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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, junho 05, 2012

Índio da Costa, 'bon vivant', perdulário e possivelmente criminoso

 

Por trás de um estilo de vida nababesco, com direito a shows privês de Tony Bennett e Elton John, família de Luis Otávio Índio da Costa, dona do banco Cruzeiro do Sul, coleciona 300 mil empréstimos falsos para esconder um rombo estimado em mais de R$ 1,3 bilhão na instituição; PF investiga
O empresário Luis Otávio Índio da Costa se define como um "bon vivant". Costuma desfilar com lindas mulheres, como a modelo e apresentadora Daniela Cicarelli. Em seu château na Granja Viana, como é chamada sua casa pelos amigos com seus 6 mil metros quadrados de jardim, tem o hábito de organizar festas memoráveis. Em 2009, para comemorar os 15 anos do banco da família, o Cruzeiro do Sul, trouxe especialmente dos EUA o cantor Tony Bennett e sua filha para um show intimista para 500 pessoas. "Ele mora aqui mesmo", questionou um dos convidados enquanto visitava a imensa propriedade, recheada de obras de arte contemporânea, uma das paixões de Luis Otávio Índio da Costa. Todos os dias, um helicóptero decola da Granja Viana para levar o empresário a São Paulo.
No mesmo ano, o banco patrocinou um concerto privê, na Sala São Paulo do cantor britânico Elton John.
Luis Otávio Índio da Costa também pensou em abrir as portas de sua mansão para uma apresentação da companhia de dança norte-americana Momix. Desistiu depois que o número de convidados saltou para mil pessoas e decidiu mudar o show para o Auditório Ibirapuera.
Suas festas sempre foram bem frequentadas, com a presença da ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Gracie, o governador do Rio, Sérgio Cabral, o publicitário Roberto Justus, a apresentadora Luciana Gimenez e até a top model internacional Naomi Campbell.
Por trás desse estilo de vida ostentatório existe uma longa lista de fraudes bilionárias. Auditores do BC detectaram na escrituração um rombo de cerca de R$ 1,3 bilhão. O patrimônio líquido está negativo em cerca de R$ 159 milhões. Segundo informações do Estadão, pelo menos 300 mil empréstimos falsos foram inventados pela instituição para esconder prejuízos acumulados.
O diretor executivo do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), Antonio Carlos Bueno, afirmou nesta segunda-feira (4), que uma eventual liquidação do Banco Cruzeiro do Sul geraria uma obrigação ao fundo de arcar com até R$ 2,2 bilhões. E entrevista para o Valor Ecômico, a estrategista de renda variável do Banco Fator, Lika Takahashi, o problema com o Cruzeiro do Sul deve fazer os investidores questionarem se os bancos menores terão problemas futuros de acesso a financiamento.
Após a descoberta da fraude, 15 pessoas tiveram seus bens temporariamente indisponíveis. A lista foi distribuída pelo sistema de informações do BC, o Sisbacen, e inclui os nomes de Luis Felippe Índio da Costa, Luis Octavio Azeredo Lopes Índio da Costa, Charles Alexander Forbes, Fabio Caramuru Correa Meyer, Fabio Rocha do Amaral, Flávio Nunes Ferreira Rietmann, Horácio Martinho Lima, José Carlos Lima de Abreu, Luiz Fernando Pinheiro, Guimarães de Carvalho, Marcelo Xando Baptista, Maria Luisa Garcia de Mendonça, Progreso Vaño Puerto, Renato Alves Rabello, Roberto Vieira da Silva de Oliveira Costa e Sergio Marra Pereira Capella.
   
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