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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 23, 2012

Petróleo do Brasil: China e Pré-sal

Dada a demanda voraz de energia, a China adicionou o Brasil entres os seus principal parceiros no âmbito petrolíferos, provocando uma rápida expansão dos seus negócios no País sul-americano.

Coisa que é vista por alguns como um factor de dinamismo e por outros como um risco para a futura auto-suficiência .

A China foi o grande investidor petrolífero do Brasil nos últimos três anos através de empresas quais a China Petrochemical Corporation (Sinopec) e a Sinochem Corporation (Sinochem), como afirmado pelo Adriano Pires.

Durante este período, investiu cerca de 15.000 milhões de Dólares, principalmente na compra de activos de empresas que já operam no Brasil nas áreas da exploração e da produção de petróleo, principalmente no fundo do mar, onde o País tem as maiores reservas.

Diz Pires, director do Centro Brasileiro de Infra-estrutura (CBIE):
É uma estratégia da China para garantir as reservas de petróleo para o próprio abastecimento, o mesmo acontece em outros Países latino-americanos como Argentina e Venezuela, e em outras regiões, como a  África.
A Agência Brasileira de Promoção de Exportação informa que a China pretende aumentar em 60 por cento as reservas estratégica de petróleo, não importa donde o precioso líquido chegar.

No Brasil, a aposta começou em 2010 com a aquisição por parte da Sinochem de 40 por cento das acções da empresa norueguesa Statoil no campo de Peregrino, em Santos; uma operação de 3.100 milhões de Dólares.

No mesmo ano, a Sinopec investiu 7.100 milhões de Dólares para 40 por cento da subsidiária brasileira da multinacional espanhola Repsol.

Enquanto isso, no passado Março, adquiriu por 4800 milhões 30 por cento da Petrogal Brasil, a filial da empresa portuguesa que é responsável pela exploração e produção de petróleo da Galp Energia.

O capital chinês também está associado à Petrobras, controlada pelo Estado no Pará e no Maranhão, e à anglo-francesa Perenco, na zona de Espírito Santos.

Pires acrescenta que as empresas chinesas também estão interessadas ​​em comprar acções da OGX, uma empresa de petróleo do bilionário brasileiro Eike Batista, que já tem negócios significativos com os chineses nos sectores da mineração e da siderurgia.

O director da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Económico, Tang Wei:
O Brasil é uma fonte deste recurso estratégico para a China, para o crescimento sustentável, mas também estamos muito interessados no mercado brasileiro.
Um interesse que, de acordo com Pires, tem a ver com a necessidade crescente de China para assegurar o consumo de combustível entre a sua crescente classe média.

O especialista lembra que o gigante asiático, com 13 milhões de barris por dia, agora é o segundo maior consumidor de petróleo depois dos Estados Unidos, que utiliza entre 18 e 20 milhões de barris por dia. Estima-se que em poucos anos, essa relação ficará invertida.

Dados da CBIE indicam que a China é o segundo maior importador de petróleo brasileiro, depois dos Estados Unidos, mas também aqui a tendência prevê uma troca das posições.

A Secretária do Comercio Exterior do Ministério de Desenvolvimento, Industria e Comercio do Brasil informa que as exportações de petróleo para a China aumentaram de 1,6 milhões de barris em 2001 para 50,6 milhões em 2011.

Mas a China vai ainda mais longe, e as expectativas estão agora concentradas nos recentes depósitos descobertos sob a camadas de sal do oceano Atlântico, mais de 7.000 quilómetros abaixo da superfície e perto da costa brasileira.

Os 55.000 milhões de barris previstos colocariam o Brasil no grupo dos grandes exportadores de petróleo.

Comenta Pires:
A China não tem experiência no âmbito da exploração offshore, pelo que deixa isso nas mãos da Petrobras e da Repsol
A estratégia de Pequim ficou evidente em 2009, quando o China Development Bank fechou um acordo com o então governo de Luiz Inácio Lula da Silva sobre um empréstimo de 10.000 milhões para a Petrobras em troca de exportações de petróleo para Sinopec; exportações originariamente de 150.000 barris por dia, depois aumentada até 200.000.

