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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 24, 2012

Correa: Inaceitável negativa de visto dos EUA para ONU


Quito, 23 mai (Prensa Latina) O presidente equatoriano, Rafael Correa, qualificou de abuso por parte dos Estados Unidos a negativa de visto a uma ministra de seu governo para um foro na ONU e chamou a refletir sobre a sede desse organismo internacional.
"É um abuso dos Estados Unidos que não deem visto a uma ministra deste governo para ir a uma conferência das Nações Unidas e sobre isto devemos refletir", denunciou Correa em um encontro com jornalistas em Guayaquil."Se seguem estas posições imperiais, soberbas, prepotentes (dos Estados Unidos), terá que se propor a mudança da sede das Nações Unidas", afirmou.

É "inadmissível, intolerável, que uma ministra de um Estado soberano, convidada a um foro pelas Nações Unidas, organismo internacional com sede em Nova Iorque, lhe neguem o visto" (o governo de Washington), enfatizou.

Fez questão de que é 



"absolutamente inaceitável e isto deve nos levar a refletir e talvez a incrementar esforços para conseguir uma mudança na sede de Nações Unidas se esta situação continua".

Em entrevista concedida ao fundador de Wikileaks, Julian Assange, por vídeo conferência de Londres como parte da série de programas "O Mundo da manhã", Correa ratificou nesta terça-feira a posição soberana e digna do povo equatoriano.

Precisou no programa transmitido ao mundo pelo site RT (Russia Today), que sua relação com Estados Unidos tem sido de muito carinho e amizade, mas em um marco de mútuo respeito e soberania.

"Mas, esclareceu, se há políticas internacionais dos Estados Unidos perniciosas para meu país e para nossa América, as denunciarei frontalmente e jamais permitirei que se afete a soberania", e citou como exemplo disso a saída das tropas norte-americanas da Base de Manta.

"Se o assunto é tão singelo, se não há nenhum problema em ter uma base norte-americana no Equador, perfeito. Podemos dar permissão para instalar essa base desde que deem-nos permissão para instalar uma base militar equatoriana em Miami", comentou em tom irônico Correa.

Recordou que "cortamos todo o financiamento da Embaixada dos Estados Unidos à Polícia, que antes tinha unidades inteiras da Polícia absolutamente financiadas pela embaixada, cujos diretores eram selecionados pelo embaixador e pagos por Estados Unidos".

"Há alguns que sentem falta essa época que não voltará a nosso país", disse e comentou que essa ingerência provocou a saída do país da embaixadora Heather Hodges, para enfatizar depois que é bom que América Latina esteja passando do consenso de Washington ao consenso sem Washington.

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