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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, maio 13, 2012

PAULO FREIRE: SOU PROFESSOR A FAVOR DA LUTA CONSTANTE CONTRA QUALQUER FORMA DE DISCRIMINAÇÃO E CONTRA A DOMINAÇÃO ECONÔMICA


Paulo Freire: “minha prática exige de mim uma definição”
“Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim uma definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. Exige de mim que escolha entre isto e aquilo.
Não posso ser professor a favor de quem quer que seja e a favor de não importa o quê.
Não posso ser professor a favor simplesmente do homem ou da humanidade, frase de uma vaguidade demasiado contrastante com a concretude da prática educativa.
Sou professor a favor da decência contra o despudor, a favor da liberdade contra o autoritarismo, da autoridade contra a licenciosidade, da democracia contra a ditadura de direita ou de esquerda.
Sou professor a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.
Sou professor contra a ordem capitalista vigente que inventou esta aberração: a miséria na fartura.
Sou professor a favor da esperança que me anima apesar de tudo. Sou professor contra o desengano que me consome e imobiliza.
Sou professor a favor da boniteza de minha própria prática, boniteza que dela some se não cuido do saber que devo ensinar, se não brigo por este saber, se não luto pelas condições materiais necessárias sem as quais meu corpo, descuidado, corre o risco de se amofinar e de já não ser o testemunho que deve ser de lutador pertinaz, que cansa mas não desiste. Boniteza que se esvai de minha prática se, cheio de mim mesmo, arrogante e desdenhoso dos alunos, não canso de me admirar.” 
*EducaçãoPolítica

Boca de urna aponta derrota do partido de Merkel em Renânia do Norte-Westfália 

Resultado afeta as eleições federais, que ocorrem em 2013

A chanceler alemã Angela Merkel sofreu neste domingo (13) um forte revés no processo de reeleição após seu partido, o União Democrata Cristã (UDC), ter obtido o pior resultado eleitoral desde o fim da Segunda Guerra Mundial nas eleições regionais do estado Renânia do Norte-Westfália, o mais populoso e um dos mais industrializados da Alemanha, segundo as pesquisas de boca de urna. De acordo com o jornal espanhol El País, as informações da boca de urna dão conta de que a candidata do Partido Social-Democrata (PSD), Hannelore Kraft, que já exerce o cargo de primeira-ministra do estado, obteria clara vitória no pleito e poderia revalidar sua aliança de governo com o partido Aliança 90/Os Verdes.  
As pesquisas feitas pelo canal de televisão ARD dão ao Partido Social-Democrata 39% dos votos, porcentagem suficiente para a coligação com os Verdes, que reúnem 12% dos votos na região. A União Democrata Cristã, que foi representada pelo candidato Nobert Röttgen, teve queda de 9 pontos percentuais em relação ao pleito de 2010 e ficou com 26% dos votos.     
O resultado debilita o partido de Merkel para as eleições federais, que ocorrem em 2013. Trata-se do pior desempenho nas urnas do UDC no estado, onde nunca havia obtido votação inferior a 30%. Ainda, a derrota de Röttgen influencia diretamente o futuro  de Merkel, uma vez que ela o nomeou ministro do Meio Ambiente e o considera um de seus homens de confiança. Embora a chanceler tenha buscado se distanciar de Röttgen a medida em que as eleições do estado se aproximavam, a posição política de Merkel dentro da UDC também fica prejudicada com a derrota, segundo o jornal El País.
O triunfo do PSD e dos Verdes impulsiona um conjunto político de centro-esquerda ainda à procura de uma estratégia eleitoral para 2013. O PSD precisa decidir até que ponto apoia Merkel em sua política europeia. A UDC precisa do apoio destes partidos para aprovar o Pacto Fiscal Europeu no Parlamento Alemão (Bundestag). O ‘balão de oxigênio’ conquistado no estado mais povoado do país poderia animar os dirigentes federais a enfrentarem diretamente Merkel, que detem grande aprovação popular. 
A UDC e Merkel continuam liderando as pesquisas, mas os democratas e liberais vêm perdendo eleições regionais em série desde a formação do governo, em 2009. O sucesso da oposição neste domingo a fortalece para negociar com Merkel o preço de seu apoio parlamentar.  
*JB

