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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, junho 16, 2012


Uma tarde no bairro controlado pelos neonazistas em Atenas


Os brutamontes da extrema-direita da Aurora Dourada se encarregaram de semear a ordem segundo seus costumes : zero imigração africana ou magrebina, zero moradores de rua, zero pichações. Não voa uma mosca sem que eles cortem suas asas. Seu reinado se estende desde a Praça Ática até Agios Panteleimonas. A Aurora Dourada fez de Agios Panteleimonas seu trampolim de conquista. Irrompeu no bairro em 2009 e em 2012 já obteve o melhor resultado eleitoral de sua história (15%). O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Atenas.

Atenas - O crepúsculo está em calma. A Aurora Dourada vela pela ordem nesta área central de Atenas onde não restou nem um imigrante nem um indigente das redondezas. A extrema direita grega e seus brutamontes de poucas palavras fizeram do bairro de Agios Panteleimonas (a igreja ortodoxa) seu sítio privado. « É preciso colocar minas terrestres nas fronteiras para que os imigrantes não entrem », diz um tipo enorme que não dá seu nome porque não quer. Mas diz sem rodeios : « tem cara de esquerdista, como teu governo », diz em tom de ameaça.

Houve uma época em que este perímetro de Atenas era um bairro popular, com crianças que jogavam nas ruas e garantiam uma barulhenta desordem. Já não é mais assim. Os brutamontes da extrema-direita da Aurora Dourada se encarregaram de semear a ordem segundo seus costumes : zero imigração africana ou magrebina, zero moradores de rua, zero pichações. Não voa uma mosca sem que eles cortem suas asas.

Seu reinado se estende desde a Praça Ática até Agios Panteleimonas. O número 52 da rua Aristomenus ainda carrega as marcas da ação da Aurora Dourada. Em 2010, os valentões do partido de Nikos Michaloliakos queimaram o local onde os imigrantes muçulmanos vinham rezar. A polícia não abriu nenhuma investigação e nenhum vizinho protestou. Esta é a terra da Aurora. Terra grega, como demonstra o ondulante silêncio das bandeiras com as cores nacionais que tremulam nas sacadas.

A Aurora Dourada obteve nas eleições de maio passado seu melhor resultado : 15% dos votos, o dobro. « Tenham medo, já chegamos », disse Nikos Michaloliakos no dia seguinte. A metodologia dos músculos deu seus frutos. A Aurora Dourada fez de Agios Panteleimonas seu trampolim de conquista. Irrompeu no bairro em 2009 e em 2012 já conseguiu o melhor resultado eleitoral de sua história. Os estrangeiros que ocupavam a zona ou dormiam na esplanada da igreja foram expulsos a golpes. Imigrantes, judeus, maçons, todos são inimigos da nação para este partido fundado por Michaloliakos nos anos 80, logo depois de ter saído da prisão onde cumpriu uma pena (várias na realidade) por atividades subversivas e violência. De modo similar a outros movimentos europeus de ultra-direita, a Aurora Dourada cresceu sob o tema da imigração.

Em frente da igreja Agios Panteleimonas há um bar de onde os agentes da Alba vigiam a praça. É o seu reino. Os ultras chegaram a ordenar até o fechamento da praça de esportes de Agios Panteleimonas. Por quê ? « Vê-se que você não vive aqui, por isso pergunta essas coisas : porque os negros e os romenos sujos vinham dormir aqui e sujar a praça », disse Kostas, um morador local com claras simpatias pela Alba. A polícia do bairro não interviu. Ela depositou a autoridade nas mãos dos neonazistas. A Grécia tem uma população de 11 milhões de habitantes e há um milhão de imigrantes. Um de cada quatro policiais votou pela Aurora Dourada nas últimas eleições.

Tudo aconteceu muito rápido para os gregos. Em apenas uma década : o euro, a falsa riqueza, os créditos fáceis, a imigração, a crise e o abismo. Muitos analistas e militantes anti-racistas pensam que o voto a favor dos neonazistas reflete o medo e a incompreensão, muito mais do que uma ideologia.

Como em todas as partes, Áttica e Agios Panteleimonas têm um anjo : Thanassis Kurkulas, responsável por uma ONG que luta contra o racismo instalada no bairro há cinco anos, Deport Racism. Kurkulas reconhece o perigo que representaria a Aurora Dourada repetir neste domingo os votos de maio passado e ingressar no Parlamento (o que surgiu em 6 de maio nunca se reuniu pelo fracasso em constituir uma maioria de governo). Mas também reconhece que « o imã dos neonazistas é forte : falam contra a Comissão de Bruxelas e contra os imigrantes e isso atrai votos, mas não são votos realmente ideológicos ». A situação é psicodélica : Atenas tem um bairro inteiro onde a autoridade pública, a segurança, é assumida por um partido político e não pelas forças da ordem. Polícia ideológica, sem controle algum. A exibição de músculos dos « agentes » da Aurora Dourada mostra que bem que não se trata de uma encenação ou aparência. Eles pegam, Maltratam. Insultam. Agridem. Estado débil, milícia forte.

