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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 24, 2012

Nicholas Georgescu-Roegen, economista de génio. O Decrescimento

 Georgescu-Roegen ... merece figurar entre os clássicos, alguns estão reclamando agora as suas teses. O papel central do seu trabalho é o debate actual sobre desenvolvimento sustentável e o crescimento contínuo.

Considerando os economistas clássicos liberais demasiado mecânicos , Nicholas Georgescu-Roegen ressalta a contradição entre seu ponto de vista da segunda lei da termodinâmica, a lei da entropia - ou seja, a degradação da energia e da matéria - dos recursos naturais para a humanidade - e do crescimento económico sem limites. Nicholas apelou a um decrescimento económico- alguns falam agora de DECRESCIMENTO  sustentável - para reflectir a lei física da entropia.

Nicholas Georgescu  afirma que o processo económico não é um valor intangível, mas de matéria e energia que se degradam irreversivelmente, a partir de uma baixa entropia até à a alta entropia, durante diversos processos de transformação. Da mesma forma que um cubo de gelo que foi derretido  num copo de água, nunca se tornará  novamente um cubo de gelo. Um computador nunca pode voltar ao material bruto que foi usado para o criar e a energia utilizada para o construir nunca voltará a ser utilizada.

"O processo económico é uma extensão da evolução biológica e portanto, os problemas mais importantes da economia devem ser considerados sobre este ponto de vista" -
 Nicholas Georgescu-Roegen.


 A Lei da Entropia e o Processo Económico
"Termodinâmica e biologia são focos necessários para iluminar o processo económico (...)
A termodinâmica porque demonstra que os recursos naturais se esgotam irrevogavelmente, a biologia, porque revela a verdadeira natureza do processo Económico "
 Nicholas Georgescu-Roegen.

A Lei da Entropia e o  Processo Económico: Para os partidários desta teoria, têm de se conciliar economia e ecologia, é necessária a reintegração da economia no pensamento científico contemporâneo da revolução industrial e com a da evolução biológica. Isto irá  fornecer uma "iluminação" fecunda e inovadora e implicações práticas  para além da economia.  Destacam ainda a impossibilidade de resolver os problemas ambientais apenas com o progresso científico e tecnológico.

Considerando a economia liberal  neoclássica demasiado mecânica, Georgescu-Roegen destacou a contradição entre a segunda lei da termodinâmica, a lei da entropia - ou seja, a degradação inevitável após o uso de recursos naturais para a humanidade -e o crescimento físico e económico sem limites. Apelou ainda a um DECRESCIMENTO tendo em conta  a lei física da entropia.

Alguns críticos consideram que a entropia relativa ao processo económico, terá a capacidade dos efeitos da auto-organização e de capacidade de adaptação, mas isso  é muito mecânico. Georgescu-Roegen mostrou a convicção de que a alegria é o verdadeiro propósito da atividade económica.

No entanto, há também esta frase de sua autoria em formas concretas de decadência: "A humanidade deverá reduzir gradualmente a sua população até um nível que lhe permitirá ser alimentada  pela agricultura de subsistência. Claro está que as nações experimentando agora um forte crescimento demográfico, terão um difícil esforço, mas necessário para obter mais rapidamente resultados possíveis nesse sentido."

Esta  fórrmula ou  comentário, é muito estranho se não perturbador. Georgescu-Roegen tinha uma visão pessimista da natureza humana e da vida em geral : "A espécie humana é caracterizada pela existência de conflito social irredutível"..

Devemos compreender e analisar as palavras de Georgescu-Roegen, ao invés de ignorá-las como os economistas têm feito.  "Sem dúvida, a situação pode mudar de cima para baixo, sem aviso prévio. Mas já que ninguém pode ter a certeza que Prometeu  vai acontecer, ou saber exactamente qual será o seu presente:-  Uma estratégia final é necessária, ou seja, uma conservação bem-planeada. Sómente desta forma teremos mais tempo e optimismo para esperar a descoberta de um novo Prometeu ou, na pior das hipóteses,  deslizar lentamente e sem desastres, para uma tecnologia menos "quente". Obviamente, a última tecnologia poderá ser uma nova Era da madeira, mesmo sendo diferente da do passado, porque o nosso conhecimento técnico é mais extenso hoje.
Dificilmente poderia ser de outra forma, pois qualquer processo evolutivo é irreversível. E se for necessária para o decrescimento, a profissão de economista vai sofrer uma mudança curiosa: em vez de estarem exclusivamente preocupados com o crescimento económico, os economistas procurarão os melhores critérios para o planeamento da decadência."(Georgescu-Roegen, 1979.)