A Abolição dos Escravos no Brasil Completo



124 anos após Lei Áurea, Brasil não consegue erradicar trabalho escravo

Via CartaMaior
As comemorações dos 124 da Lei Áurea, neste domingo (13), perderam o brilho. Mais uma vez, a Câmara dos Deputados adiou a votação da Proposta de Emenda Constitucional 438, a chamada PEC do Trabalho Escravo, que prevê a expropriação das terras em que a prática for comprovada. A bancada ruralista foi quem deu a última palavra. O argumento é meramente ideológico: a defesa intransigente da propriedade.
Najla Passos
Brasília - As comemorações dos 124 da Lei Áurea, neste domingo (13), perderam o brilho. Mais uma vez, a Câmara dos Deputados adiou a votação da Proposta de Emenda Constitucional 438, a chamada PEC do Trabalho Escravo, que tramita há 11 anos na casa. Não bastaram a intensa mobilização da sociedade civil, os esforços do governo e o compromisso dos parlamentares mais progressistas. A bancada ruralista, que possui a maioria dos votos na casa, foi quem deu a última palavra, a exemplo do ocorreu na votação do novo Código Florestal.
A votação estava prevista para ocorrer na noite de terça (8), em sessão extraordinária. Durante todo o dia, movimentos camponeses, militantes dos direitos humanos, representantes das centrais sindicais, artistas, intelectuais e políticos participaram de atos e manifestações em favor da matéria, que prevê o endurecimento da pena contra os proprietários das terras onde for comprovada a prática, inclusive com a expropriação das terras para fins de reforma agrária.
Embora nenhum parlamentar tenha chegado à ousadia de subir na tribuna para defender a prática, momentos antes do horário previsto para a votação, o quórum do plenário da Câmara permanecia baixo. As 16:30 horas, apenas 208 dos 513 deputados haviam assinado a lista de presença. Para a aprovação de uma mudança na constituição, são necessários pelo menos 308 votos favoráveis. O deputado Amauri Teixeira (PT-BA) que acompanhava de perto a mobilização em plenário, já denunciava: “Há partidos grandes, alguns deles da própria base aliada do governo, que estão com poucos deputados em plenário”.
Na reunião dos líderes de bancadas, representantes dos partidos de oposição e da própria base aliada do governo explicaram porque não aprovariam a matéria. De acordo como líder o governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), os ruralistas reclamavam que a PEC não deixava claro o que é trabalho escravo e nem detalhava em quais circunstâncias se daria a expropriação.
O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), ainda tentou um acordo: os parlamentares aprovavam a PEC como estava, e ele conversaria com o presidente do Senado, José Sarney, para que a casa revisora aprovasse uma lei complementar detalhando os pontos de discórdia. Os ruralistas concordaram. O presidente anunciou a votação para o dia seguinte e deu início às negociações com o Senado. A mobilização social se dispersou.
Entretanto, na quarta (9), pela manhã, os ruralistas se reuniram e decidiram pelo rompimento do acordo. Em documento divulgado, eles criticavam não só os pontos levantados na reunião de líderes do dia anterior, como vários outros. Segundo eles, a PEC implicaria em insegurança jurídica, o que ocasionaria a fuga de investidores do país.
“Os argumentos são mentirosos. O conceito de trabalho escravo, por exemplo, já está tipificado no Código Penas e e muito bem difundido até no senso comum. Mas eles terão que acertar as contas com a história”, afirmou o presidente da Comissão dos Direitos Humanos da Câmara, deputado Domingos Dutra (PT-MA).
Ele criticou também a alegação dos ruralistas de que a expropriação poderia prejudicar, também, um proprietário que, porventura, arrendasse terras para alguém que compactuasse com prática do trabalho escravo. “Saber a quem arrenda um imóvel é dever do proprietário já previsto na Constituição”, rebateu.
À noite, o quórum era de 338 deputados em plenário. Porém, sem conseguir negociar com os ruralistas, o presidente da Casa fez as contas e, ciente de que não conseguiria aprovar a matéria, adiou a votação para 22 de maio.
Ferida aberta
Dados do relatório Conflitos no Campo Brasil 2011, divulgados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), na última segunda (7), já mostravam a dimensão atual do problema. Só em 2011, foram identificados 230 casos de ocorrência de trabalho escravo em 19 dos 27 estados do país, envolvendo 3.929 trabalhadores, inclusive 66 crianças. Destes, 2.095 foram de fato considerados em condições análogas à de escravidão, e libertados.
As ocorrências se deram, principalmente, nas atividades ligadas à pecuária (21%), ao corte de cana (19%), à construção civil (18%), a outras lavouras (14%), à produção de carvão (11%), ao desmatamento e reflorestamento (9%), à extração de minério (3%) e à indústria da confecção (3%).
“O trabalho escravo é um fenômeno majoritariamente rural, da fronteira agrícola, da invisibilidade, salvo as raras exceções em que ocorrem nas cidades, com a exploração de estrangeiros ilegais. O agronegócio brasileiro, que se diz pujante, moderno e altamente tecnológico, não precisa estar vinculado a esta prática. Por isso, acredito que a posição da bancada ruralista reflete mesmo é a questão ideológica da defesa intransigente da propriedade”, resumiu o ex-ministro dos Direitos humanos do governo Lula, Nilmário Miranda. 
*GilsonSampaio