Os vizinhos de Attica ou de Agios Panteleimonas que não aprovam esses métodos têm demasiado medo para intervir. « Seja como for, é inútil. Há uma clara cumplicidade do Estado », diz Vassilis, um morador da rua Aristomenus. O homem recorda que só uma das centenas de agressões ocorridas nos últimos anos deu lugar a um processo. Silêncio. « A delegacia do bairro não tem nem como pagar a luz. Se não estivéssemos nas ruas, isso seria pior que o inferno », diz Kostas.

As histórias se cruzam nestas ruas com extrema violência. A Grécia padeceu ao extremo sob as garras do nazismo mas hoje vota em mais de 7% em um partido abertamente neonazista. A extrema-direita se alimenta da crise. Em 2010, quando a Grécia já estava em um precipício, Nikos Michaloliakos ganhou um posto de conselheiro municipal de Atenas. Um ano mais trade foi filmado fazendo a saudação nazista, o que lhe valeu o apelido de « Führer ». Ninguém sabe ao certo se as reivindicações de Hitler na televisão ou os excessos cometidos pelos dirigentes da Aurora Dourada depois do resultado de maio passado incrementaram ou, pelo contrário, baixaram seu caudal de votos.

Dimitir Psarras, um respeitado jornalista grego especialista no tema da extrema-direita – ele vive, aliás, no bairro dos extremistas – lembra que « parece não haver vacina contra o passado ». No essencial, Psarras constata que, como em outros países do Velho Continente, o esquecimento apagou o rosto dos neonazistas para instalá-los no presente com o estatuto de atores políticos determinantes. Dimitri Psarras conhece bem o tema. É autor de uma biografia de Georgios Karatzaferis, o líder de outro partido de extrema direita, LAOS, e há alguns anos revelou como uma juíza da Corte Suprema alimentava um blog violentamente antisemita com um pseudônimo. Segundo Psarras, a extrema-direita faz pesar uma espada de Damocles sobre as sociedades : « com eles sempre se corre o mesmo perigo ». Despertam e alimentam os piores instintos. Além disso, obrigam os demais partidos a adotar os temas da extrema-direita e, quando a crise chega ao máximo, oferece soluções fáceis para pessoas que perderam completamente o rumo ».

O bairro de Agios Panteleimonas encontrou o seu com o timão da Aurora Dourada. Ofereceu segurança a cidadãos temerosos e a impôs prontamente. A noite cai suavemente, O vento é cálido, convida a um passeio distraído. Mas cada vez há menos siluetas nas ruas. Em algumas zonas do bairro, para caminhar à noite é preciso pedir permissão, peguntar com educação e agradecer com respeito.

Tradução: Katarina Peixoto
*Turquinho

Com o povo grego contra a troika

Do Esquerda.Net 


Portugal- A Casa do Alentejo  encheu para a conferência/debate "Com o povo grego contra a troika", realizada pelo Bloco de Esquerda que convidou representantes de outros partidos europeus para partilharem a realidade social e económica vivida nos seus países.
Veja o vídeo!




Leia também: “Na Grécia, vamos enfrentar uma batalha brutal”

A sessão “Com o povo grego, contra a troika” foi dirigida pela eurodeputada Marisa Matias e encheu o salão da Casa do Alentejo nesta sexta feira à noite.

Na sessão, intervieram Younos Omarjee da Front de Gauche de França, Jürgen Klute do Die Linke da Alemanha, Trevor Ó Clochartaigh do Sinn Féin da Irlanda, além de Loudovikos Kotsonopoulos da Syriza, de Manuel Carvalho da Silva e de Luís Fazenda.

Younos Omarjee da Front de Gauche falou do balanço “catastrófico” das intervenções das políticas da União Europeia (UE) e do FMI, elogiou a luta do povo grego e a sua “resistência sem igual” e condenou as intervenções dos governantes europeus, destacando que o novo presidente francês, François Hollande, “teve ontem um discurso [sobre a Grécia] assente na chantagem”.

Jürgen Klute denunciou os discursos dos governantes do norte da Europa e da Alemanha, afirmando que “não há transferência nenhuma [de riqueza] do Norte para o Sul da Europa, mas sim em sentido contrário”. Recordou que as dívidas não começaram por ser dos Estados, mas foram em primeiro lugar dos bancos, que “a dívida começou por ser do setor privado” e que é necessário “exigir à banca que contribua para resolver a crise”. O representante do Die Linke denunciou também que a Grécia é o maior consumidor da indústria militar alemã e o segundo da indústria francesa do armamento e que “Merkel e Sarkozy exigiram que Papandreou cumprisse os contratos [de armamento] com a Alemanha e a França”.

Trevor Ó Clochartaigh relatou as difíceis condições que o povo irlandês está a viver e referiu que os resultados do referendo ao pacto orçamental na Irlanda, em que o “sim” ganhou com 60% contra 40% do “não”, foi uma vitória do medo, perante a chantagem de que “deixará de haver dinheiro nos bancos”, “deixarão de haver postos de trabalho”. O representante do Sinn Féin frisou que, no entanto, as forças que apoiavam o “não” tiveram no máximo 20% nas últimas eleições e o “não obteve 40%, considerando que “quem não votou é quem mais sofre” e formulou o desejo que os “cidadãos gregos não sejam atingidos pelo mesmo problema do medo” no próximo domingo.