Enquanto isso, os empresários brasileiros vêem a actividade chinesa como positiva, porque move o mercado.

A China também ficou associada com empresas brasileiras nos sectores da refinação e da distribuição de combustível, da produção de equipamentos para a exploração do petróleo e da sua extracção.

Conclui Pires:
Não há riscos. O Brasil está interessado porque isso traz dinheiro. É um bom negócio
Em vez disso, o presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPET), Silvio Sinedino, teme que a necessidade insaciável da China leve a um rápido esgotamento dos recursos fósseis.

A AEPET, que defende um retorno ao monopólio da Petrobras, acredita que o Brasil não deve ser um exportador de petróleo, mas antes garantir a auto-suficiência e que a exportação "deve ser marginal":
Países como a China e os EUA têm muita necessidade de petróleo. Com uma demanda crescente assim, as nossas reservas pré-sal ficariam esgotadas em 15 ou 20 anos quando poderiam manter-se ao longo de  30 anos pelo menos.
Não podemos transformar-nos num exportador de petróleo para o Oriente. Devemos usar o que precisamos e vender tanto quanto possível, defender o nosso património nacional.
A este respeito, Sinedino AEPET vê "com simpatia" a expropriação da Repsol YPF por parte do governo argentino:
O petróleo não é uma mercadoria qualquer. Tem um elevado valor geopolítico.
O interesse da China para o Brasil se reflecte em outros sectores-chave também: soja e ferro, por exemplo. Actualmente é maior parceiro comercial do Brasil.


Fonte: Rebelion 
*InformaçãoIncorrecta

Réus do mensalão pedem julgamento sem faca no pescoço 


 


ADVOGADOS DA DEFESA ENVIARAM UM DOCUMENTO ANEXADO AO PROCESSO PARA CADA UM DOS INTEGRANTES DO STF POR ESTAREM "PREOCUPADOS COM A INAUDITA ONDA DE PRESSÕES DEFLAGRADAS CONTRA A MAIS ALTA CORTE BRASILEIRA"

247 – Um documento assinado por dez advogados de réus do processo do mensalão pede a todos os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que não julguem o caso "com a faca no pescoço". Em 2007, o ministro Ricardo Lewandowski reclamou de suposta interferência da imprensa no resultado do julgamento, o que teria acuado a corte e levado "todo mundo" a votar "com a faca no pescoço".
Leia na reportagem de Felipe Seligman, da Folha:

Documento anexado ao processo do mensalão e assinado por dez advogados de réus da ação pede a todos os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) que não julguem o caso "com a faca no pescoço".
"Embora nós saibamos disso, é preciso dar mostras a todos de que o Supremo Tribunal Federal não se curva a pressões e não decide 'com a faca no pescoço'", diz o texto da petição.
A expressão "faca no pescoço" envolve grande simbolismo no julgamento.
*Ajusticeiradeesquerda 

É assim que Alckmin e os tucanos tratam seus eleitores


*comtextolivre

Alckmin destila ódio contra grevistas


Por Altamiro Borges
A greve dos metroviários paulistas confirma a força estratégica desta reduzida categoria, com 8,6 mil trabalhadores. Ela paralisou totalmente o maior centro urbano do país. Diante do seu êxito, o governador Geraldo Alckmin revelou, mais uma vez, toda a sua truculência. Desconhecendo a massiva adesão ao protesto, o tucano acusou os grevistas de “irresponsáveis” e disse, cinicamente, que a paralisação “é um movimento político-partidário de um grupelho radical”.

