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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 22, 2015

A julgar pelos números das principais capitais do país, a mobilização de 20 de agosto trouxe uma informação essencial da conjuntura política: os brasileiros não pretendem assistir sem luta às tentativas de golpistas de derrubar o governo Dilma Rousseff. 

As mobilizações serviram, particularmente, para mostrar a importância crucial da participação popular na definição dos rumos da crise política. "Vai ter rua", afirma o deputado Leo de Brito (PT-AC), presente à concentração convocada pela CUT e pelo MST em Brasília.

Convocadas de forma relativamente improvisada, provocando inicialmente até o receio de um fiasco entre seus organizadores, as manifestações ocorreram depois que o receio de uma irresponsável aventura golpista levou setores importantes do empresariado a se mobilizar em defesa das instituições e do calendário eleitoral e podem ser consideradas como a mais importante demonstração de resistência popular às tentativas de afastar uma presidente eleita por 54 milhões de votos. Em Brasília, um cartaz festejava a apresentação da denúncia contra Eduardo Cunha.

Embora o número tenha sido inferior ao dos protestos contra o governo no domingo, as mobilizações ficaram longe de configurar um cansativo ritual burocrático, no qual militantes organizados e funcionários dispensados pela chefia no fim de expediente desfilam por espaços públicos com bandeiras e camisetas.

Os atos tiveram um caráter de massa em vários lugares, o que explica os cortejos imponentes de São Paulo, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, por exemplo. Um levantamento do Data Folha, realizado entre os presentes na passeata da avenida Paulista, mostra também uma diferença de classe social entre a quinta feira e o domingo.

Revela o jornal, hoje: "Pessoas de famílias com renda mensal de até 2 salários mínimos eram 24% da manifestação desta quinta. No domingo, somavam 6%. No polo oposto, o grupo dos mais ricos (acima de 20 salários) representava 5% dos presentes nesta quinta ante 17% do ato anti-Dilma. No protesto desta quinta, pardos e pretos somavam 49%. No domingo, eram 20%."

Acompanhei a manifestação de Brasília, cidade que tem sido endereço de derrotas inesquecíveis do PT e do governo federal em eleições recentes. "Só aqui já tem mais povo do que todo o protesto da avenida Paulista no domingo passado", me dizia um diplomata aposentado, testemunha das lutas políticas do país desde a década de 1960. A manifestação de Brasília estava marcada para as cinco da tarde -- e começou na hora certa. Neste momento, um pequeno grupo começou a cantar o hino nacional em ritmo de samba nas proximidades de um edifício comercial, o CONIC, numa atividade de concentração, conversa, panfletagem e venda de jornais.

No início da noite, as pessoas (3000, segundo cálculo de um ex-deputado) começaram a se deslocar em direção a estação rodoviária, endereço tradicional dos protestos de Brasília. "Não vai ter golpe", gritavam, com melodia e ritmo. Essa foi a palavra de ordem que dominou a manifestação, do início ao fim.

Um panfleto dizia: "o povo do Distrito Federal quer direitos, liberdade e democracia."

Mas também era possível ouvir, numa frequência que me surpreendeu, um grito mais comum na campanha eleitoral de Dilma, vitoriosa, do que num momento de popularidade baixa: "Neste país, eu tenho fé, porque é governado por mulher."

Para além da manifestação política, havia um componente típico no comportamento das pessoas nessas horas -- a alegria. Elas confraternizavam entre uma palavra de ordem e outra, faziam piadas, planejavam novos eventos. Estavam felizes por estar ali e gostavam do que podiam ver. Quando apareceu um infiltrado, gravando seus próprios gritos e imagens pelo celular, quem estava próximo limitou-se a rir de um esforço patético para tentar atrapalhar a manifestação. Descendo a escada da rodoviária, uma dona de casa comunicava-se pelo whatsapp com uma prima, em Belo Horizonte. A de Brasília tinha resolvido ir à rua contra o impeachment. A de BH, votara em Aécio. Perguntada sobre o trânsito na capital mineira, a prima de lá respondeu: "congestionamento de 1h40 por causa de um protesto." E completou: "O pior é que é a favor da Dilma!"

O círculo em volta via a tela do celular – e ria sem parar.
http://www.brasil247.com/pt/blog/paulomoreiraleite/193786/Povo-mostrou-resist%C3%AAncia-%C3%A0s-tentativas-golpistas.htm
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No Blog do Altamiro Borges










Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

No Brasil todo, uma festa maravilhosa pela democracia!

E muita gente!
Em Salvador, a PM estimou em mais de 10 mil pessoas. Os coxinhas botaram somente 5 mil.

Em São Paulo, a organização estimou em 75 mil pessoas. Outros falarem em 100 mil. Acabaram de me informar que a PM tucana calculou em 60 mil.


Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Por Alisson Matos, no blog Conversa Afiada:

Nesta quinta-feira (20), em resposta àsmanifestações que pediram o impeachment da Presidenta Dilma Rousseff no último domingo, movimentos sociais promoveram em 24 estados e no Distrito Federal protestos em apoio ao mandado de Dilma, à democracia, e contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que foi denunciado pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva na investigação da Lava-Jato.



Por Renan Truffi, na revista CartaCapital:

O ato que tomou conta das ruas de São Paulo nesta quinta-feira 20 foi classificado previamente como “pró-governo”, mas o que se viu foi mais complexo que isso. Movimentos sociais, partidos políticos e eleitores de Dilma Rousseff protagonizaram uma marcha que saiu do Largo da Batata e terminou na avenida Paulista, região central da cidade. Muitos de fato foram às ruas para defender o governo, mas houve espaço para rejeitar o impeachment e fazer críticas ao ajuste fiscal, gritar contra o ministro da Fazenda,Joaquim Levy, e pacotes “conservadores”, como aAgenda Brasil, do presidente do Senado,Renan Calheiros.






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