Loudovikos Kotsonopoulos da Syriza começou por afirmar que “é muito confortável saber que não estamos sós”. Questionou como pôde a Syriza estar no centro dos resultados eleitorais em pouco tempo, considerando que a “crise económica se transformou numa crise política”. Sobre esta evolução apontou cinco fases: 1 – erupção da crise económica, 2 – “crise da gestão pela troika”, 3 – “o processo de gestão que se traduziu num fracasso”, 4 – o fracasso da “coligação técnica” como “escudo político” dos dois partidos dominantes, 5 - “as pessoas tentaram uma representação política alternativa”. Referindo que todas as forças dominantes, externas e internas, estão focalizadas na Syriza, considerou que “estamos perante uma grande batalha”, uma “luta em defesa dos valores da justiça, da liberdade, da igualdade e da dignidade humana” e que espera que “a estrela vermelha do socialismo democrático possa iluminar o nosso continente mais uma vez”.

Carvalho da Silva denunciou que “mais uma vez de forma ignóbil o direito do trabalho é posto no banco dos réus”, que a “revisão da legislação de trabalho que está em curso visa também matar a esperança de salários dignos e de estabilidade laboral para os mais jovens”, destacando que o “direito do trabalho sustentado em regras de mercado e em relações de trabalho individualizadas é uma fraude”.


“Há um fantasma que percorre toda a Europa é o de uma alternativa de esquerda". Foto Esquerda.net

O ex-secretário geral da CGTP considerou que “os resgates das periferias mais não são do que um saque organizado dos acionistas dos bancos alemães e outros, isto é dos verdadeiros irresponsáveis que não se cansam de apontar o dedo para a irresponsabilidade alheia”. Sublinhando que “o roubo organizado e o caminho para o abismo prosseguem e que é preciso agirmos”, frisou que “o projeto para que os trabalhadores e os povos foram mobilizados está definitivamente posto em causa”. “A coesão económica e social, a evolução social no progresso, o respeito pela soberania e a cultura dos povos, a dimensão social do mercado interno tornaram-se expressões carentes de sentido”, disse.

Carvalho da Silva afirmou ainda que “seguramente não teremos saídas dos atuais bloqueios com caminhos traçados por aqueles que nos conduziram e nos conduzem para o desastre quer na União Europeia quer nos diversos países e em concreto em Portugal”. “Acho que estamos todos conscientes que no plano nacional não serão Passos Coelho, Relvas e Gaspar com os orientadores Borges e companhia que nos vão apontar soluções para os problemas com que nos deparamos”, disse, acrescentando que “também não haverá saídas pelas mãos daqueles membros do Partido Socialista que já só pensam na alternância que o desgaste calmo do Governo lhes há-de propiciar”. E, explicando que aceitou o convite do Bloco de Esquerda para participar nesta sessão porque “o povo português está a sofrer” e “é preciso agir”, frisou que “há muita luta social e política” a travar e que “temos que forçar a construção de denominadores comuns que sejam uma resposta para este sofrimento” do povo.

Por fim, Luís Fazenda começou por afirmar que “somos todos gregos” e salientou: “Há um fantasma que percorre toda a Europa é o de uma alternativa de esquerda, que não quer abandonar o euro mas que quer o predomínio de uma política progressiva sem austeridade, quer rejeitar os memorandos, as troikas, as imposições, as amputações da democracia.”.

Luís Fazenda lembrou que “há um ano havia um país resgatado e outro a ser resgatado agora há cinco”, que antes “era a crise dos PIGS, agora é a crise do euro”, considerou que “é necessária uma resposta fiscal, mas não chega devido aos off-shores”, que “não basta tentarmos encontrar medidas de mera regulação do capitalismo financeiro”, mas que é preciso “um polo público financeiro, a nacionalização do essencial da banca privada”. “Se não houver essa nacionalização haverá jogo do gato e do rato, meter o leão na jaula é a nacionalização do essencial da banca privada”, disse, acrescentando que “a direita quer liquidar o Estado Social, a nossa perspetiva é a inversa, o que exige controlar o poder económico e meios para o Estado Social”.

A concluir, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda, considerando que “é necessário não ter posições sectárias” e que “é necessário encontrar as mais vastas alianças para derrotar um inimigo poderoso”, declarou que “é preciso também neste momento que os vários setores à esquerda discutam os programas e as alternativas políticas”, frisando que “não nos podemos iludir novamente com terceiras vias que não resolvem coisa alguma e apenas mantêm o stato quo cada vez mais degradado, mais deteriorado”. Luís Fazenda sublinhou ainda que “uma esquerda europeia, pese ainda as suas insuficiências e dificuldades, é hoje uma realidade” e que “este é um ponto a favor da alternativa, que não é do isolamento nacional mas uma alternativa que tem de medrar na Europa”.