Charge do Dia


Carta Aberta aos Jornalistas

Sobre abusos de programas policialescos na Bahia
"O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha."
(Gregório de Mattos e Guerra)
Ao governador do Estado da Bahia, Jaques Wagner.
À Secretaria da Segurança Pública do Estado da Bahia.
Ao Ministério Público do Estado da Bahia.
À Defensoria Pública do Estado da Bahia.
À Sociedade Baiana.
A reportagem "Chororô na delegacia: acusado de estupro alega inocência", produzida pelo programa "Brasil Urgente Bahia" e reprisada nacionalmente na emissora Band, provoca a indignação dos jornalistas abaixo-assinados e motiva questionamentos sobre a conivência do Estado com repórteres antiéticos, que têm livre acesso a delegacias para violentar os direitos individuais dos presos, quando não transmitem (com truculência e sensacionalismo) as ações policiais em bairros populares da região metropolitana de Salvador.
A reportagem de Mirella Cunha, no interior da 12ª Delegacia de Itapoã, e os comentários do apresentador Uziel Bueno, no estúdio da Band, afrontam o artigo 5º da Constituição Federal: "É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral". E não faz mal reafirmar que a República Federativa do Brasil tem entre seus fundamentos "a dignidade da pessoa humana". Apesar do clima de barbárie num conjunto apodrecido de programas policialescos, na Bahia e no Brasil, os direitos constitucionais são aplicáveis, inclusive aos suspeitos de crimes tipificados pelo Código Penal.
Sob a custódia do Estado, acusados de crimes são jogados à sanha de jornalistas ou pseudojornalistas de microfone à mão, em escandalosa parceria com agentes policiais, que permitem interrogatórios ilegais e autoritários, como o de que foi vítima o acusado de estupro Paulo Sérgio, escarnecido por não saber o que é um exame de próstata, o que deveria envergonhar mais profundamente o Estado e a própria mídia, as peças essenciais para a educação do povo brasileiro.
Deve-se lembrar também que pelo artigo 6º do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, "é dever do jornalista: opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão, bem como defender os princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos". O direito à liberdade de expressão não se sobrepõe ao direito que qualquer cidadão tem de não ser execrado na TV, ainda que seja suspeito de ter cometido um crime.
O jornalista não pode submeter o entrevistado à humilhação pública, sob a justificativa de que o público aprecia esse tipo de espetáculo ou de que o crime supostamente cometido pelo preso o faça merecedor de enxovalhos. O preso tem direito também de querer falar com jornalistas, se esta for sua vontade. Cabe apenas ao jornalista inquirir. Não cabem pré-julgamentos, chacotas e ostentação lamentável de um suposto saber superior, nem acusações feitas aos gritos.
É importante ressaltar que a responsabilidade dos abusos não é apenas dos repórteres, mas também dos produtores do programa, da direção da emissora e de seus anunciantes - e nesta última categoria se encontra o governo do Estado que, desta maneira, se torna patrocinador das arbitrariedades praticadas nestes programas. O governo do Estado precisa se manifestar para pôr fim às arbitrariedades; e punir seus agentes que não respeitam a integridade dos presos.
Pedimos ainda uma ação do Ministério Público da Bahia, que fez diversos Termos de Ajustamento de Conduta para diminuir as arbitrariedades dos programas popularescos, mas, hoje, silencia sobre os constantes abusos cometidos contra presos e moradores das periferias da capital baiana.
Há uma evidente vinculação entre esses programas e o campo político, com muitos dos apresentadores buscando, posteriormente, uma carreira pública, sendo portanto uma ferramenta de exploração popular com claros fins político-eleitorais.
Cabe, por fim, à Defensoria Pública, acompanhar de perto o caso de Paulo Sérgio, previamente julgado por parcela da mídia como "estuprador", e certificar-se da sua integridade física. A integridade moral já está arranhada.
Salvador, 22 de maio de 2012.
Em ordem alfabética:
Alana Fraga
Alexandre Lyrio
Altino Machado
André Uzêda
Ana Paula Ramos
André Julião
André Setaro
Breno Fernandes
Camila Soares Gaio
Carolina Garcia
Ceci Alves
Claudio Leal
Débora Alcântara
Eduardo Neco
Elen Vila Nova
Eliano Jorge
Emanuella Sombra
Felipe Amorim
Felipe Mortimer Gomes Carneiro
Flávio Costa
Franciel Cruz
Gabriel Carvalho
Gonçalo Jr.
Helena Palmquist
Herbem Gramacho
Jane Fernandes
João Paulo Oliveira
João Pedro Pitombo
Josélia Aguiar
Juliana Brito
Larissa Oliveira
Leda Beck
Luana Rocha
Lunaé Parracho
Marcelo Brandão
Márcio Orsolini
Marcos Diego Nogueira
Maria Olivia Soares
Mariana Rios
Marlon Marcos
Natália Martino
Nelson Barros Neto
Paulo Sales
Pedro Caribé
Pedro Marcondes de Moura
Rachel Costa
Rita Dantas
Roberto Martins
Rodrigo Cardoso
Rodrigo Meneses
Rodrigo Minêu
Rodrigo Rangel
Rodrigo Sombra
Saymon Nascimento
Thaís Naldoni
Thiago Ferreira
Valmar Hupsel Filho
Vânia Medeiros
Vitor Hugo Soares
Vitor Pamplona
Zoraide Vilasboas
*comtextolivre

