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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 06, 2012

A patética realeza britânica 


 

Por Altamiro Borges
Em plena crise econômica, que desemprega, arrocha e retira direitos de milhões de trabalhadores, a realeza britânica festeja nesta semana os 60 anos de trono da rainha Elizabeth 2ª. A mídia colonizada dá destaque ao glamour das comemorações – deixando de mostrar as filas dos desempregados e os pedintes nas ruas de Londres. No ano passado, quando da explosão de revolta na Inglaterra, a mídia chamou os manifestantes de “vândalos e bárbaros”. Agora, ela bajula a nobreza! Questão de classe!

Elizabeth 2ª, a rainha, nunca foi eleita para nada, mas expressa bem o poder das classes dominantes no país e no mundo. É chefe de Estado do Reino Unido – que inclui Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte – e também Canadá, Austrália e Nova Zelândia. Ela ainda é "comandante-em-chefe" das Forças Armadas, as mesmas que ocupam vários países e assassinam milhares de pessoas.
A falsa democracia britânica
Os britânicos, vítimas desta opressão, continuam apoiando seus opressores. Segundo pesquisas, 80% dos ingleses aprovam o suntuoso reinado de Elizabeth. Talvez a crise econômica, que se agrava agudamente na Europa, ajude a superar este atraso – que representa altos custos para os cofres públicos e não rende absolutamente nada para os súditos da Rainha.
Neste sentido, a jornalista Cris Rodrigues, do blog “Somos Andando”, tem razão. “Ninguém me convence a chamar o Reino Unido de democracia enquanto formalmente a sua chefe for uma pessoa não eleita pelo voto popular (isso sem falar nas limitações de um sistema político baseado no bipartidarismo e na eleição indireta do primeiro-ministro)”. 

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