Haddad terá o maior tempo de TV em São Paulo

 


Júlia Duailibi
Com Daniel Bramatti

A provável entrada do PP na aliança de Fernando Haddad fará com que o pré-candidato do PT tenha o maior tempo de propaganda no rádio e na TV em São Paulo. O tucano José Serra, que ficaria em primeiro se assegurasse o apoio do PP, cairá para o segundo lugar graças à reviravolta no leilão das coligações.
Se o cenário de 14 candidatos se confirmar, Haddad terá direito a 107 inserções de 30 segundos na TV a cada semana e em cada canal. O mesmo vale para o rádio. A vantagem em relação a Serra será de 14 inserções por semana. No horário fixo de propaganda, o petista terá um minuto a mais do que o tucano por bloco. Veja a projeção feita pelo núcleo Estadão Dados:

Haddad (PT-PC do B-PSB-PP): 7min39s

Serra (PSDB-DEM-PSD-PV-PR): 6min38s

Chalita (PMDB-PSC-PTC-PSL): 4min32s

Russomanno (PRB-PT do B-PTN-PRP-PHS): 1min17s

D’Urso (PTB): 1min31s

Paulinho (PDT): 1min48s

Soninha (PPS-PMN): 1min20s

Giannazi (PSOL): 49s

Outros nanicos somados (PRTB, PCO, PSTU, PCB, PPL, PSDC): 4min21s

*esquerdopata

Guerra do Terror

Síria permanece em alerta diante de ameaça de agressão midiática

A Síria permanece nesta sexta-feira (15) em alerta contra a ameaça de uma agressão virtual e midiática anunciada por seus inimigos no exterior para incitar à violência e ao caos no país.
Na segunda-feira (11), meios de imprensa sírios e a rede Voltaire alertaram sobre o planejamento de ações que seriam desencadeadas a partir do meio dia desta sexta-feira (15), como parte dos acordos assumidos durante uma reunião da Liga Árabe em Doha, Catar, e a estratégia ocidental contra esta nação do Levante.

Segundo a advertência, quando os sírios vissem seus canais de televisão, supostamente suspensos de seu acesso aos sistemas de satélites, só captariam transmissões criadas pela CIA.


Imagens filmadas em estúdio mostrariam, provavelmente, massacres imputados ao governo, manifestações populares, ministros e generais demitindos, o presidente Bashar Assad em fuga, rebeldes reunindo-se em pleno centro das grandes cidades, bem como a chegada de um novo governo ao palácio presidencial, assegurou.

O objetivo dessa operação, dirigida diretamente de Washington — por Ben Rhodes, conselheiro anexo de Segurança Nacional dos Estados Unidos — é desmoralizar os sírios e permitir assim um golpe de Estado, precisou Voltaire.

A Otan, depois do duplo veto da Rússia e China no Conselho de Segurança da ONU, conseguiria assim conquistar a Síria sem ter que a atacar ilegalmente, assegurou o relatório acusatório.

De forma totalmente oficial, agrega, a Liga Árabe solicitou em sua reunião de Doha, Catar, aos operadores dos satélites Arabsat e Nilesat que ponham fim à retransmissão dos meios sírios, tanto públicos como privados Syria TV, Ekbariya, Ad-Dounia, Cham TV, entre outros.

Este corte aos canais sírios não deixará as telas em alvo e, segundo relatórios em poder da rede Voltaire, várias reuniões internacionais tiveram lugar nesta semana para coordenar a operação de intoxicação.

Supostamente, a operação em cerne compreende duas etapas simultâneas: por um lado, inundar os meios de notícias falsas, e pelo outro, censurar ou bloquear toda possibilidade de resposta.

Isto coincidiria com o incremento de ações de grupos armados contra o povo sírio nos últimos dias e a criação de um clima de violência em toda a nação.

Fonte: Prensa Latina

 http://ianoticia.blogspot.pt/2012/06/siria-permanece-em-alerta-diante-de.html


Plano de ataque dos EUA à Síria está pronto

Autoridades do Departamento de Defesa dos EUA confirmaram que o Pentágono concluiu procedimentos que descrevem como as forças americanas em breve poderão combater o governo da Síria.

Após meses de rumores sugerindo que os EUA estão armando as forças rebeldes que combatem o presidente sírio, Bashar al-Assad, o Departamento de Defesa diz a CNN que apenas os militares americanos podem derrubar o atual regime.

Em seu relatório, a CNN cita funcionários do Departamento de Defesa falando sob condição de anonimato, que confirmam que o aumento da violência na região nos últimos meses fez com que o Pentágono agilizasse a criação de um plano de ataque.


"Há uma sensação de que se a violência sectária na Síria crescer, ela poderia ser pior do que aquilo que vimos no Iraque", acrescenta o Departamento de Defesa.

RT informou no início desta semana que os EUA estariam preparando a criação de uma zona de exclusão aérea na Síria. Além disso, os funcionários dizem que um grande número de tropas americanas em breve poderá ser instalado no exterior para ajudar na guerra.

Sem a permissão da Organização das Nações Unidas, no entanto, os EUA têm sido hesitantes em oferecer qualquer assistência formal.