Comissão nega anistia ao Cabo Anselmo

 

Por decisão unânime da Comissão de Anistia, José Anselmo dos Santos, constará nas páginas da história do Brasil como um agente infiltrado que contribuiu para a prisão, tortura e morte de mais de uma centena de militantes contrários à ditadura, entre eles sua companheira, a paraguaia Soledad Barret Viedma , grávida de sete meses de um filho dele. E não como um anistiado político, digno do perdão do Estado brasileiro e merecedor de reparação da ordem de R$ 100 mil, como ele requer, desde 2003.

Brasília - Por decisão unânime da Comissão de Anistia, proferida na noite desta terça (22), José Anselmo dos Santos, o Cabo Anselmo, constará nas páginas da história do Brasil como um agente infiltrado que contribuiu para a prisão, tortura e morte de mais de uma centena de militantes contrários à ditadura militar, entre eles sua companheira, a paraguaia Soledad Barret Viedma , grávida de sete meses de um filho dele. E não como um anistiado político, digno do pedido de perdão do Estado brasileiro e merecedor de reparação financeira da ordem de R$ 100 mil, como ele requer, desde 2003.

A Comissão da Anistia negou provimento ao seu pleito, no mais emblemático julgamento já realizado nos seus dez anos de trabalho. Em parecer histórico, o relator do processo, o ex-ministro dos Direitos Humanos Nilmário Miranda, destacou que, conforme a Constituição de 1988, a anistia só pode ser concedida aos perseguidos pelo regime, categoria em que Anselmo não se enquadra, por se tratar delator confesso que contribuiu com a prisão de 100 a 200 companheiros, muitos deles assinados nos porões da ditadura.

Segundo Miranda, a Constituição estabelece a anistia como “reparação às vítimas”, ao contrário do entendimento reafirmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em 2010, com base em Lei de 1979, que a classifica como “esquecimento”, válida tanto para ações de militantes políticos quanto para crimes cometidos por agentes do estado. “Não foi uma contestação à decisão do STF. Minha interpretação sobre a anistia é pública e anterior”, explicou o ex-ministro à Carta Maior, ao final do julgamento.

O presidente da Comissão e secretário Nacional de Justiça, Paulo Abrão, reiterou, em plenário, o entendimento do relator. Segundo ele, são várias as leis brasileiras que tratam do conceito de anistia. “Após a Lei de 1979, já tivemos a Emenda 36, o Artigo 8ª das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988 e a Lei 10.559/2001, que regulamenta a Constituição. O conceito que trabalhamos aqui é o atual”, esclareceu.
Dúvida histórica

No seu parecer, Miranda reconheceu que o período em que o ex-cabo trabalhou para o regime é ainda controverso. Anselmo admitiu a colaboração com os militares a partir de 1971, quando teria sido preso e, conforme seu advogado, Luciano Blandy, obrigado a trabalhar para o então delegado chefe do DOPS de São Paulo, Sérgio Fleury. Depoimentos do próprio requerente, entretanto, colocam a versão sob suspeição. Em entrevista à revista Isto É, em 1985, ele admitiu que sua prisão foi uma farsa e que trabalhava para o regime por convicções ideológicas.