 No prefácio do livro A Economia Analítica, Paul Samuelson escreveu: "O Professor Georgescu-Roegen é mais do que um economista matemático. É principalmente um economista, e um dos primeiros a rejeitar as alegações de jargão simbólico. Os meandros da produção e a sua marginal  utilidade original, não escapam ao seu exame céptico ... Com uma formação muito superior em  matemática,  é bastante imune às seduções desta e é capaz de manter uma atitude objectiva e realista sobre a sua utilização ...
Eu desafio qualquer economista informado a permanecer satisfeito consigo mesmo, depois de meditar sobre este ensaio. Este é definitivamente um livro para possuir e saborear."

"Georgescu-Roegen quis construir uma ponte entre a física teórica e a economia. Lançou-se nesta aventura sozinho, assumindo um risco com a convicção de que não seria  em vão ... Continua a ser um inovador, e como pioneiro sofreu com a sua solidão. Mas talvez agora, os estudiosos se juntem  a ele para continuar seu avanço?"
Henri Guitton

"Aparentemente isolado, o trabalho de Nicholas Georgescu-Roegen deve ser entendido como um amplo movimento intelectual de renovação. Faltava um verdadeiro génio anti-economia: esta sobreviverá e tornar-se-á  numa bio-economia. Em primeiro lugar, estar ciente da situação e do nosso conhecimento, se quisermos servir o renascimento que exigimos. O caso Galileu não está fechado; abre-se agora o caso  Georgescu-Roegen: O desafio vale o combate e este será  não-violento, ou não."
Jacques Grinevald

O economista americano Herman Daly escreveu em 2007 que muito pouca atenção foi dada ao trabalho de Georgescu-Roegen e seus discípulos e de como estavam à frente do seu tempo.


 http://www.resistir.info/ecologia/daly_08mai12_p.html
 http://classiques.uqac.ca//contemporains/georgescu_roegen_nicolas/decroissance/decroissance.html
 http://fr.wikipedia.org/wiki/Nicholas_Georgescu-Roegen

CPI da Delta ou CPI da Veja?

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

A revista Veja e seus aliados na oposição e na imprensa, abrigados no Instituto Millenium, o clube dos barões da imprensa montado para defender sua própria "liberdade de expressão", querem porque querem transformar a CPI do Cachoeira na CPI da Delta, a empreiteira que tem como seu maior cliente as obras do PAC do governo federal.

Brasil e Cuba: solidariedade ativa

Editorial do sítio Vermelho:

A capital baiana sediará a partir desta quinta-feira (24) a 20ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba. O evento, que acontece até o domingo (27), debaterá a integração Latino-Americana e Caribenha; a luta permanente contra o bloqueio econômico a Cuba; a libertação dos cinco heróis cubanos e o combate à campanha midiática internacional que divulga, de forma criminosa e deturpada, factoides políticos sobre supostos acontecimentos na ilha caribenha.

Ação na Justiça contra repórter da Band

 

Do sítio da CartaCapital:

O Ministério Público Federal da Bahia entrou com uma representação na Justiça, nesta quarta-feira 23, contra a repórter Mirella Cunha, do programa Brasil Urgente, da TV Bandeirantes. A ação foi movida por intermédio do procurador da República Vladimir Aras, que considerou o comportamento da jornalista uma violação aos direitos constitucionais de um preso.

Correa: Inaceitável negativa de visto dos EUA para ONU


Quito, 23 mai (Prensa Latina) O presidente equatoriano, Rafael Correa, qualificou de abuso por parte dos Estados Unidos a negativa de visto a uma ministra de seu governo para um foro na ONU e chamou a refletir sobre a sede desse organismo internacional.
"É um abuso dos Estados Unidos que não deem visto a uma ministra deste governo para ir a uma conferência das Nações Unidas e sobre isto devemos refletir", denunciou Correa em um encontro com jornalistas em Guayaquil."Se seguem estas posições imperiais, soberbas, prepotentes (dos Estados Unidos), terá que se propor a mudança da sede das Nações Unidas", afirmou.

É "inadmissível, intolerável, que uma ministra de um Estado soberano, convidada a um foro pelas Nações Unidas, organismo internacional com sede em Nova Iorque, lhe neguem o visto" (o governo de Washington), enfatizou.

Fez questão de que é 



"absolutamente inaceitável e isto deve nos levar a refletir e talvez a incrementar esforços para conseguir uma mudança na sede de Nações Unidas se esta situação continua".