Fonte: Russia Today
 http://ianoticia.blogspot.pt/2012/06/plano-de-ataque-dos-eua-siria-esta.html#more

Oscar da corrupção de Dantas respinga em Gilmar

Reproduzido pelo Correio do Brasil: A lista com os casos de corrupção mais gritantes entre 1980 e 2011, divulgada sem muito alarde por segmento do Banco Mundial (Bird), na noite passada, repercutiu na manhã desta sexta-feira em mais um episódio negativo para o ministro Gilmar Mendes, que tem permanecido no noticiário por conta de suas declarações sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, depois por uma briga entre sócios e, agora, por ter sido citado em um documento internacional como o magistrado que liberou dois Habeas Corpus (HC), em questão de horas, para o banqueiro Daniel Dantas. Entre os escândalos listados no estudo do Bird estão registrados seis episódios brasileiros. O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) segue no topo da escala, com duas citações, seguido dos banqueiros Daniel Dantas e Edemar Cid Ferreira; do ex-subsecretário de Administração Tributária do Rio de Janeiro Rodrigo Silveirinha Correa; e da ex-executiva de contas do Valley National Bank, Maria Carolina Nolasco.

Comissão da Verdade decide criar “Wikipédia da ditadura”

Conforme o iG antecipou, integrantes já definiram que também utilizarão informações de internautas nas investigações; assim trabalhos do órgão devem durar mais que dois anos ---
Wilson Lima- iG Brasília--
Roberto Stuckert Filho/PR--
-Comissão da Verdade vai criar sistema on line para ajudar em investigações---
Durante as primeiras reuniões da Comissão da Verdade, os sete membros do órgão definiram que vão instituir um sistema on line para colher informações de parentes de vítimas da ditadura. A ideia é que esse sistema seja uma espécie de “Wikipédia” do regime militar.

McDonald's e CPI do Trabalho Escravo

Por Felipe Rousselet, na revista Fórum:
Na última terça-feira, 12, a rede de fast food McDonald's foi tema de uma audiência pública na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados. Convidada para prestar informações sobre sua jornada de trabalho e o seu sistema de remuneração de funcionários, a empresa não enviou nenhum representante. A reunião já havia sido remarcada três vezes, por sugestão da própria empresa, para que a mesma adequasse a agenda dos seus diretores ao compromisso.

Coisas que os brancos apreciam: a 135ª intervenção humanitária


11/4/2012, Marc Michael*, Jadaliyya em: Stuff White People Like n. 135 Humanitarian Intervention
15/6/2012  Marc Michael*, Conflicts Forum em: Stuff White People Like n. 135 Humanitarian Intervention  
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Em geral entendo-me bem com brancos. Para começar, fui criado em país de brancos. Alguns dos meus melhores amigos são brancos. Na minha longa história de amizade com brancos, aprendi uma coisa: se você quer que seus amigos brancos continuem a ser seus amigos, é preciso seguir algumas regras sacrossantas, dentre as quais a principal é: não falar mal das coisas que os brancos apreciam. Para os que não estejam habituados a esse cânone, há na internet uma página bem útil, que leva exatamente esse nome: “Coisas que os brancos apreciam. Embora já tenham praticamente esgotado o conceito, em verbetes que cobrem questões variadíssimas, que vão das TED Conferences ao Campeonato de Frescobol e à gastronomia asiática Fusion, falta lá uma importantíssima questão, que, sim, é coisa que os brancos apreciam: intervenção militar humanitária. Aqui, tento remediar essa lamentável omissão.
Intervenção humanitária na Líbia
Ao abordar amigos brancos em potencial, boa dica para quebrar o gelo é alguma frase curta sobre como resolver a crise du jour do Terceiro Mundo. Mas a intervenção militar humanitária, por mais que seja hobby exclusivo de brancos, também é questão espinhosa, difícil de manejar, porque implica conhecer a fundo todos os complexos códigos conversacionais, comparáveis às complexidades do croquet ou do bridge.
Na conversa que sempre se segue, evite manifestar qualquer dúvida clara sobre o valor ou as intenções da intervenção humanitária e de sua prima pobre, menos militarizada, a ajuda humanitária. “Intervenção” sempre é, pela própria natureza, nobre. Exclui necessariamente qualquer tipo de interesse financeiro ou geoestratégico. E mesmo que adiante, no processo, seja impossível não ver esses interesses, não comprometem nem deslegitimam a empreitada. São detalhes que ensinam que tudo sempre pode ser melhorado. Discordar disso, por pouca e superficial que seja a discordância, é o caminho mais curto para que seus amigos e conhecidos brancos ponham-se a falar mal de você pelas costas (teórico conspiracionista sem-noção); dependendo de o quanto você discorde, falam também na sua cara. Então, seja a favor de intervenção humanitária.
Intervenção humanitária na África
Diga você o que disser, a escolha da região do mundo que, em sua opinião, mais mereça intervenção humanitária, sempre revelará muito sobre o seu caráter. Por exemplo, se você recomendar intervenção humanitária na Palestina, mostrará personalidade com tendências tradicionalistas, limítrofe, quase orientalista. Mas se recomendar que se faça intervenção humanitária na Síria, você é do tipo mais Kosovo-intervencionista sensível. Nesse caso, você teme que se repita o massacre de Srebrenica. Por sua vez, se você manifestar preocupação com as crianças-soldados na África, estará dizendo aos brancos potencialmente seus amigos que você não só é extremamente devotado à felicidade dos condenados da Terra, mas, também, que é bem informado e sabe das coisas sobre partes do mundo que raramente aparecem no radar da empresa-imprensa de infoentretenimento.
Cidade na Síria após intervenção humanitária dos "rebeldes" árabes
Nessa confusão, os calouros aspirantes a amigos de brancos sempre erram numa coisa: apoiam indiscriminadamente todas as intervenções humanitárias, todas, sem diferença. Errado. É indispensável manifestar preferências, opinião, bom gosto, nessas questões sensíveis. Algumas intervenções são boas por questões geotopológicas, de terreno – por exemplo: planícies e desertos são bons cenários para intervenção humanitária, como na Líbia; a uniformidade étnica também, porque alta diversidade de etnias pode facilmente levar a guerra civil, como no Iraque; e os brancos são pacifistas. Qualquer outra linha de seleção de preferências a favor de intervenção humanitária criará problemas para seus amigos brancos, que descartarão suas preferências e você em pessoa, como sujeito sem serventia prática. Por exemplo: países ricos em petróleo, com governos que mantêm os interesses dos brancos sempre bem junto ao coração, como os Emirados Árabes Unidos ou a Arábia Saudita, absolutamente não são caso de intervenção humanitária; tampouco as colônias de colonizadores brancos contemporâneos, como Israel, onde o governo pensa que democracia seja modelo recém-inventado de arma de destruição em massa.
Com a “primavera árabe” no cardápio, o ápice do bom gosto branco sofisticado esse ano é introduzir na conversa a noção de “tipos de intervenção”. Embora para alguns o tópico exija trabalhosa pesquisa em blogs especializados e assinatura da revista The Economist, explicar com riqueza de detalhes o tipo de intervenção que pareça a você mais apropriado para cada contexto em torno do qual role o papo revela personalidade sutil, afinada com as nuances microscópicas da arte de matar não brancos, bem longe de casa. Os ataques devem ser preventivos? Ou o melhor será esperar que se acumulem certo número de cadáveres de inocentes oprimidos não brancos, antes de mandar para lá os Marines