Veja mete a mão em vespeiro e sai ferida

Ao rotular como insetos ou robôs internautas que criticam a publicação, revista da Abril é alvo de um protesto gigantesco no Twitter; arrogância distancia leitores e mostra despreparo para lidar com crises de imagem nas redes sociais
Foto: Edição/247
Não se espere de qualquer grande veículo de comunicação qualquer tipo de autocrítica. Todos eles têm sempre razão. Na história do jornalismo brasileiro, o único que reconheceu um erro de informação dando o mesmo destaque na primeira página foi o Correio Braziliense, quando comandado por Ricardo Noblat. Na época, a ousadia rendeu um Prêmio Esso ao jornal.
Veja vem sendo criticada há várias semanas por internautas do Brasil inteiro. Sofre aquilo que os especialistas definiriam como uma crise de imagem nas redes sociais. Algo que pode acontecer com qualquer empresa. Recentemente, por exemplo, ocorreu com a Claro e com seu garoto-propaganda Ronaldo, que não cumpriram uma promoção anunciada na Páscoa.
Em casos desse tipo, os consultores recomendam humildade, cautela e, sobretudo, diálogo com os internautas. Veja preferiu adotar o caminho oposto. Optou pela arrogância, pela prepotência e pelo desprezo pelos internautas. Numa reportagem deste fim de semana, rotulou como “insetos”, “robôs” ou “petralhas amestrados” os internautas que têm participado de seguidos tuitaços contra a publicação, desde que se evidenciou a proximidade entre a revista e o bicheiro Carlinhos Cachoeira.
O resultado foi devastador. Neste sábado, Veja liderou os trending topics durante praticamente todo o sábado. Começou ao meio-dia e ainda agora estava lá, seja com #VejaComMEDO, seja com #VejaTemMEDO. Muitos internautas alteraram até as fotos dos seus perfis e passaram a utilizar imagens de robôs ou insetos. Na grande maioria, são jovens, potenciais leitores de Veja, mas que vêm disseminando uma mensagem que ninguém consegue calar e que pode ser devastadora: a de que a maior revista do Brasil tinha algum tipo de associação com um esquema criminoso. Nesse tom, mais de 25 mil mensagens foram postadas no Twitter.
Corrosão de imagem
Num caso semelhante de crise de imagem, o magnata australiano Rupert Murdoch publicou anúncios em diversos jornais, pedindo desculpas pelo comportamento do tabloide News of the World, que se valia de grampos ilegais em suas reportagens. Assim, pôde preservar a credibilidade de sua publicação mais valiosa, que é o jornal americano The Wall Street Journal.
Veja, naturalmente, tem todo o direito de menosprezar as manifestações dos leitores, atribuindo-as à “manipulação criminosa”, como definiu o blogueiro Reinaldo Azevedo. Mas cupins, quando começam a roer uma madeira, raramente são percebidos. E, quando menos se espera, toda a estrutura desaba.
Num poema clássico, o pernambucano Ascenso Ferreira fala de uma “madeira que o cupim não rói”. Será Veja tão sólida para resistir ao ataque dos insetos, que começam a se transformar nos verdadeiros formadores de opinião?

