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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 08, 2015

Abraço ao Instituto Lula foi um sucesso e iniciou reação ao golpe


Abraço 4

Cheguei pontualmente às 12 horas da última sexta-feira (7/8) à esquina da rua Pouso Alegre com o nascedouro da avenida Nazaré, no bairro do Ipiranga, onde situa-se o Instituto Lula. Apesar de o “abraço” ao prédio – uma resposta ao atentado a bomba ocorrido ali no dia 30 de julho – ter sido convocado para aquele horário, percebi que as pessoas começaram a chegar muito antes, pois já havia centenas.
Diante do Instituto, o presidente do PT, Rui Falcão, e o ex-ministro da Saúde e ex-candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, falavam à imprensa e foram extremamente atenciosos com o leitorado deste Blog. Confira, abaixo, as declarações que nos deram.
Mais tarde, conversei detidamente com Padilha e, a convite dele, no fim da tarde fui à sede estadual do PT para falar sobre comunicação pelas redes a algumas dezenas de dirigentes regionais do partido e acabei saindo de lá quase no fim da noite, razão pela qual esta matéria não saiu antes.
Voltando ao ato de apoio a Lula levado à cabo diante do Instituto que leva seu nome, meia hora após a minha chegada já havia quase o triplo de pessoas no local. E continuavam chegando. Calculo que, no total, passaram cerca de três mil pessoas por ali.
Abaixo, um mapa do Google Earth do local da manifestação. A área ocupada pelos manifestantes, delimitada por linhas vermelhas na imagem, tem cerca de 700 metros quadrados, segundo medições que fiz no local. Veja a imagem.
Abraço 5

Como o leitor poderá constatar nos próximos vídeos, as pessoas estavam tão espremidas no local que pode-se dizer que, no mínimo, havia um adensamento de 4 pessoas por metro quadrado. Por essa conta, havia, pelo menos, cerca de 3 mil manifestantes no local.
Abraço 2
O clima festivo e a quantidade de manifestantes sugerem que a disposição para a reação está crescendo entre movimentos sociais e sindicais, além de entre a militância petista.

Devemos nos lembrar de que o ato foi (mal) convocado para um dia útil na hora do almoço. Tivesse ocorrido no fim de semana, é fácil imaginar que haveria um número exponencialmente maior de pessoas no local. Perdi a conta de quantas pessoas me disseram, pelas redes sociais e até no Blog, que não poderiam comparecer porque estariam trabalhando na hora do ato.
Havia um clima de euforia no ar. As pessoas estavam bem-humoradas e pareciam aliviadas ao ver que, apesar da dificuldade de comparecer a um evento daqueles no meio de um dia útil, fora possível reunir um número expressivo de pessoas em um local que não poderia ser mais inadequado a manifestações – o Instituto Lula fica em uma ladeira com pouco espaço na rua, na esquina de uma via expressa de tráfego.

Por volta das 13 horas, chega o presidente Lula. Eu o recebi à porta do veículo que o transportava. Quando saiu, juntamente com dona Mariza, desliguei a câmera, dei-lhe um abraço e sussurrei: “Força, presidente!”. Ele me olhou por alguns segundos, deu-me uma piscada, um sorriso e caiu nos braços da galera, que se aglomerou em torno dele com uma velocidade impressionante.

Enquanto isso, as pessoas continuavam chegando. Lula demorou ao menos uns 15 minutos para caminhar poucos metros entre o carro que o conduzia e a porta do Instituto. Houve uma comoção. As pessoas se espremiam para tentar fotografá-lo. O empurra-empurra que se estabeleceu dificultou a captação de imagens.

Conversando com várias lideranças sindicais e de movimentos sociais presentes, fui informado de que esse foi apenas o primeiro ato de vários que serão feitos nos próximos meses.
No dia 16 de agosto, por exemplo, quando a manifestação fascista pró golpe ocorrer, haverá uma vigília muito maior diante do Instituto Lula. Como será em um fim de semana, é quase certo que 10, até 20 mil pessoas poderão se reunir para proteger o Instituto de algum ataque que os fascistas possam estar planejando.
Outra informação que obtive junto aos diversos movimentos sociais e sindicais presentes é a de que já há um consenso de que haverá que defender a legalidade democrática e, assim, movimentos organizados reagirão por todos os meios possíveis à tentativa de golpe.
Saí do ato de apoio ao presidente Lula com a certeza de que aquele movimento irá crescer juntamente com o ímpeto golpista e antidemocrático de fascistas que querem transformar o Brasil em uma republiqueta bananeira ao tentarem simplesmente anular uma eleição que lhes foi desfavorável. Agora, mais do que nunca, tenho confiança em que os golpistas, os estafetas do atraso NÃO PASSARÃO.
*http://www.blogdacidadania.com.br/2015/08/abraco-ao-instituto-lula-foi-um-sucesso-e-iniciou-reacao-ao-golpe/?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

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