Decidida a questão da tipologia, é preciso escolher entre (a) intervenções que visam a cercar defensivamente algumas áreas específicas de específico interesse para os brancos, e optar por ataques cirúrgicos que destroem a capacidade de fogo do inimigo, capacidade de fogo a qual algum governo branco e/ou empresa branca vendeu ao hoje inimigo, semana passada; e (b) intervenção militar física, direta, a qual, contudo, pode implicar que seu atual presidente não continue nem atual nem presidente eleito para segundo mandato. Há a alternativa, sim, de elogiar as virtudes pouco ortodoxas de sanções econômicas, as quais asseguram que crianças nativas morram morte digna, de fome, e tenham a privacidade perfeitamente preservada contra a superexposição na imprensa internacional.
Agora então, que você já incluiu com sucesso seus novos amigos brancos no Facebook, você começa a pensar que pode parar de falar sobre o significado de matar gente que você não conhece em terras sobre as quais sabe pouco – chamando o morticínio de “salvar” os carinhas. Errado.
Defender o seu voto e o político que você ajudou a eleger saiu de moda. Mas entraram em moda a intervenção no ciberespaço e a intervenção do ciberespaço nos jantares. O ativismo digital substituiu os bilhetes e os telefonemas, como arma preferencial, no arsenal disponível contra a injustiça global. Quase sempre se trata de ter assistido a vídeos militantes em YouTube e recomendá-los, para aprofundar a conscientização dos seus amigos e deputados e senadores brancos; mas muitos “gostei” (“curtir”) no Facebook valem praticamente a mesma coisa, na ciberguerrilha contra a consciência-zero.
Para os que se sintam um pouco limitados pela falta de alternativas, o ativismo digital afinal permite que os brancos ponham seu dinheiro onde põem os debates. Depois dos momentos “adote um órfão não branco faminto” e/ou “adote uma especiezinha ameaçada”, os e-revolucionários brancos veem ampliarem-se consideravelmente as suas perspectivas de justiça global, com o momento “adote um movimento revolucionário”.
Hillary Clinton
Filha bastarda do compromisso de H. Clinton com os direitos humanos à comunicação e com o movimento “adote um monge tibetano”, a internet permite hoje que os cidadãos brancos conscientes do mundo ganhem amigos ou conhecidos – como presente de aniversário ou de Natal, por exemplo – e “adicionem” um ativista revolucionário sírio: basta oferecer-se para pagar, por exemplo, a conta telefônica do ativista, por um mês ou dois. Infelizmente já não é possível adotar “combatentes da liberdade” árabes, exceto no caso dos carcereiros da prisão da baía de Guantánamo.
Coisas que os brancos não apreciam muito 
Nenhum guia decente de etiqueta branca que trate de o que dizer sobre “intervenção humanitária” estará completo, se não mencionar a regra central, pétrea, absoluta, cuja violação põe em risco até as mais sinceras amizades brancas: nunca, never, em nenhum caso pergunte a um amigo branco por que a “intervenção humanitária” é hobby exclusiva e especificamente de brancos.
Essa pergunta é tabu. Pode levar à morte súbita de um, dois, três, quatro ou cinco mitos fundacionais: o mito do privilégio dos brancos, o mito do “sofrimento do colonizador”, o mito da supremacia dos brancos, o mito de que os brancos não são racistas e o mito de que nunca perdem a compostura branca.
Drone RQ-170 (jato)
Comprova-se facilmente, se você gosta de experimentos perigosos. Tente perguntar a amigo branco se ele consideraria inteligente recomendar ataque preventivo, pela ONU, cirúrgico, com drones, contra as fábricas que produziam armas para os EUA, na primavera de 2003; para tentar evitar, por exemplo, que morressem um milhão de iraquianos, na guerra do Iraque. Não se surpreenda se seu amigo branco puser-se imediatamente a listar diferenças entre Bush e Saddam ou Gaddafi: Bush até talvez fosse meio dedo-nervoso no gatilho, mas jamais desceria a ponto de massacrar o próprio povo, o que só gerentões não brancos fazem. Questão de estilo. Nas democracias corporativas brancas ocidentais, governos provêm serviços (exceto eutanásia) ao próprio povo. Governo que mate manifestantes pacíficos do próprio povo é tão impossível quanto acionistas do Wal-Mart abrirem fogo de verdade contra fregueses, entrincheirados atrás do balcão de informações ou do setor de pães; seria absurdo em termos de marketing & Relações Públicas. Em liberalês, a língua que só os liberais brancos falam, o privilégio dos brancos implica necessariamente governo dotado de altos saberes de senso comum gerencial.
Há cerca de 12 anos, o Sul Global deu-se conta de que os brancos padecem de um plus de privilégio que os impede de ver com lucidez as próprias fraquezas. Por isso, emitiram Declaração assinada por 133 países, aproximadamente dois terços do globo e 100% do mundo não branco, em que gentilmente explicam que matar o próprio povo e lutar pela liderança política no próprio país são ações interpretadas em geral como política soberana, e que interferir nesse tipo de decisão não é exatamente o que se considera legal. Os brancos imediatamente esqueceram o lembrete.
Bernard Kouchner