Em entrevista concedida ao fundador de Wikileaks, Julian Assange, por vídeo conferência de Londres como parte da série de programas "O Mundo da manhã", Correa ratificou nesta terça-feira a posição soberana e digna do povo equatoriano.

Precisou no programa transmitido ao mundo pelo site RT (Russia Today), que sua relação com Estados Unidos tem sido de muito carinho e amizade, mas em um marco de mútuo respeito e soberania.

"Mas, esclareceu, se há políticas internacionais dos Estados Unidos perniciosas para meu país e para nossa América, as denunciarei frontalmente e jamais permitirei que se afete a soberania", e citou como exemplo disso a saída das tropas norte-americanas da Base de Manta.

"Se o assunto é tão singelo, se não há nenhum problema em ter uma base norte-americana no Equador, perfeito. Podemos dar permissão para instalar essa base desde que deem-nos permissão para instalar uma base militar equatoriana em Miami", comentou em tom irônico Correa.

Recordou que "cortamos todo o financiamento da Embaixada dos Estados Unidos à Polícia, que antes tinha unidades inteiras da Polícia absolutamente financiadas pela embaixada, cujos diretores eram selecionados pelo embaixador e pagos por Estados Unidos".

"Há alguns que sentem falta essa época que não voltará a nosso país", disse e comentou que essa ingerência provocou a saída do país da embaixadora Heather Hodges, para enfatizar depois que é bom que América Latina esteja passando do consenso de Washington ao consenso sem Washington.

Proteção para seu celular

Infelizmente, as operadoras não têm interesse em bloquear o celular,
pois o ladrão permanece como um novo cliente adicional !!
Quando te roubam um celular, sabemos que recuperá-lo é impossível.
Os ladrões os vendem rapidamente. A experiência é muito desagradável,
mas as companhias operadoras substituem rapidamente o chip e pouco se
importam com quem está o celular. O que a operadora quer é consumo.
Porém, existe algo interessante que é preciso saber, e é a
forma de se vingar do ladrão que te roubou.
Todos os celulares GSM (ou seja, que tem chip) têm um registro de série
único, que não se repete em nenhum telefone a nivel mundial, e que se chama
Código IMEI.
As operadoras, como é lógico, não o tem registrado,  para eventualmente te ajudar. Só os donos do aparelho podem ter acesso ao código. Para obtê-lo
digite : *#06#     Só isso, e NÃO PRESSIONE "SEND".
Na tela aparecerá o código IMEI. Anote-o e guarde-o em lugar seguro.
Se te roubarem o celular, chame a operadora e indique o código IMEI. O
celular será bloqueado completamente e, mesmo que o ladrão mude de
cartão ou chip, não poderá ligá-lo.
Provavelmente vc não vai recuperar o celular, mas pelo menos terá a
certeza de que quem o tiver roubado não poderá utilizá-lo nunca. Se todos
soubessem disto, o roubo de celulares diminuiria, porque não
tería sentido roubar um aparelho sem serventia. Envia esta dica a
todos teus amigos e conhecidos e vamos tentar acabar com os roubos de
celulares..... !!!

Divulgue ...... !!

*Malu

Chávez: em breve a data de inscrição a candidatura

CPI em 24/05: Braço direito de Cachoeira complica Marconi na CPI

WLADIMIR GARCEZ, QUE DEPÕE AGORA NA CPI, TENTA, MAS NÃO CONSEGUE EXPLICAR A COMPLEXA OPERAÇÃO DE COMPRA DA MANSÃO DO GOVERNADOR GOIANO. DIZ QUE PEDIU DINHEIRO EMPRESTADO À DELTA E A CACHOEIRA; DEPOIS, BUSCOU UM OUTRO COMPRADOR, CHAMADO WALTER PAULO; EM SEGUIDA, PEDIU QUE ELE EMPRESTASSE A CASA À MULHER DE CACHOEIRA, ANDRESSA. DEU PARA ENTENDER?
24 de Maio de 2012 às 11:06
247 – Um dos principais réus da Operação Monte Carlo acaba de complicar a situação do governador de Goiás, Marconi Perillo. Wladimir Garcez, ex-assessor de Cachoeira e ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, tentou explicar a venda de uma mansão de Marconi Perillo, por R$ 1,4 milhão. A mesma casa onde Carlos Cachoeira foi preso há 90 dias.
Marconi sempre sustentou que vendeu a casa ao empresário Walter Paulo, dono da Faculdade Padrão. O que Garcez disse na CPI atrapalha mais do que ajuda o governador. "Pedi dinheiro emprestado ao meu patrão Claudio Abreu, da Delta, e ao Cachoeira para comprar a casa", disse Garcez. Por que? Porque achou que era um bom negócio pagar R$ 1,4 milhão pela casa de Marconi. Depois, segundo Garcez, a mansão foi vendida ao empresário Walter Paulo – reportagens anteriores do 247 demonstram que a casa foi registrada em nome de um laranja.
Mas se Walter Paulo foi o comprador, por que a casa acabou em poder de Cachoeira. Segundo Garcez, porque Andressa Morais se separou do Wilder Morais, ex-suplente de Demóstenes Torres, e não tinha onde morar, quando já havia iniciado um relacionamento com Cachoeira. Foi então que Garcez a Walter Paulo que emprestasse a mansão a Andressa. E foi assim que eles foram ficando, ficando, ficando e ficando na mansão do governador até o dia da prisão.
Tudo muito estranho. Cachoeira pagou e levou a casa. Mas, oficialmente, ela está em nome de um empresário que decidiu emprestá-la a ele.