Outros colaboradores que se apresentaram durante o julgamento também atestaram que a contribuição dele com o regime é anterior ao golpe de 64. O jornalista da Folha de S. Paulo, Mário Magalhães, apresentou o áudio de uma entrevista que fez com o ex-delegado do DOPS do Rio de Janeiro, Cecil de Macedo Borer, em 2001, no qual o reconhecido agente da ditadura confirmava que Anselmo trabalhava para os militares desde o início da década. Dessa forma, a expulsão dele da Marinha, com base no Ato Institucional n 1 da Ditadura, fora apenas uma estratégia para que ele ganhasse a confiança dos grupos de esquerda que iria ajudar a dizimar no futuro.

O jornalista, historiador e ex-preso político Jarbas Marques acrescentou que, segundo denúncias ainda não comprovadas, o cabo já recebe uma pensão do governo, por meio de documentos falsos que lhe foram fornecidos pelo também ex-delegado do DOPS, Romeu Tuma.

O relator, porém, minimizou a persistência desta dúvida histórica para efeitos da sua decisão. Para ele, mesmo que Anselmo tenha sido perseguido pelo regime nos primeiros anos após o golpe, seu comportamento preponderante foi o de perseguidor de militantes. De acordo com Miranda, os autos mostram que ele trabalhou para Fleury como um legítimo agente do estado, morando em apartamento cedido pela ditadura e recebendo proventos por seus serviços. “Anistiá-lo seria um situação de tal forma esdrúxula, que não encontraria precedentes em outras comissões de outros países”, ponderou.

As vítimas de Anselmo
Também depuseram no julgamento duas viúvas de militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) que, delatados por Anselmo, foram assassinados no episódio que ficou conhecido como massacre da Chácara de São Bento, na região metropolitana de Recife (PE), em 1973. O mesmo, inclusive, em que foi assassinada a companheira dele, grávida de sete meses.

Uma delas é Jenivalda Melo da Silva, viúva do ex-cabo José Manuel da Silva. O testemunho da viúva, corroborado por vídeos que ela fez posteriormente com testemunhas da ação, mostrou que Zé Manoel, como era conhecido, foi preso um dia antes do massacre, o que atesta a versão levantada pelos familiares de que a chacina não passou de uma armação para justificar a morte de seis militantes sob tortura.

Ela contou que, nos meses que antecederam a morte do marido, o Cabo Anselmo visitou sua casa por duas vezes. Na primeira, foi acompanhado de Soledad e perguntou se Jenivalda não conhecia um médico que pudesse fazer um aborto na esposa. “Eu não entendia muito bem o que ela falava, com aquele sotaque todo, mas senti que ela queria ter o filho”, relata. A segunda, foi sozinho e, na saída, me deu um beijo que me deixou muito intrigada. Não gostei daquele homem, mas só muitos anos depois soube que ele foi o responsável pela morte de meu marido”, disse a viúva à Carta Maior.

Jenivalda contribuiu também para desvelar uma outra face dos crimes de Anselmo: o sofrimento imputado aos que ficaram vivos. Já viúva, com três filhos para criar, ela foi perseguida pela ditadura, obrigada a depor por vários dias no DOPS, assistir torturas. Foi estuprada por quatro agentes, engravidou e praticou aborto, decisão muito difícil para uma pessoa religiosa como ela. Com tanto sofrimento, tentou suicídio oito vezes. “Todos os dias, meu pai nosso era para que o Cabo Anselmo fosse para o inferno. Se ele for anistiado, será a maior vergonha para este país”.

A outra depoente foi Maria das Graças Rodrigues do Amaral, viúva de Jarbas Pereira. Ela também confirmou que o marido fora preso antes do massacre e submetido a inúmeras torturas. Após o julgamento, respirou aliviada. “Estou muito, muito contente. Achei que não teria forças para dar meu depoimento e ajudar a impedir que este facínora se tornasse um anistiado político. Mas, felizmente, consegui”, comemorou.

Em defesa da “democracia”
O advogado de Anselmo, Luciano Blandy, baseou sua defesa no princípio democrático de que a lei vale para todos e que seu cliente, como perseguido pela ditadura, também merecia a anistia política, mesmo que, depois, segundo ele sob tortura, tenha sido coagido a se transformar em um agente infiltrado. “Faço esse pedido não só em nome de Anselmo, mas em nome da democracia conquistada naquele período pelos senhores, e que ä minha geração cabe perpetrar”, afirmou.

Segundo ele, Anselmo vive na mendicância, já que não tem sequer um documento de identidade. “Ele não veio ao julgamento por falta de dinheiro para a passagem. Eu mesmo tive que custear a minha”, disse ele à imprensa, após o julgamento. Conforme Blandy, Anselmo vive até hoje escondido, mudando com frequência de residência, por temer ser vítima de alguma vingança ou queima de arquivo. Seu contato com o cliente é raro e intermediado por amigos do ex-cabo.

Como esse julgamento foi de turma, composta por 12 membros, ainda cabe recurso ao pleno da Comissão da anistia, composta de 24. O advogado disse que ainda terá que entrar em contato com o cliente para saber se este é seu desejo. 
*CartaMaior

Filme com Pitt retrata fim do sonho norte-americano



Brad Pitt
Brad Pitt em Cannes: ator veio divulgar "Killing Them Softly", onde também é produtor
Killing Them Softly (matando-os suavemente), novo filme estrelado porBrad Pitt, faz um retrato sombrio do sonho americano, misturando uma divertida e violenta história de mafiosos com uma crítica escancarada à incapacidade dos políticos em resolver a crise econômica.
O filme se passa em uma cidade norte-americana não-identificada, onde a crise econômica chegou com força. Há casas abandonadas, lojas fechadas e bandidos de todos os níveis tentando sobreviver.
Pitt é também coprodutor da obra, selecionada para a competição oficial do atual Festival de Cannes, onde foi exibido na terça-feira.
O ator interpreta o inclemente pistoleiro Jackie Cogan, chamado por uma quadrilha mafiosa para eliminar um grupo de bandidos que assaltou uma mesa de pôquer. O título (matando-os suavemente) se refere à insistência do personagem em evitar dores e sofrimentos desnecessários na hora das matanças.
A direção é de Andrew Dominik, neozelandês com quem Pitt já trabalhara em O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford. Ray Liotta e James Gandolfini, habitués em filmes sobre a máfia, também estão no elenco.
A mensagem política do filme é inescapável. Sempre há noticiários sendo vistos ou ouvidos em bares e carros, e o debate invariavelmente é sobre a crise financeira, o fracasso político, a ganância e o fim dos sonhos.
Barack Obama, John McCain e George W. Bush aparecem na campanha eleitoral de 2008 fazendo promessas de resgatar a economia e salvar os ideais que alicerçam a nação.
Já no final, Cogan dispara críticas a Thomas Jefferson, principal autor da Declaração de Independência dos EUA, a quem o personagem chama de mentiroso e hipócrita. “”Vivo na América e na América você está por sua conta”, declara Cogan. “A América não é um país, é só um negócio.”
Mas, numa entrevista coletiva após a sessão do filme para a imprensa, Pitt disse que não pretendia que o filme seja visto como um libelo anti-Obama. “Eu me inclino mais para a esquerda, e quero entender minha própria tendência, então não fico contra personagens que têm visões diferentes da minha própria. Na verdade, tenho (Jefferson) em altíssima conta.”
Pitt criticou a “tóxica” divisão política nos EUA, onde o debate “tem mais a ver com o partido vencer a discussão do que a respeito das questões propriamente ditas. É um problema sério”.
O ator não pareceu surpreso quando a entrevista se desviou para sua vida pessoal. Afastando os rumores de que apareceria com a mulher, Angelina Jolie, no tapete vermelho de Cannes, ele disse que a atriz nem está na cidade.
Também sobre os rumores de que iria em breve oficializar sua união com ela, ele afirmou que o casamento não tem data. ”Ainda espero que possamos resolver nossa igualdade de casamento nos Estados Unidos antes dessa data”, afirmou, numa alusão ao seu apoio ao casamento homossexual.
*CorreiodoBrasil


