Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 27, 2015

A imagem dos “Muitos Lulas”, de 1979, é atual como nunca

Ataques a Lula atingem a democracia

Editorial do Portal Vermelho:

Sob a manchete “Muitos Lulas” o jornal Movimento descreveu, em 14 de maio de 1979, a pronta reação dos trabalhadores em greve, em São Bernardo do Campo, à prisão do então sindicalista Luíz Inácio da Silva.

Isso ocorreu há 36 anos e os trabalhadores, que exigiam melhores salários, lutavam contra da ditadura militar e o arbítrio policial.

Aquele foi um episódio de grande visibilidade da luta de classes que se desenvolvia. E o preso pela repressão ia além da figura do líder sindical importante em que Lula se transformara. Ele era também a imagem da exigência de transformação que pulsava na mente dos trabalhadores e do povo, sentimento que aquela manchete foi feliz em traduzir.

Nestas quase quatro décadas o Brasil mudou, com grande participação de Lula e dos trabalhadores. A ditadura militar foi derrotada e a disputa pela presidência da República deu lugar a embates decisivos, sobretudo desde 1989, quando Lula foi candidato pela primeira vez. Um fantasma passou a rondar o imaginário das classes dominantes brasileiras: o medo das mudanças e da democratização efetiva, simbolizados na figura de Lula. Fantasma que se traduziu desde então, em todas as campanhas presidenciais, na busca desenfreada pelo anti-Lula que socorresse a elite em seus devaneios continuístas.

Foi um quadro de luta feroz, acentuado em 2002 quando, finalmente Lula e as forças progressistas representadas na Frente Brasil Popular venceram a eleição presidencial e puderam iniciar os governos que promoveram as mudanças emcurso no Brasil desde então.

Lula permanece no alvo da direita justamente porque representa esse conjunto de forças e o sentimento de mudanças que o Brasil exige.

Hoje, o anti-Lula se transformou na tentativa de destruir a imagem do próprio ex-presidente, no esforço de diluir suas chances eleitorais em 2018.

O fantasma que assusta da direita é o da continuidade do projeto de mudanças que anima o país e pode se aprofundar. O presidente eleito em 2018 - e Lula é talvez o mais forte pré-candidato - iniciará o quinto mandato das forças democráticas, patrióticas e progressistas; será o presidente que dirigirá, em 2022, a comemoração dos 200 anos da Independência do Brasil e, com certeza, consolidará as transformações iniciadas em 2003 no rumo de uma sociedade mais democrática, igualitária e desenvolvida.

Por isso, a direita precisa destruir a imagem de Lula - e, com ela, derrotar os anseios pela mudança profunda. Precisa passar, para o país a imagem de que a esquerda e as forças progressistas são incapazes de dirigir a nação e resguardar os direitos sociais, democráticos e patrióticos.

A imagem dos “Muitos Lulas”, de 1979, é atual como nunca. Atual neste momento em que setores conservadores do judiciário, a direita e sua mídia amestrada, acenam com imaginárias irregularidades para, eventualmente, levar o ex-presidente aos tribunais e à prisão. A ditadura militar de 1964 tentou o mesmo caminho, em 1979 - mas a prisão de Lula fortaleceu o sentimento de mudanças que ele representava. E ainda representa. Daí porque se impõe com urgência o mesmo sentimento. Mexeu com Lula, mexeu comigo! Mexeu com Lula, mexeu com os brasileiros e com a exigência de mudanças mais profundas no país!

Nenhum comentário:

Postar um comentário