Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 21, 2012

Lula e Hollande criticam austeridade e defendem crescimento contra crise global

O ex-presidente brasileiro e o atual mandatário francês se reuniram nesta quarta-feira (20) no Rio de Janeiro, para discutir a crise econômica e as propostas da Rio+20. No encontro, Lula disse que a vitória de Hollande favorece a adoção de medidas para enfrentar os atuais desafios, e o francês elogiou as políticas dos governos progressistas da América Latina.
Rio de Janeiro – O ex-presidente Lula se encontrou no final da manhã desta quarta-feira (20) com o socialista François Hollande, recém-eleito presidente da França, em um hotel na zona Sul da cidade. Durante pouco menos de uma hora, ambos discutiram a crise européia e alternativas às políticas de austeridade, que, na visão deles, têm impedido a recuperação econômica do bloco.

“Ambos concordaram que é preciso propor medidas corajosas e vencer os desafios sociais, políticos e econômicos que se colocam ao mundo: resolver a crise do emprego, combater a pobreza e dar à juventude esperança de futuro”, revelou nota divulgada pela assessoria de Lula.

O mesmo texto anota que o brasileiro considerou que “a vitória de Hollande favorece a adoção de medidas para enfrentar os desafios que se colocam para o mundo em geral, e para a Europa em particular, após esse período prolongado de imposição de soluções ortodoxas para uma crise que decorre fundamentalmente da desregulamentação do capital financeiro mundial”.

Por sua vez, o francês elogiou os "governos progressistas da América Latina" e suas políticas de superação da crise, que buscam não comprometer o crescimento e a distribuição de renda. Nem Hollande, nem Lula concederam entrevista aos jornalistas após o encontro. Um assessor do ex-presidente alegou a necessidade de o ex-presidente preservar sua garganta, após o tratamento de câncer por que passou.

Por essa razão, Lula também reduziu suas atividades na Rio+20. No início da tarde, ambos seguiram para o complexo do Rio Centro, na zona oeste da cidade, para acompanhar a cerimônia de abertura da conferência da ONU. A última atividade prevista pela assessoria de Lula será um jantar, na quinta-feira (21), com representantes africanos, no Palácio da Cidade, sede da Prefeitura do Rio.

A decisão de Lula em rever o atual mandatário francês se deve à proximidade entre os dois. Ambos já haviam se encontrado em Madri, em outubro de 2011, quando Hollande ainda era candidato. Na ocasião, o ex-presidente defendeu uma “solução brasileira” para a crise européia, com incentivo ao crescimento econômico, geração de postos de trabalho e distribuição de renda.

Vitorioso nas eleições, Hollande se tornou o primeiro presidente socialista francês desde François Mitterrand, que governou o país por 14 anos, entre 1981 e 1995. Ele tomou posse no mês passado e, agora, pressiona a chanceler alemã, Angela Merkel, a rever as políticas de austeridade disseminadas na zona do euro.Carta Maior
*Oterroronordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário