Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 15, 2015

 EUA são um obstáculo à igualdade na economia global

Da Agência Sputnik

Stieglitz:

Países desenvolvidos liderados pelos EUA fazem todo o possível para evitar que países em desenvolvimento formem uma nova arquitetura econômica global eficaz para todos, inclusive para os pobres, considera Joseph Stiglitz, laureado com o Nobel em economia.

Segundo o especialista, quando os Estados Unidos tentaram pôr obstáculos ao desenvolvimento do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura (AIIB), a administração de Barack Obama sofreu uma grande derrota.

O economista faz notar que o mundo se alterou muito desde o início do século: na altura dominavam os membros da G7, mas agora a maior economia é a China.

De acordo com Joseph Stiglitz, os Estados Unidos não apoiam os países em desenvolvimento: “Embora o país prometesse dar pelo menos 0,7% do seu PIB à assistência ao desenvolvimento, o Estado só destina 0,19%”.

Além disso, os EUA bloqueiam o desenvolvimento do direito internacional no que se refere às dívidas soberanas e setor financeiro.

O especialista afirma que os mecanismos atuais já são muitas vezes inadequados: "A Ucrânia, a Grécia e a Argentina são exemplos do fracasso dos acordos internacionais existentes. A grande maioria dos países apelou à reestruturação das suas dívidas soberanas. Os EUA continuam a ser o maior obstáculo."

Da mesma forma, o sistema existente de tributação não funciona: “Os EUA e outros países avançados têm pressionado a fazer mudanças as menores recomendadas pela OCDE, o clube dos países desenvolvidos. Em outras palavras, os países politicamente poderosos onde residem os que fogem aos impostos são os mesmos que desenham um sistema para reduzir a evasão fiscal.”

Assim, o laureado de Nobel norte-americano acredita que as novas realidades, isto é, o mundo multipolar, precisa de novas formas de administração em que os países em desenvolvimento tenham maiores direitos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário