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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, maio 23, 2012



Poder alemão inventa “geuro” para governar a Grécia

Leia em nosso site: Poder alemão inventa “geuro” para governar a Grécia
Poder alemão inventa "geuro" para governar a GréciaO Deutsche Bank, o maior banco alemão, lançou a ideia de criar o “geuro”, uma espécie de moeda paralela para manter a Grécia na Zona do Euro mas sem “ajuda” da troika no caso de as forças que combatem a austeridade vencerem as próximas eleições.
O Deutche Bank não lançaria uma ideia deste genero à revelia da chancelaria de Angela Merkel e do Banco Central Europeu, funcionando a iniciativa desde já como mais uma medida no pacote de chantagem sobre os eleitores gregos na perspectiva da consulta de 17 de junho.
A ideia é publicada num “estudo” do Deutsche Bank divulgado na segunda-feira. O “geuro” funcionaria como notas promissórias de dívida pública que poderiam ser colocadas no mercado. Seriam desvalorizáveis em relação ao euro mas, de acordo com o “estudo”, permitiriam ao governo de Atenas ter mais tempo para “aplicar as reformas” e as medidas de austeridade que vem sendo impostas pela troika.
Thomas Mayer, economista chefe do Deutche Bank, declarou ao jornal britânico The Observerque “um tal circuito paralelo poderá ser o mais provável desenvolvimento”, uma vez que a nova “moeda” permitiria à Grécia dinamizar as exportações e “regressar aos mercados”.
O estudo considera ainda que uma pré-condição para que a alegada solução funcione seria que o circuito ficaria restringido aos outros países da Zona Euro e ao FMI e serviria apenas para pagar a dívida grega. Os bancos gregos também necessitariam de “ajuda” e para isso seria criado um “banco mau” europeu.
O economista chefe do Deutsche Bank acrescentou que o fundo de resgate da Zona Euro, o Mecanismo de Estabilidade Financeira, poderia refinanciar os credores da Grécia, “restaurando” a confiança dos mercados, que assim deixariam de retirar o dinheiro dos bancos.
De acordo com este mecanismo, caso os gregos decidam votar mais uma vez, e agora com maior vigor, contra a austeridade, a Grécia não sairia formalmente do euro, a sua soberania econômica (e política) ficaria totalmente dependente de Berlim, os gregos sofreriam os efeitos das desvalorizações e da austeridade enquanto os mercados poderiam gerir a dívida de Atenas de forma a que a sua “confiança” não fosse afetada.
Fonte: BE Internacional
*Averdade

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