Juiz condena Lei da
Anistia ao absolver Ustra


Saiu no Estadão:

Justiça Federal rejeita denúncia contra Ustra


A Justiça Federal rejeitou denúncia criminal contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi – núcleo militar de torturas nos anos de chumbo -, e o delegado da Polícia Civil Dirceu Gravina, o JC, acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) por crime de sequestro qualificado e continuado do líder sindical Aluízio Palhano Ferreira, preso em maio de 1971, até hoje desaparecido.


Em sentença de 18 páginas, A Justiça Federal rejeitou denúncia criminal contra o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o DOI-Codi – núcleo militar de torturas nos anos de chumbo -, e o delegado da Polícia Civil Dirceu Gravina, o JC, acusados pelo Ministério Público Federal (MPF) por crime de sequestro qualificado e continuado do líder sindical Aluízio Palhano Ferreira, preso em maio de 1971, até hoje desaparecido.


Em sentença de 18 páginas, o juiz Márcio Rached Millani, da 10.ª Vara Criminal Federal em São Paulo, assevera que a Lei 12.528/2011, que criou a Comissão Nacional da Verdade, “sancionada pela presidente Dilma Rousseff, ela própria uma das vítimas do regime de exceção, não tem o intuito de punir os autores dos delitos, mas apenas a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos”.


O MPF imputou a Ustra, hoje coronel reformado, e a Gravina, ainda no exercício da função, crimes de detenção ilícita, privação da liberdade e torturas contra Ferreira. Citando voto do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), Millani invoca o alcance da Lei de Anistia. “Pode-se asseverar que os crimes praticados durante o período do regime militar foram anistiados, não somente aqueles perpetrados pelos que combatiam o regime então vigente, mas também os cometidos por aqueles que visavam à sua manutenção.”

O juiz assinala que “não é segredo que alguns segmentos da sociedade querem a revogação da Lei de Anistia”.


“Sucede que nem este juízo, tampouco a Comissão da Verdade, têm legitimidade para as mudanças propostas”, pondera. “Outra interpretação da Lei de Anistia só poderá ser realizada pelo STF, ao passo que a revogação da lei é de responsabilidade do Congresso Nacional. Não vislumbro qualquer intenção do Estado brasileiro na punição dos crimes cometidos no período de exceção.”


“O recebimento da denúncia implicaria a desconsideração, por via oblíqua, de decisão proferida pelo STF em processo concentrado de controle de constitucionalidade e a aceitação de tese (do MPF) comprovadamente dissociada da realidade”, adverte Millani.


Irrelevante. O juiz observa que “o MPF demonstra preocupação com as sanções a que estará sujeito o Brasil caso a denúncia não seja recebida, vez que ela tem, entre as suas finalidades ‘prevenir futura nova condenação do Estado brasileiro pela omissão no cumprimento das obrigações voluntariamente assumidas, notadamente no que se refere ao cumprimento das decisões emanadas da Corte Interamericana de Direitos Humanos’”.


Para Millani, o recebimento ou não da denúncia é irrelevante para tal prevenção. “Independentemente do resultado deste processo, o Brasil continuará a desrespeitar o julgado da Corte Interamericana, pois ainda restarão sem punição os casos de homicídio, tortura. Constata-se total incompatibilidade entre o decidido pelo STF e o decidido pela Corte Interamericana.”


Millani anota que embora haja provas de que Ferreira foi vítima de sequestro, as últimas notícias sobre ele datam de 1971. Segundo o juiz, se Ferreira ainda estivesse vivo “teria hoje cerca de 90 anos, idade que, com certeza, não atingiria caso ainda estivesse em cativeiro”.


em São Paulo, assevera que a Lei 12.528/2011, que criou a Comissão Nacional da Verdade, “sancionada pela presidente Dilma Rousseff, ela própria uma das vítimas do regime de exceção, não tem o intuito de punir os autores dos delitos, mas apenas a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos”.