Em evento, “Mães de Maio” cobra justiça e paz para as periferias

Ato pela vida e contra a impunidade lembra assassinatos de 2006

Neste sábado, dia 12, às 11h, na Praça da Paz Universal, em Santos (SP), o Movimento Mães de Maio reúne artistas e outros movimentos sociais para refletir e lembrar o assassinato de jovens em 2006, durante ação da polícia e de grupos de extermínio. Grupos e militantes do hip-hop como Versão Popular, Família Ducorre, Cientistas MC’s, Anexo Verbal, Guerreiroz do Capão, Yzalú e representantes do Sarau da Ademar, Sarau da Brasa, Elo da Corrente, Marginaliaria, Mesquiteiros, Suburbano Convicto, Perifatividade e Vila Fundão também marcarão presença.
Numa entrevista concedida ao CHH, a mãe Débora Maria e o militante Danilo Dara, ambos do Mães de Maio, falam sobre os seis anos de luta do movimento, entre outros assuntos. Leia abaixo.
CHH: O Movimento Mães de Maio nasceu como reação aos Crimes de Maio de 2006, um ataque aos jovens das periferias de São Paulo realizado por policiais e grupos de extermínio. O Mães de Maio sofreu algum tipo de represália nos primeiros anos de resistência?
Movimento Mães de Maio: Em primeiro lugar obrigado pelo espaço. O movimento Mães de Maio é uma rede de Mães, Familiares e Amigas de vítimas do estado brasileiro, como já dito por vocês. Uma Rede surgida aqui na Baixada Santista, em São Paulo, logo após a trágica matança policial de Maio de 2006. Para se ter uma ideia, naquele mês, em apenas 8 dias agentes policiais e grupos de extermínio ligados ao estado mataram mais de 500 pessoas em São Paulo, mais do que os 20 anos de ditadura civil-militar assassinou no país inteiro nas fileiras dos resistentes a ela. Naqueles dias eles intensificaram brutalmente uma prática assassina que, no entanto, eles seguem fazendo todos os dias do ano, até os dias de hoje.
Vocês perguntam se nós sofremos algum tipo de represália “nos primeiros anos de resistência”. E dizemos que, desde os primeiros momentos e até hoje sofremos uma série de pressões e represálias. Desde o racismo e as humilhações em todo tipo de repartição pública que passamos a frequentar (hospitais, IML, Delegacias, Tribunais e demais órgãos do estado), muitas vezes tratados como familiares de “bandidos” e “vagabundos”; o silêncio e o descaso da grande imprensa e dos chamados “formadores de opinião”, a maioria dos quais ainda hoje se fazendo de surdos e mudos sobre o quê aconteceu; os “conselhos” de que esta luta “não pode dar em nada”, que é “melhor largar isso de lado”…; além das ameaças mais abertas que recebemos até os dias de hoje.
Nesse meio-tempo, duas de nossas Mães tiveram flagrantes forjados e prisões realizadas, obviamente em retaliação ao seu levante por Justiça. Foi o caso da Vera, mãe da grávida Ana Paula (assassinada aos 9 meses de gestação, junto a sua bebê Bianca, prestes a nascer em Maio de 2006), Vera que ficou presa por mais de 2 anos, saindo arrebentada psicologicamente da prisão. Foi o caso também da Nalva, que felizmente nós conseguimos reverter e provar sua inocência, desrespeitada pela farsa de uma montagem. Nada derruba a nossa luta por Verdade, Justiça e Liberdade!


