A mensagem mais expressiva pró-Manu veio de uma amiga sua de UJS.
Ela avisou: “E se encherem o boneco a gente fura de novo.”
Eis aí a força maior do gesto de Manu. Ela deixou clara a vulnerabilidade do Pixuleco, uma fragilidade tão grande quanto seu tamanho.
Um furo e a festa acaba.
Tudo indica, por isso, que o Pixuleco morreu ontem.
Era uma vez
Era uma vez
Sobrou a zoeira típica da internet. O Sensacionalista anunciou que com a morte do boneco assume o Aécio de Papelão.
Um outro meme afirmou o seguinte. “Boneco inflado de Lula: 12 mil reais. Ver as minas da UJS acabar com a palhaçada: não tem preço.”
Entre as histórias, a maior delas ainda não confirmadas, em torno do episódio, uma é o retrato dos manifestantes.
O que contam é que os donos do boneco foram prestar queixa na polícia contra Manu por destruição de bem privado.
Um policial teria pedido a nota fiscal para formalizar a queixa. Mas cadê a nota fiscal?
Sonegação é um dos piores tipos de corrupção, mas isso parece ser um detalhe para os radicais da direita.
Para os progressistas, o gesto de Manu tem um forte significado simbólico. Finalmente alguém deu uma resposta, e que resposta, aos conservadores.
Manu deixou claro que não há motivo para os militantes progressistas ficarem de braços cruzados diante da escalada da extrema direita.
Sozinha, ela colocou de joelhos dezenas, centenas de fanáticos.
Duas fotografias contam tudo sobre a história.
Numa delas, está o boneco miseravelmente esvaziado.
Na outra, protegida por policiais da fúria dos revoltados, Manu aparece sorrindo, plácida, tranquila no meio do fragor que provocou.
Seu sorriso é de quem cumpriu uma missão, e muito bem.
Era como se ela dissesse aos que vociferavam xingamentos, como o grande general romano Mário diante de um bárbaro que o desafiara para um duelo: “Estão com raiva? Se matem. Eu estou muito bem.”
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Paulo Nogueira
Sobre o Autor
jornalista Paulo Nogueira é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Via Diário Gauche




Vídeo-documentário exibido pela televisão pública espanhola, que aborda a visão de dois grandes humanistas sobre o mundo atual: o uruguaio Eduardo Galeano, recentemente falecido, e o suíço Jean Ziegler, professor e escritor que sempre combateu a hegemonia do capital financeiro.

Pode se dizer que há algo de profético em seus depoimentos, pois o documentário foi feito antes da crise que assolou os países periféricos da Europa, como a Itália, Espanha, Portugal e Grécia.


"A Ordem Criminal do Mundo", documentário de 43 minutos, significa o cinismo assassino que a cada dia enriquece uma pequena oligarquia mundial em detrimento da miséria de cada vez mais pessoas pelo mundo. 


O poder se concentrando cada vez mais nas mãos de poucos, os direitos das pessoas cada vez mais restritos. As corporações controlando os governos de quase todo o planeta, dispondo também de instituições como FMI, OMC e Banco Mundial para defender seus interesses. 

Hoje 500 empresas detém mais de 50% do PIB Mundial, muitas delas pertencentes a um mesmo grupo. 

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