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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, dezembro 23, 2012

A marcha do silêncio zapatista

 do  Passa Palavra
E noite será o dia que se tornará o dia. Por Passa Palavra
Escutaram?
É o som do seu mundo desmoronando.
É o do nosso ressurgindo.
O dia que foi o dia, era noite.
E noite será o dia que se tornará o dia.
Democracia!
Liberdade!
Justiça
!

Das montanhas do Sudeste Mexicano
Pelo Comitê Clandestino Revolucionário Indígena – Comando Geral do EZLN
Subcomandante Insurgente Marcos
México, Dezembro de 2012

Milhares de zapatistas ocuparam as ruas das cidades de Chiapas: Ocosingo, Altamirano, Palenque, Margaritas, San Cristóbal de las Casas. Municípios que os insurgentes já haviam tomado com armas no primeiro de janeiro de 1994.
Desta vez, quando multiplicavam-se as histerias, midiáticas e comerciais, sobre um possível fim do mundo que estaria inscrito nas “profecias maias”, os indígenas reuniram-se formando filas e, em silêncio, com o punho erguido, concentraram-se no centro das cidades, sem proferir discursos ou comunicados através de palavras.
Confira abaixo videosobre a marcha do silêncio Zapatista.
Sem palavras, a Marcha dos Zapatistas:
EZLN, a Marcha do Silêncio: Silenciosamente, os zapatistas se manifestam em cidades de Chiapas.

+ no*GilsonSampaio

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