CHH: Como analisam estes seis anos de luta?
Movimento Mães de Maio: Tem sido 6 anos muito difíceis. Muito mais dores, problemas e desafios do que vitórias efetivas. A sensação que temos é de que, para se dar um pequeno passo concreto, é preciso mover montanhas inteiras, num esforço cotidiano sem tamanho.Para se ter uma ideia, até hoje, apesar de tudo que já conseguimos comprovar sobre a matança de Maio de 2006 contra centenas de jovens pobres e negros, ainda assim muita gente não conhece a verdadeira história, a imensa maioria dos processos segue arquivada, nenhum responsável direto ou indireto devidamente julgado e punido. Também muito pouco se caminhou na Federalização das Investigações dos Crimes de Maio, algo que cobramos desde 2006 do Governo Federal.
Também temos lutado muito, no cotidiano, pelo fim dos registros de “resistência seguida de morte” (em SP), de “auto de resistência” (no RJ) e demais brechas similares no Brasil inteiro, algo que acreditamos ter se tornado na prática uma verdadeira “licença para matar” dada a policiais do Brasil inteiro. Hoje o país é campeão mundial em número de homicídios por ano – cerca de 48.000 mortes desta maneira, além e ser o 4º país com mais pessoas presas no mundo, mais de 500.000, em sua grande maioria jovens e primários presos por pequenos delitos. Contra esses massacres é que seguimos lutando cotidianamente, apesar de todas as dificuldades!
CHH: Quais foram as respostas ou propostas dadas pelo Estado? A impunidade continua?
Movimento Mães de Maio: O Estado não tem nos dado praticamente nenhuma resposta concreta. O máximo que conseguimos foi o ganho parcial, em primeira instância, da ação movida no caso de Edson Rogério da Silva, levada adiante junto à Defensoria de São Paulo, na qual conseguimos um Acórdão do TJ de São Paulo responsabilizando o Estado como um todo por aquela série de mortes violentas de Maio de 2006. Esta “vitória” jurídica num caso individual, porém, além de conter absurdos revoltantes – como a estipulação de uma indenização mensal de mísero 1/3 de salário mínimo (!), cerca de R$ 207,00, pra dar conta do sustento da família da vítima, nós temos plena certeza de que não basta. Queremos Verdade, Justiça e Reparação pra todos os casos de Maio de 2006, e uma mudança radical nas políticas de (in)segurança pública. Queremos, na real, uma transformação profunda nesta sociedade militarizada movida pelo dinheiro, pelo poder e por interesses que tem levado práticas contínuas de genocídio da população pobre e negra. Na falta dos direitos mais básicos das pessoas (moradia, saúde, educação, transporte); nas torturas cotidianas cometidas por agentes repressores; no aprisionamento em massa, em especial de nossa juventude; nas execuções sumárias.
CHH: A mídia continua omissa em relação aos casos de violência na periferia?
Movimento Mães de Maio: De forma geral a grande mídia comercial continua bastante omissa em relação à violência na periferia. No meio da euforia toda do “crescimento do país”, futebol, Olimpíadas e Copa do Mundo, quando a questão da violência na periferia aparece, ela vem ou nas notas de roda-pé dos jornais, ou na forma do “programa do Datena”: pedindo mais violência contra a periferia. Ou seja: para parte da grande imprensa nós somos um detalhe pontual, insignificante; pra outra parte nós somos a encarnação do mal, sobre a qual a polícia deve “descer mais a porrada”, prender e violentar ainda mais.
Felizmente, porém, temos encontrado cada vez mais um número significativo de jornalistas – não apenas nos jornais independentes ou progressistas – mais sérios e comprometidos com a verdade, que tem buscado denunciar os abusos e as violências, principalmente do Estado, contra a população periférica. Esses têm buscado apurar, tem cobrado explicações das autoridades e do poder público, e tem cumprido um papel fundamental para a boa informação da sociedade, e pro fortalecimento de nossa luta.
CHH: Como é a organização do Movimento Mães de Maio? Vocês possuem sede? Como articulam e divulgam as lutas nas redes sociais?
Movimento Mães de Maio: Nós funcionamos como uma Rede de Solidariedade cotidiana, muito inspirada na Rede de Comunidades e Movimentos Contra Violência, nossa família no Rio de Janeiro. Não temos sede, e nos organizamos a partir da luta concreta, com reuniões periódicas, e uma rede de acolhimento, solidariedade, de núncia e proteção cada vez mais forte, com a participação de centenas de pessoas e entidades aliadas. Felizmente, sob este ponto de vista, temos conseguido dar cada vez mais passos na ampliação e fortalecimento dessa rede de denúncia, solidariedade efetiva e proteção a todos nossos militantes. Uma Rede que envolve aliados de todos os cantos que vocês podem imaginar, do Centro e, sobretudo, da Periferia. Um dos bons desdobramentos recentes tem sido nossa participação na construção da Rede 02 de Outubro – pelo fim dos massacres, que trata da questão carcerária aqui em SP – em razão dos 20 anos do Massacre do Carandiru; o Comitê contra o Genocídio da População Negra, também aqui em São Paulo. E a Rede Nacional de Familiares e Amig@s de Vítimas do Estado Brasileiro, que estamos buscando consolidar até aqui junto aos estados do RJ, MG, BA, ES e PA.
Sobre a articulação e divulgação nas Redes Sociais, nos revezamos pra dar conta das várias tarefas nessa área. Achamos que pode ser uma ferramenta importante de denúncia, troca de informações e mobilização. Mas a diferença sempre esteve e sempre estará nas Ruas mesmo, nas Comunidades, na Luta Diária.
CHH: A juventude negra e periférica ainda é a maior vítima de abusos por parte da polícia e de grupos de extermínio. O que mais dificulta a ação do Movimento Mães de Maio em relação ao trabalho junto aos jovens?
