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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, fevereiro 05, 2016

A nossa República das Bananas, é um projeto perfeito de sociedade do espetáculo.


É curioso como uma das maiores polaridades que temos no âmbito da política nacional, possuem praticamente as mesmas posições da cartilha pró-imperialista na esfera internacional.
Temos parlamentares de um Estado, que ambos apoiam em dada medida a "legítima revolta popular" que sucedeu no golpe fascista do Estado da Ucrânia (apoiado até por também por sionistas), tal como ambos admiram em dada medida o Estado dos EUA (para um "um Estado capitalista cada vez menos opressor paa as minorias oprimidas", para o outro, um exemplo de Estado que representa de maneira satisfatória o "cidadão de bem").
A última polêmica foi quanto a legitimação ao projeto do Estado de Israel (que é inquestionavelmente, um projeto que pressupõe a tomada injusta de terras e massacre de um povo que se viu obrigado a sair de suas próprias casas, para o Ocidente fincar um enclave imperialista no Oriente Médio). Tenta alega que o problema é apenas a atual gestão de Israel, de extrema-direita, mas que, mudando-se a gestão, haveria melhoras. Como se o problema do sionismo não fosse a essência do Estado de Israel, mas sim um problema pontual de gestão...
A nossa República das Bananas, é um projeto perfeito de sociedade do espetáculo.

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