Poder alemão inventa “geuro” para governar a Grécia

Leia em nosso site: Poder alemão inventa “geuro” para governar a Grécia
Poder alemão inventa "geuro" para governar a GréciaO Deutsche Bank, o maior banco alemão, lançou a ideia de criar o “geuro”, uma espécie de moeda paralela para manter a Grécia na Zona do Euro mas sem “ajuda” da troika no caso de as forças que combatem a austeridade vencerem as próximas eleições.
O Deutche Bank não lançaria uma ideia deste genero à revelia da chancelaria de Angela Merkel e do Banco Central Europeu, funcionando a iniciativa desde já como mais uma medida no pacote de chantagem sobre os eleitores gregos na perspectiva da consulta de 17 de junho.
A ideia é publicada num “estudo” do Deutsche Bank divulgado na segunda-feira. O “geuro” funcionaria como notas promissórias de dívida pública que poderiam ser colocadas no mercado. Seriam desvalorizáveis em relação ao euro mas, de acordo com o “estudo”, permitiriam ao governo de Atenas ter mais tempo para “aplicar as reformas” e as medidas de austeridade que vem sendo impostas pela troika.
Thomas Mayer, economista chefe do Deutche Bank, declarou ao jornal britânico The Observerque “um tal circuito paralelo poderá ser o mais provável desenvolvimento”, uma vez que a nova “moeda” permitiria à Grécia dinamizar as exportações e “regressar aos mercados”.
O estudo considera ainda que uma pré-condição para que a alegada solução funcione seria que o circuito ficaria restringido aos outros países da Zona Euro e ao FMI e serviria apenas para pagar a dívida grega. Os bancos gregos também necessitariam de “ajuda” e para isso seria criado um “banco mau” europeu.
O economista chefe do Deutsche Bank acrescentou que o fundo de resgate da Zona Euro, o Mecanismo de Estabilidade Financeira, poderia refinanciar os credores da Grécia, “restaurando” a confiança dos mercados, que assim deixariam de retirar o dinheiro dos bancos.
De acordo com este mecanismo, caso os gregos decidam votar mais uma vez, e agora com maior vigor, contra a austeridade, a Grécia não sairia formalmente do euro, a sua soberania econômica (e política) ficaria totalmente dependente de Berlim, os gregos sofreriam os efeitos das desvalorizações e da austeridade enquanto os mercados poderiam gerir a dívida de Atenas de forma a que a sua “confiança” não fosse afetada.
Fonte: BE Internacional
*Averdade




As relações entre o Brasil de Xuxa e o do jovem humilhado por repórter na TV



Como advogado de banqueiro não defende desdentado, ninguém intercederá pelo jovem negro e pobre nas páginas de jornais ou tribunas do Congresso pelo direito de não ser exposto nem antes nem depois do julgamento. Azar o dele, sorte da repórter

jovem negro humilhado xuxa
E o que a Xuxa e o jovem açoitado na Bahia têm em comum? Nada, a não ser a exposição diante de uma multidão sangrenta e incapaz de lidar com seus próprios crimes de maneira honesta.
Matheus Pichonelli
Sobre Meninos e Lobos
Corre na internet um vídeo produzido pela TV Bandeirantes da Bahia em que uma repórter bonita e bem humorada entrevista um jovem acusado de estupro (assista aqui). Chega a ser educativo – ao menos para quem achava que, a essa altura do campeonato, era impossível superar as pirotecnias de programas com o Latininho, o chupa-cabra, os testes ao vivo de DNA, a banheira do Gugu e as sessões de descarrego.
O mais completo tratado das relações de poder não chegaria tão longe: o jovem, cuja pobreza pode ser exposta pela sequência de dentes quebrados, está algemado diante das câmeras. Como advogado de banqueiro não defende desdentado, ninguém intercederá por ele nas páginas de jornais ou tribunas do Congresso pelo direito de não ser exposto nem antes nem depois do julgamento. Azar o dele, sorte da repórter – que usou o microfone e o canal direto com a direção do programa para chicotear o sujeito que se acreditava alforriado. Abaixo da tela a produção destaca o “chororô”, com direito a intervenções de efeitos sonoros (o choro de um bebê) a ofuscar a fala do suspeito. Acuado e com um hematoma no rosto, o jovem passa a dar a lista de familiares que poderiam testemunhar em seu favor. Às lágrimas, jura que jamais “estrupou” alguém.
*Pragmatismopolítico