O ministro francês de Relações Exteriores, Bernard Kouchner, por exemplo, lançou campanha em prol do “referendo putativo” [no Brasil, se diz mais frequentemente, “suposto”, que é sinônimo de “putativo” [1]: “suposto bandido”, “suposto ladrão”, “suposto kurrupto”, “suposta lei”, “suposto honesto”, “suposto ético”, mas nunca “suposto jornalista”, “suposto jornalismo”, “suposta fonte”, “suposta notícia” ou “suposto fato” (NTs)].
A intervenção humanitária passava a ser justa, se os brancos imaginassem os iraquianos a dizerem “sim” ao bombardeio-detonação do próprio país até ser convertido em amontoado de ruínas, num referendo apenas suposto, hipotético, jamais perguntado – cujo fundamento é o hino dos necrófilos: “Quem cala consente”. Assim ficou evidente que não se tratava propriamente de os brancos sentirem-se com algum “direito à intervenção humanitária”, o que seria uma modalidade de privilégio, mas, mais, de que se autoinvestiam num “dever de proteger” os pobres do mundo.
Esse desenlace nos devolve aos bons velhos tempos coloniais, quando o “dever de proteger”, “o peso sob o qual arca o colonizador branco” eram muito regularmente invocados para apoiar intervenções militares. Só não se entende por quê. Por que o peso sob o qual arca o colonizador branco é tão branco?
É sabedoria corrente no norte, que os brancos são geneticamente predispostos à empatia, à generosidade. Que cuidam melhor dos que oprimem. Não demora, e um cientista branco descobrirá que os brancos têm um gene que os capacita melhor para a solidariedade, para a compaixão pelos que sofrem, do que se lê todos os dias na primeira página do New York Times. Contra esse argumento genético, o melhor é tratar a coisa como fenômeno de fundamento histórico, uma especificidade cultural. O “dever de proteger” que incumbe aos de pele branca explica-se como se explica a “missão civilizatória” tão cara ao projeto colonial: os brancos governam melhor.
Essa forma de supremacia branca contemporânea sofre ligeira distorção na imaginação, o suficiente para que não se a entenda completamente, mas ainda assim é aproveitável como ferramenta de análise: governos brancos não massacram o próprio povo; as democracias (vale dizer: as políticas de brancos, por brancos, para brancos) não guerreiam entre elas.
O impecável silogismo segundo o qual os brancos fantasiam a própria supremacia e o peso que carregam às costas reza que os brancos têm um dever de proteger a vida, porque protegem melhor. De reservas naturais a protetorados, de zebras a tuaregues, de desastres ecológicos a poços de petróleo, a cantoria humanitária é sempre a mesma:
1) Todos os seres humanos têm igual direito à vida;
2) Governos brancos preservam melhor a vida;
3) Ergo, só os brancos merecem governar.
No frigir dos ovos, a intervenção humanitária estipula que há um direito humano à vida, e ninguém tem melhores atributos que os brancos para tomar conta da vida, essa preciosíssima mercadoria. Os brancos mantêm a vida viva por mais tempo.
A discussão não tem fim, porque, se se aceita que os brancos são naturalmente mais bem dotados para fazer o management da vida; e que a soberania dos estados-nação nada vale, se se trata de salvar vidas... não há qualquer imperativo moral que obrigue a resistir contra a volta da administração colonial sobre os interesses dos nativos. Afinal de contas, as estatísticas estão aí, a demonstrar sem sombra de dúvida que governos brancos cuidam muito melhor da vida dos respectivos cidadãos brancos – e daí, portanto, que tenham de assumir o dever de cuidar, logo, de vez, do resto dos cidadãos do resto do mundo.
O tabu que cerca essa questão – e razão pela qual você não pode perguntar a amigo branco por que a intervenção humanitária é hobby branco e de brancos – resulta desse fato tantas vezes encoberto: só as guerras e as intervenções humanitárias tocam bem fundo nas gozosas raízes dos sentimentos suprematistas dos brancos.
Conclusão: O que fazer?
Assim sendo, pois: você deseja salvar o mundo e ter amigos brancos, mas sabe que assistir a vídeos de YouTube e participar de quermesses de venda de bolo para fazer finanças para comprar armas para o governo de Uganda em luta contra o Exército da Resistência de Deus  [orig. Lord's Resistance Army (LRA)] não bastará.
Soldados do Exército de Resistência de Deus (Lord's Resistance Army) 
Você teme Deus e teme guerras, e já começa a desconfiar de que seu governo está mais interessado em resgatar banqueiros que fábricas de armas. Você deseja participar e promover justiça para todos, mas você não é branco perfeito, branco puro. E, mais importante, você já está de saco totalmente cheio de envolver-se apaixonadamente em invasões de países (qualquer um) árabes, tanto quanto já morre de tédio ao ver seu time favorito vencer mais um jogo decisivo do campeonato universal de futebol americano.
Temos então a solução perfeita para o seu caso: seja você mesmo a mudança. Passe a mão numa metralhadora e embarque para a Síria. Você consegue. Você estará arriscando a própria vida por ideais nos quais você não sabe se acredita muito. Mas... pense pelo lado bom. Você será a matéria-prima que os brancos mais apreciam: sem braços nem pernas. E livre. 