O MPF imputou a Ustra, hoje coronel reformado, e a Gravina, ainda no exercício da função, crimes de detenção ilícita, privação da liberdade e torturas contra Ferreira. Citando voto do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), Millani invoca o alcance da Lei de Anistia. “Pode-se asseverar que os crimes praticados durante o período do regime militar foram anistiados, não somente aqueles perpetrados pelos que combatiam o regime então vigente, mas também os cometidos por aqueles que visavam à sua manutenção.”


O juiz assinala que “não é segredo que alguns segmentos da sociedade querem a revogação da Lei de Anistia”.


“Sucede que nem este juízo, tampouco a Comissão da Verdade, têm legitimidade para as mudanças propostas”, pondera. “Outra interpretação da Lei de Anistia só poderá ser realizada pelo STF, ao passo que a revogação da lei é de responsabilidade do Congresso Nacional. Não vislumbro qualquer intenção do Estado brasileiro na punição dos crimes cometidos no período de exceção.”


“O recebimento da denúncia implicaria a desconsideração, por via oblíqua, de decisão proferida pelo STF em processo concentrado de controle de constitucionalidade e a aceitação de tese (do MPF) comprovadamente dissociada da realidade”, adverte Millani.


Irrelevante. O juiz observa que “o MPF demonstra preocupação com as sanções a que estará sujeito o Brasil caso a denúncia não seja recebida, vez que ela tem, entre as suas finalidades ‘prevenir futura nova condenação do Estado brasileiro pela omissão no cumprimento das obrigações voluntariamente assumidas, notadamente no que se refere ao cumprimento das decisões emanadas da Corte Interamericana de Direitos Humanos’”.


Para Millani, o recebimento ou não da denúncia é irrelevante para tal prevenção. “Independentemente do resultado deste processo, o Brasil continuará a desrespeitar o julgado da Corte Interamericana, pois ainda restarão sem punição os casos de homicídio, tortura. Constata-se total incompatibilidade entre o decidido pelo STF e o decidido pela Corte Interamericana.”


Millani anota que embora haja provas de que Ferreira foi vítima de sequestro, as últimas notícias sobre ele datam de 1971. Segundo o juiz, se Ferreira ainda estivesse vivo “teria hoje cerca de 90 anos, idade que, com certeza, não atingiria caso ainda estivesse em cativeiro”.

Navalha
O voto do juiz Márcio Rached Millani, da 10ª Vara Criminal Federal de São Paulo, merece louvor.
Ele deixa claro para este ansioso blogueiro que, cedo ou tarde, o Brasil, o Judiciário, a Comissão da Verdade, o Legislativo e, por último, o Supremo Tribunal Federal rasgarão essa vergonhosa Lei da Anistia.
O papel da Justiça, pouco a pouco, será minar a credibilidade dos que sustentam ideologicamente a Lei da Anistia, à base do chamado “acordo”.
O acordo da Arena, do Governo Figueiredo, com a imprensa calada, submissa, com a faca no pescoço.
Água mole em pedra dura …
E, nesse ponto, o voto do Juiz Millani ajudará a demonstrar que o Brasil, até hoje, não pode se olhar no espelho.
Como fazem, com orgulho, os argentinos.
Millani observa bem que a Comissão da Verdade não tem o mandato de prender ninguém.
Nem de rever a Lei da Anistia.
Mas, a Comissão da Verdade trará um beneficio intangivel, imaterial, no primeiro momento: identificar, um por um, quem se esconde atrás da Lei da Anistia.
Torturadores e outros.
Depois, a pressão política engrossará.
A começar pelos meninos do Esculacho – veja o vídeo – que vao para a porta dos torturadores identificá-los.
Desnudá-los.
Talvez o pessoal do Esculacho não tenha gostado da decisão do Juiz Millani.
Mas, os ministros do Supremo que perdoaram os torturadores do regime militar também não.
O relator do STF, por exemplo, o Ministro Eros Grau.
A Corte dos Direitos Humanos na OEA talvez respeite mais o Millani que o Grau.
Água mole …
Para o que contribui a decisão de Millani, que pode assim ser lida: senhores Legisladores e Ministros do Supremo, não maculem a consciência de juízes probos !
Rasguem essa Lei que nos envergonha !



Clique aqui para ler “Familia Teles e Comparato enfrentam Ustra”.


Paulo Henrique Amorim