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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, junho 20, 2012


Desliga a TV - Técnica PNL



Estamos de regresso com o projecto Desliga a TV, desta vez fomos mais a fundo e descobrimos uma técnica chamada PNL (programação neuro-linguística) que é uma técnica de manipulação e controle da mente.
Através de movimentos voluntários das mãos, contacto visual e um pouco de habilidade para se comunicar os profissionais das técnicas PNL conseguem enviar mensagens ao Subconsciente de pessoas digamos vulneráveis, um bom exemplo de um profissional no assunto é Derren Brown, este homem consegue entrar nas profundezas do subconsciente e manipular as pessoas de uma forma fantástica, nós aconselhamos a vocês que pesquisem sobre ele, é no mínimo incrível.
Derren Brown
É interessante ver como o nosso subconsciente consegue ser manipulado, o menos interessante é quando utilizam essas técnicas para manipular opiniões, para omitir a verdade e acima de tudo para controlarem os nossos pensamentos através de uma caixa que todos nós conhecemos designada de televisão.
Sim essa técnica de PNL é utilizada pela televisão para que você tenha a opinião que "eles" querem, que você tenha gosto pelo que eles produzem, e mais uma vez o que une você a eles são os apresentadores sensuais, simpáticos e super familiarizados com você, mas não se deixe enganar eles de certeza que conhecem essas técnicas digamos de marketing para "vidrar" as pessoas ao ecrã, e atingir o fundo do seu cérebro é só um pequeno passo que você nem se vai aperceber

Abaixo está o primeiro episódio da nova temporada da Desliga a TV - Técnica PNL, e terá a oportunidade de ver como a televisão manipula, e conheça algumas técnicas para bloquear até os membros do seu corpo

*Nina


*pampilona

Kassab ignora idosos e deficientes e ataca camelôs

image_previewCerca de 100 vendedores ambulantes protestam desde ontem (18), na frente da prefeitura de São Paulo contra medida unilateral do prefeito Gilberto Kassab (PSD), que cancelou as permissões de trabalho para todos os camelôs da cidade. A proibição começa a valer amanhã (20). Os mais prejudicados são os trabalhadores idosos e portadores de deficiência.
Parte do grupo passou a noite no local. Além de reivindicar direito ao trabalho, já que todos atuavam respaldados por Termos de Permissão de Uso (TPUs), os manifestantes. afirmam que a maioria já pagou os impostos relativos ao uso do solo até dezembro. 
“Desde 1998 não são concedidas novas autorizações e agora  a prefeitura tenta nos exterminar, suspendendo o trabalho regulamentado”, afirma o superintendente da União Nacional dos Deficientes Físicos (UNDF), Adir Ribeiro. 
Apenas na região da Subprefeitura da Sé, 450 permissionários tiveram as autorizações suspensas. Segundo a UNDF, 300 deles são deficientes físicos e cerca de 90% têm mais de 60 anos. 
“Hoje estamos aqui para mostrar para a sociedade e para o prefeito quem são as pessoas que eles estão tirando o direito de trabalhar”, diz o vice-presidente do Sindicato dos Permissionários, Alcides Oliveira.
A Defensoria Pública do Estado de São Paulo conseguiu, no dia 4, uma liminar suspendendo o efeito do decreto assinado por Kassab - que dava 30 dias para que os camelôs tirassem  suas barracas das ruas. Mas a liminar foi suspensa no dia 11 pelo  desembargador Ivan Sartori e o prazo se encerra hoje (19). Os trabalhadores prometem permanecer acampados na frente da prefeitura durante todo o dia. Amanhã farão uma passeata pela região central. Nos próximos dias, uma nova liminar pedindo a suspensão do decreto será julgada por um colegiado do Tribunal de Justiça. 
“Eu tenho 77 anos, trabalho há 62 na rua. Tenho uma perna mecânica e nunca precisei pedir esmola. Será que agora, com o governo do Kassab,  eu vou ter que pedir?”, questiona Gabriel Pereira Mota, que vende artigos de vestuário. 
A prefeitura alega que as medidas visam melhorar a mobilidade de pedestres pelas calçadas e a paisagem da cidade. E oferece, como contrapartida aos camelôs, pontos em três shoppings populares, em construção, e duas mil vagas para deficientes físicos e pessoas com idade acima de 60 anos em feiras livres. Mas os trabalhadores não gostam da ideia. “Como uma pessoa sem as pernas ou cega, como a maioria aqui, vai conseguir montar e desmontar todos os dias a barraca em uma feira? A prefeitura só diz que vai fazer esses shoppings, mas ninguém nem sabe onde eles ficam”, questiona o presidente da União Nacional de Deficientes Físicos, José Nilo
“Eu já paguei até dezembro as taxas de uso do solo. Como eu fico agora?”, indaga Milton Matias, de 64 anos, que trabalha nas ruas há 22. Ele conta que acorda diariamente às 3h para começar sua jornada de trabalho. “Com esse trabalho eu criei minha filha. que fez faculdade e tudo. e agora estou investindo no meu neto. Estamos reivindicando o direito de sobreviver. A única coisa que queremos é nosso direito de trabalhar”, diz. 
*Ocarcará

