Índio da Costa, 'bon vivant', perdulário e possivelmente criminoso
Por trás de um estilo de vida nababesco, com direito a shows
privês de Tony Bennett e Elton John, família de Luis Otávio Índio da
Costa, dona do banco Cruzeiro do Sul, coleciona 300 mil empréstimos
falsos para esconder um rombo estimado em mais de R$ 1,3 bilhão na
instituição; PF investiga
O empresário Luis Otávio Índio da Costa se define como um "bon vivant".
Costuma desfilar com lindas mulheres, como a modelo e apresentadora
Daniela Cicarelli. Em seu château na Granja Viana, como é chamada
sua casa pelos amigos com seus 6 mil metros quadrados de jardim, tem o
hábito de organizar festas memoráveis. Em 2009, para comemorar os 15
anos do banco da família, o Cruzeiro do Sul, trouxe especialmente dos
EUA o cantor Tony Bennett e sua filha para um show intimista para 500
pessoas. "Ele mora aqui mesmo", questionou um dos convidados enquanto
visitava a imensa propriedade, recheada de obras de arte contemporânea,
uma das paixões de Luis Otávio Índio da Costa. Todos os dias, um
helicóptero decola da Granja Viana para levar o empresário a São Paulo.
No mesmo ano, o banco patrocinou um concerto privê, na Sala São Paulo do cantor britânico Elton John.
Luis Otávio Índio da Costa também pensou em abrir as portas de sua
mansão para uma apresentação da companhia de dança norte-americana
Momix. Desistiu depois que o número de convidados saltou para mil
pessoas e decidiu mudar o show para o Auditório Ibirapuera.
Suas festas sempre foram bem frequentadas, com a presença da ex-ministra
do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, o governador do Rio, Sérgio
Cabral, o publicitário Roberto Justus, a apresentadora Luciana Gimenez e
até a top model internacional Naomi Campbell.
Por trás desse estilo de vida ostentatório existe uma longa lista de
fraudes bilionárias. Auditores do BC detectaram na escrituração um rombo
de cerca de R$ 1,3 bilhão. O patrimônio líquido está negativo em cerca
de R$ 159 milhões. Segundo informações do Estadão, pelo menos 300 mil
empréstimos falsos foram inventados pela instituição para esconder
prejuízos acumulados.
O diretor executivo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), Antonio Carlos
Bueno, afirmou nesta segunda-feira (4), que uma eventual liquidação do
Banco Cruzeiro do Sul geraria uma obrigação ao fundo de arcar com até R$
2,2 bilhões. E entrevista para o Valor Ecômico, a estrategista de renda
variável do Banco Fator, Lika Takahashi, o problema com o Cruzeiro do
Sul deve fazer os investidores questionarem se os bancos menores terão
problemas futuros de acesso a financiamento.
Após a descoberta da fraude, 15 pessoas tiveram seus bens
temporariamente indisponíveis. A lista foi distribuída pelo sistema de
informações do BC, o Sisbacen, e inclui os nomes de Luis Felippe Índio
da Costa, Luis Octavio Azeredo Lopes Índio da Costa, Charles Alexander
Forbes, Fabio Caramuru Correa Meyer, Fabio Rocha do Amaral, Flávio Nunes
Ferreira Rietmann, Horácio Martinho Lima, José Carlos Lima de Abreu,
Luiz Fernando Pinheiro, Guimarães de Carvalho, Marcelo Xando Baptista,
Maria Luisa Garcia de Mendonça, Progreso Vaño Puerto, Renato Alves
Rabello, Roberto Vieira da Silva de Oliveira Costa e Sergio Marra
Pereira Capella.
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