Movimento Mães de Maio: Acreditamos que um dos principais problemas enfrentado no diálogo com jovens atualmente é a desinformação, a cultura do consumo e do individualismo. E não culpamos necessariamente os jovens, embora não passamos a mão na cabeça de ninguém. A molecada deveria entender que ao não zelar por se educar e se informar de maneira independente; ao ficar reproduzindo a cultura do consumismo e do dinheiro, atrás do último celular e do último tênis; e ao ficar cada um correndo apenas pelo seu, sem olhar pro lado na comunidade, sem participar de qualquer organização coletiva, no bairro, na escola ou no trabalho, ao reproduzir tudo isso, estamos fazendo exatamente o quê o sistema quer que a gente faça, pras coisas continuarem assim, de mal a pior.
Então, sem uma atitude diferente, depois não adianta reclamar da vida, reclamar que a situação está difícil ou, no pior dos cenários, se lamentar quando a violência do estado bater de forma amis pesada na sua porta. Literalmente. Pra prender ou matar algum amigo ou familiar seu. Por que esperar isso acontecer, se todos nós vemos e convivemos com várias situações como estas cotidianamente?! Quando vamos nos levantar, no Brasil e dizer basta a esta situação, reivindicando e construindo coletivamente aquilo que é nosso por direito e dever?! Quando lutaremos mais juntos por uma sociedade verdadeiramente Justa e Livre?!
CHH: A classe artística tem apoiado o trabalho do Movimento Mães de Maio?
Movimento Mães de Maio: Manos e manas da Central Hip-Hop, quando vocês falam assim “classe artística”, vocês estão se referindo a o quê?! Porque geralmente quando falam esse nome pomposo aí se referem aos grandes artistas da indústria cultural, e desses até hoje nós temos muito pouco apoio. Infelizmente são raros entre eles que se sensibilizam. A maioria só tá preocupada com a gozolândia mesmo.
Agora se por “classe artística” vocês se referem a músicos populares, rappers, poetas periféricos, trabalhadores da cultura, que é a classe artística que realmente nos interessa porque é igual a gente, faz parte do mesmo contexto: aí sim temos construído uma solidariedade cada vez amis forte e efetiva. É o caso, por exemplo, da Rede de Saraus Periféricos que existe hoje em São Paulo, originada com a Cooperifa há mais de 10 anos, e que hoje conta com dezenas de saraus que, via de regra, trincam com a gente e a gente também busca trincar com eles: Sarau da Ademar, da Adelpha, do Binho, da Brasa, da Casa, da Cooperifa mesmo, Elemento, Literarua, Marginaliaria, Mesquiteiros, da Ocupação da São João, Perifatividade, Praçarau, Recanto Cocaia, Suburbano Convicto, Vila Fundão, e tantos mais que trincam com a gente… É o caso de vários grupos de teatro e cultura, como a Trupe Olho da Rua, a Zagaia, a Cia. Kiwi, o Folias, a São Jorge, e tantas mais. Vários grupos de rap sempre somam também da maneira que podem, como o Versão Popular, Cientistas MC’s, NSN, Du Guetto, QI Alforria, Fantasmas Vermelhos, Família Ducorre, Yzalú, Anexo Verbal, Guerreiroz do Capão, D’GranStilo, DiQuintal, A Família, GOG, Dexter, a família Racionais MC’s e tantos mais. Bebemos da fonte dos mais velhos também, e figuras como Milton Sales e King Nino Brown são grandes referências pra nós.
Duas das coisas que mais nos emocionam são quando vemos esse intercâmbio se concretizando na forma de obras de arte, como a participação de vários poetas em nossos livros. Ou quando vemos essa corrente toda se transformando em música, como no rap “Jardim sem Flores”, do Anexo Verbal, e numa futura música surpresa da guerrêra Yzalú.
CHH: Como o movimento lida com a dura realidade dos jovens no tráfico? Existe alguma saída?
Movimento Mães de Maio: A gente sempre diz que não tem nada a ver com o tráfico, nossa caminhada de Familiares e Amigas de vítimas do Estado é na luta autônoma pela Memória e pela Verdade sobre a história de nossos meninos, por Justiça e Reparação relacionada à violência do Estado contra eles, e por uma sociedade verdadeiramente Livre. No fundo, a gente luta mesmo é pra VIVER EM PAZ! “Eu só quero é ser feliz…”. Viver tranquila e dignamente. A gente não passa a mão na cabeça de ninguém, e apontamos no cotidiano uma forma que acreditamos muito de se viver, que é buscar se organizar, estudar, se formar, e construir coletivamente espaços e formas autônomas de se viver – e de melhor resistir contra as opressões do sistema capitalista que nos massacra no dia-dia, de diversas formas.
O esquema está armado, há muito tempo, pra tratar as pessoas em duas categorias antagônicas de ser humano: antes eram os “homens livres” e os “escravos”, agora são os “cidadãos” e os “favelados”, como disse recentemente um comandante de UPP no Rio de Janeiro pra uma parcêra nossa da Rede Contra Violência: você quer se tratado como cidadão ou como favelado?”. E se o cara é nascido e criado na favela, ele é “suspeito” por natureza de classe e pela cor da pele, e o sistema está inteirinho armado pra engoli-lo em poucos anos.
Nossa cara é se organizar pra transformar coletivamente e pela raiz a sociedade como um todo, porque já vimos que se continuar cada um tentando correr por si só, pensando apenas no seu, as estruturas de dinheiro, poder e armas que as elites têm continuarão a nos massacrar. A gente precisava entender melhor quem está nos explorando e de fato nos oprimindo, e com quem a gente precisava se organizar, de igual pra igual, pra transformar a sociedade como um todo. Ou encontramos juntos este caminho certo, nós por nós; ou nossa juventude não terá qualquer futuro. Contra esta falta de horizonte é que o movimento Mães de Maio busca se levantar