Notas de rodapé
*Marc Michael é sociólogo e vive no Cairo. Está concluindo sua tese de PhD na Universidade de Cambridge. Escreve sobre saúde pública, finanças, direito, política internacional e desenvolvimento
[1] Putativo. Adj. Acepções: 1) falsamente ou erradamente atribuído a (alguém ou algo); supositício, suposto (Ex.: filho putativo). 2) Rubrica: termo jurídico. Diz-se daquilo que, embora ilegítimo, é objeto de suposição de legitimidade, fundada na boa-fé (ou não) (Ex.: casamento putativo).

Tourinho Neto, o juiz que mandou soltar Cachoeira

No: Brasil 247

Desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Tourinho Neto tem sido um dos poucos magistrados sensíveis às demandas do advogado Marcio Thomaz Bastos, contratado por R$ 15 milhões, no caso do bicheiro Carlos Cachoeira; conheça algumas de suas decisões:

Preso desde o dia 29 de fevereiro deste ano, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, obteve pouquíssimas vitórias na Justiça até agora, embora tenha contratado um dos advogados mais caros do País: o criminalista Marcio Thomaz Bastos, ao custo de R$ 15 milhões. Em praticamente todas as decisões favoráveis, a assinatura nos despachos foi do desembargador Tourinho Neto.
A primeira dessas decisões aconteceu no dia 17 de abril, quando Cachoeira conseguiu deixar o presídio de segurança máxima em Mossoró (RN) e foi transferido para Brasília. Juiz responsável pela decisão? Tourinho Neto. Três dias atrás, Tourinho Neto tomou também a primeira decisão para, eventualmente, sacramentar a morte da Operação Monte Carlo. Relator de um pedido de habeas corpus apresentado por Thomaz Bastos, ele considerou as escutas ilegais.
Segundo Tourinho Neto, o delegado encarregado da investigação, Matheus Mella Rodrigues, fundamentou o pedido de interceptações em denúncias anônimas. “Não se pode haver a banalização das interceptações, que não podem ser o ponto de partida de uma investigação, sob o risco de grave violação ao Estado de Direito”, disse ele. O julgamento será retomado na terça-feira e se os demais magistrados acompanharem o relator, o trabalho dos policiais será atirado no lixo. Curiosamente, Cachoeira, notório por sua indústria de grampos ilegais, tenta se safar questionando a legalidade dos grampos da polícia.
Tourinho Neto também tomou outra decisão favorável a Cachoeira, no dia 13 deste mês, ao mandar desbloquear os bens do laboratório farmacêutico Vitapan, que está em nome de sua ex-mulher, Adriana Aprígio – o pagamento dos honorários de Thomaz Bastos passa pela indústria farmacêutica de Anápolis (GO).
Tourinho Neto é desafeto da ministra Eliana Calmon, corregedora do Conselho Nacional de Justiça, e é também visto com ressalvas por certas alas da Polícia Federal e do Ministério Público. Sua decisão de hoje, no entanto, não garante a liberdade de Cachoeira, porque ele ainda está em preso em função de outra operação da Polícia Federal, a Saint-Michel, cujo habeas corpus ainda não foi julgado. 
*OCarcará