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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 04, 2012

Crise não chega à indústria da morte

 

 

Do The Week
















A crise não atinge os fabricantes e vendedores de armas. Os negócios do sector atingiram em 2010 os 411 100 milhões de dólares, em alta um por cento em relação ao ano anterior, anuncia o SIPRI de Estocolmo.

No seu 29º relatório anual consecutivo, o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) conclui que a chamada "indústria da morte" continua a ser das mais florescentes e está imune às crises económicas mesmo em países onde os problemas económicos e financeiros se têm feito sentir, como é o caso das duas maiores potências do sector, Estados Unidos e Reino Unido.

No relatório que elabora anualmente desde 1989, o SIPRI publica o TOP 100 das empresas de armamento e em 2010 apurou que o volume de negócios anual necessário para entrar nesse clube de elite é agora de 640 milhões de dólares, quase triplicando a plataforma de 2002 – 280 milhões.

Estados Unidos e Europa Ocidental dominam o mercado das armas e também dos serviços militares, sector em alta. O SIPRI conclui que nos últimos anos a aquisição de empresas de serviços militares – formação, logística, apoio e manutenção - tem contribuído para o reforço do poder económico das empresas de armamento. O estudo do instituto de Estocolmo não inclui dados sobre empresas chinesas.

O relatório revela que as 44 empresas norte-americanas presentes no TOP 100 são responsáveis por 60 por cento do negócio total; as 30 da Europa Ocidental representam 29 por cento. O TOP 10 equivale a 56 por cento do volume de negócios global, cerca de 230 mil milhões de dólares.

O negócio das armas cresce a grande velocidade, de acordo com os números do SIPRI. O volume de negócios global dos membros do clube do TOP 100 cresceu 60 por cento entre 2002 e 2010.

A Lockeed Martin continua a ser a número 1 do ranking, com um volume de negócios em armas de 35 700 milhões de dólares em 2010, cerca de dois mil milhões em alta em relação a 2009, o que representa 78 por cento das vendas globais da empresa.

Não sendo número um – aparece em segundo lugar – a vedeta da lista é a britânica BEA Systems, que resultou em 1999 da compra da Britsh Aerospace pela Marconi Electronics. O ramo britânico do grupo é o segundo e o seu ramo norte-americano surge na zona do 6º/7º classificados. Somando os dois ramos, o grupo vendeu em 2010 aproximadamente 51 mil milhões de dólares de armamento, o que representa quase 100 por cento do volume de negócios global. Trata-se, em exclusivo, de um grupo de fabrico e comércio de armamento.

A primeira empresa do TOP 100 com bandeira da União Europeia é a European Aeronautic Defence and Space Company (EADS), que surge em sétimo lugar com vendas de armas no valor de 16360 milhões de dólares em 2010, mais 400 milhões que em 2009. O sector de armas representa 27 por cento do volume total de negócios da empresa.

O TOP 5 do SIPRI é constituído pela Lockheed, BEA Systems (britânica), Boeing, Northtrope e General Dynamics, norte-americanas excepto a segunda. Estas empresas venderam em conjunto, em 2010, armas no valor de 152 060 milhões de dólares, cerca de 3 500 milhões de dólares mais do que em 2009.
*Tecedora

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