http://centralhiphop.uol.com.br/novochh/arquivo/9011
*GrupoBeatrice

Bomba: Cachoeira ligado à fabulosa doadora de R$ 8,25 milhões ao PSDB Nacional

#VejaTemMedo
                                Em primeira-mão no Blog Os Amigos do Presidente Lula em 04/02/2012 às 20:08                                 
Isso não sai no Jornal Nacional, nem na revista Veja:
Do Relatório da PF da Operação Monte Carlo

Um diálogo entre dois altos membros da organização de Carlinhos Cachoeira mostra que ele teve negócios em parceria com o grupo empresarial de JC Gontijo.

A empresa é de José Celso Valadares Gontijo, que apareceu gravado no mensalão do DEM entregando pacotes de dinheiro (vídeo abaixo).

Ele é marido de Ana Maria Baeta Valadares Gontijo, ...
a pessoa física que fez a maior doação de campanha do Brasil nas eleições de 2010: 

R$ 8,25 milhões. 


Tudo exclusivamente para a Direção Nacional do PSDB.

(necessário informar o nome da milionária no formulário)

O que o tucano José Serra (que foi candidato a presidente), e o deputado Sérgio Guerra, presidente do partido, tem a dizer?

A CPI do Cachoeira precisa verificar qual foi esse negócio com a JC Gontijo e seguir o rastro do dinheiro.
*Amoralnato

Fidel Castro destaca derrota nazifascista e desfile russo


resistenciacoral | A Segunda Guerra e a derrota do nazifascismo!
Vitória da Humanidade

(Prensa Latina) O líder da Revolução Cubana, Fidel Castro, destacou em sua mais recente reflexão a derrota do nazifascismo em seu aniversário de 67 anos e o desfile militar realizado na Rússia para celebrá-la.

  Fidel Castro qualificou de "colossal façanha" a vitória sobre a Alemanha nazista em maio de 1945, quando a então União Soviética protagonizou a Grande Guerra Pátria, fundamental para a derrota das tropas de Adolf Hitler.

"Ficava algo sem dúvida intocável e inalterável: o hino sob cujas inesquecíveis notas milhões de homens e mulheres desafiaram a morte e aplastaram os invasores que quiseram impor mil anos de nazismo e holocausto a toda a humanidade", escreveu.

Para o líder cubano, este aniversário da vitória não podia ser compreendido sob o signo de uma bandeira e um nome diferentes do que presidiu o heroísmo dos combatentes da Grande Guerra Pátria, que frearam o fascismo que em 1939 tinha desatado a II Guerra Mundial, com um saldo de dezenas de milhões de mortos.

Fidel Castro também destacou em suas reflexões a parada militar que em Moscou ocorreu no dia 9 de maio para comemorar a derrota nazista.

"Com essas ideias na mente, desfrutei as horas que dediquei ao desfile mais organizado e marcial que nunca pude imaginar, protagonizado por homens formados nas universidades militares russas", apontou.

Para o líder da Revolução Cubana, a técnica militar exibida em Moscou no dia 9 de maio, mostra a impressionante capacidade da Federação Russa para oferecer resposta adequada e variável aos mais sofisticados meios convencionais e nucleares do imperialismo.

A propósito do atual cenário mundial, advertiu "Que rápido são esquecidos os valores das lições da história".

"Os ianques e os exércitos sanguinários da OTAN seguramente não podiam imaginar que os crimes cometidos no Afeganistão, Iraque e Líbia; os ataques ao Paquistão e à Síria; as ameaças contra o Irã e outros países do Oriente Médio; as bases militares na América Latina, África e Ásia; poderiam ser realizados com absoluta impunidade, sem que o mundo tomasse consciência da insólita e absurda ameaça", afirmou.
*Cappacete

Italia: Indignados protestan



Itália: Se disparan los suicidios en Italia por crisis económica

Fantasma de suicidios en el panorama político italiano
Se disparan los suicidios en Italia por crisis económica
Se disparan los suicidios en Italia por crisis económica
Los suicidios ligados a la crisis que como una epidemia diezman a Italia llegaron con su onda expansiva a las altas esferas de la política y provocaron un pronunciamiento del primer ministro, Mario Monti.
Al referirse a la canciller alemana, Ángela Merkel, el profesor tecnócrata aseguró que las consecuencias humanas del tsunami global tendrían que hacer reflexionar a quien ha llevado la economía al estado actual y no a quien está intentando sacarla.
Monti insistió en la necesidad de tener en cuenta el aumento del número de suicidios vinculados con la debacle de la economía por parte de los responsables de la situación y no de quienes mediante reformas y ajustes intentan salir de ella.
En momentos en que se exigen grandes sacrificios a la ciudadanía para sanear las cuentas públicas, el gobernante intervino en un congreso en Roma al que asistió el comisario europeo de Asuntos Económicos y Monetarios, Olli Rehn.
Abiertamente, Monti abogó porque sus “interlocutores alemanes adopten una nueva actitud hacia las inversiones públicas para relanzar la capacidad productiva en Europa”.
Decreto salva-Italia
El llamado a la cordura ante la ola de autoexterminios relacionados con la crisis, contrasta con un paquete de medidas neoliberales presentado en fecha reciente, al que el propio Monti denominó “decreto salva-Italia”.
Prevé ese plan recortar 30 mil millones de euros del gasto público e invertir solo 10 mil para incentivar el crecimiento de la tercera economía de la Unión Europea.
Implica, asimismo, la reinstauración del impuesto sobre la vivienda que había anulado Silvio Berlusconi, incrementar la edad de jubilación hasta 66 años para los hombres y a 62 para las mujeres, y añadir dos puntos al impuesto sobre el valor agregado y llevarlo hasta el 23 por ciento.
Con el argumento de luchar contra la evasión fiscal, el pago en efectivo se reduce a mil euros, de acuerdo con las declaraciones de Monti ante la prensa.
Desde el punto de vista laboral, el proyecto afecta a casi el 9,3 por ciento de la población activa, equivalente a dos millones 354 mil personas que engrosan las filas del paro, de acuerdo con el Instituto de Estadísticas.
Los sindicatos precisaron que el costo de ese plan para cada familia de los 25 millones de italianos será de 625 euros, y advirtieron que batallarán con todas sus fuerzas para minimizar los perjuicios del ajuste neoliberal de Monti.
Es inadmisible, el gobierno no ha calculado el impacto social de estas medidas. Ha elaborado este plan únicamente sobre la base de principios académicos y teóricos, no ha previsto lo que implicará en la vida de los italianos, sostuvo Raffaele Bonanni, citado por Radio Radicale.
Un político deprimido
El reciente suicidio del consejero regional y municipal de Bolonia, Mauricio Cevenini, provocó que el ex primer ministro Máximo D’ Alema, del centro izquierdista Partido Democrático (PD), calificara la desgracia de su correligionario como una tragedia.
Tras lanzarse al vacío desde el edificio de la asamblea legislativa local, Cevenini, de 58 años de edad, pasó a engrosar la estadística de auto destrucciones que diariamente se amplía en Italia en medio de la crisis, según el diario Correo de Bolonia.
Varios de sus colaboradores testificaron que el exconsejero, al que se veía deprimido en los últimos tiempos, dejó varios mensajes escritos en los que invocaba ayuda para su familia.
Como la peste que diezmó a Florencia en los tiempos de Giovanni Bocaccio (Los cuentos del Decamerón, 1351), una epidemia de autoexterminios ligados a la crisis económica impone hoy el luto y la conmoción social en la península del sur europeo.
Una persona se suicida como promedio cada día en Italia debido a la crisis, de acuerdo con un reporte publicado recientemente por la organización Eures.
Son la falta de empleo y la carencia de perspectivas económicas las principales causas de esta lamentable decisión, enfatiza el documento titulado El suicidio en Italia en tiempos de la crisis.
Al caracterizar la personalidad de las víctimas estudiadas, Eures menciona entre los de mayor riesgo a los desempleados, los pequeños empresarios y los trabajadores por cuenta propia.
Los autores del informe precisaron que las personas bajo mayor riesgo son las de 45 a 64 años de edad, después que pierden el empleo o se sienten “asfixiados” por las deudas.
Si en el trienio precedente al inicio de la crisis los casos reportados fueron como promedio 270, en el 2009 se incrementaron hasta 357, y la tendencia creciente entre los desempleados se mantuvo en el 2010 con 362 nuevas muertes.
Las estadísticas muestran que en el 2010 se registraron 192 víctimas entre los trabajadores por cuenta propia (artesanos y comerciantes) y 144 entre empresarios y profesionales independientes, de los cuales el 90 por ciento pertenecían al sexo masculino.
En la investigación, los autores precisan en tres mil 48 el total de suicidios en Italia en el 2010, cifra que representa un crecimiento del 2,1 con respecto al 2009.
La tendencia continúa cuesta arriba, con la correspondiente reacción de los sindicatos, asociaciones empresariales y organizaciones no gubernamentales como las llamadas “viudas blancas”, quienes protestan públicamente para movilizar a la opinión pública.
A esos llamados se sumaron varias fuerzas políticas y el líder del PD, Pierluigi Versani, quien calificó la muerte de Cevenini como “un duro golpe” para el partido, según Correo de Bolonia.
Cual paliativo, en Asollo Montebelluna, la confederación de artesanos de la localidad creó un grupo de apoyo telefónico, que recibe llamadas de las potenciales víctimas durante las 24 horas.
En declaraciones al diario La República, el sociólogo Giuseppe Bettini declaró que la mayor parte de los suicidas son pequeños industriales para quienes la empresa es una extensión de la propia familia.
Muchos comenzaron como obreros para después independizarse y, a las preocupaciones económicas, añaden la vergüenza, porque ven en la quiebra de su negocio el fin del mundo para el núcleo familiar.
Respecto al caso del político Cevenini, el Correo de Bolonia recordaba la protesta que protagonizaron en esa ciudad hace apenas unos días cientos de familiares y allegados de víctimas de suicidios vinculados a la crisis económica.
Las autodenominadas “viudas blancas” decidieron hacer público de manera masiva su dolor en una manifestación para pedir al gobierno que actúe y detenga la ola de autoexterminios, que a diferencia de los tiempos de Bocaccio, no permite enclaustrarse para ponerse a buen recaudo.
(Con información de Prensa Latina)
*GilsonSampaio