Herança maldita em SP: figurões terão 194% de aumento salarial

Um dos “legados” da gestão Gilberto Kassab (PSD) está novamente garantido. O governo municipal recuperou na Justiça o direito de reajustar o salário de subprefeitos, secretários-adjuntos e chefes de gabinete

No: Pragmatismo Político
kassab-aumentoO aumento havia sido barrado em fevereiro deste ano por meio de uma ação civil do Ministério Público.
A fonte de toda a discussão é a lei municipal 15.509, aprovada no fim de 2011. De uma vez só, ela elevou a quantia paga a funcionários em cargos de comissão e de confiança –ambos não concursados.
À época, Kassab defendeu o reajuste como um “legado importante para a cidade”, pois as novas quantias atrairiam profissionais qualificados. O impacto da mudança no erário foi estimado em R$ 19 milhões por ano.
Com a lei, desde janeiro, subprefeitos passaram a receber R$ 19,2 mil. Um pouco a mais em relação a secretários-adjuntos e chefes de gabinete, cujos salários subiram para R$ 18,3 mil e R$ 17,3 mil, respectivamente.
O Ministério Público viu duas possíveis irregularidades ali. Primeira: o regime de pagamento escolhido para a mudança foi o de subsídio. Na avaliação da Promotoria, só o prefeito, o vice dele, secretários e funcionários de carreira podem ser pagos por meio desse regime.
Em segundo lugar, o percentual do reajuste é contestado. Todos os salários ao menos dobraram. “Ela (a prefeitura) deu 0,01% para alguns funcionários e mais de 200% para outros. Isso viola o princípio da impessoalidade”, diz o promotor César Dario Mariano, autor da ação.
Em 7 de fevereiro, a juíza Simone Viegas de Mores, da 8ª Vara da Fazenda Pública, concordou com os argumentos. A seu ver, o reajuste afronta princípios da “legalidade, moralidade e eficiência do serviço público”.
O novo salário foi bloqueado. Mas durou pouco. Trinta dias depois, ao analisar um recurso da prefeitura, o desembargador Ferraz de Arruda, da 13ª Câmara de Direito Público, derrubou a liminar, permitindo o reajuste.
No Portal Transparência, o salário dos 31 subprefeitos aparece atualizado, assim como o dos chefes de gabinete e o dos adjuntos. Procurada, a assessoria de imprensa da prefeitura confirmou os pagamentos, mas não se posicionou em relação aos questionamentos da Promotoria.
Mariano espera, agora, o novo julgamento do processo. Não há data prevista. Se houver outra decisão desfavorável, ele deve insistir. “Vamos até o Supremo Tribunal Federal, disso pode ter certeza.”
A disputa deve se estender por um bom tempo, em razão das divergências na interpretação da lei. “É um terreno escorregadio”, diz a professora Odete Medauar, da Faculdade de Direito da USP. “Não há clareza na legislação. Você pensa que é até proposital para não ter como pegar. Se ninguém contesta, fica, mesmo que seja ilegal.”
*Ocarcará

A TEORIA DOS DOIS DEMÔNIOS


GUERRILHA: OS  ASPECTOS "OBSCUROS"
As Comissões de Verdade, que deixam vislumbrar a possibilidade de colocar em evidência os crimes da ditadura, têm mobilizado a direita midiática. A parte “mais moderada” dessa direita aplica a Teoria dos dois Demônios, segundo a qual  repressores e guerrilheiros cometeram as mesmas atrocidades. Esta tese é, na maioria dos países, insustentável, por numerosas razões que mencionamos em textos anteriores, mas que, em algum momento, deverá ser tratada em todos os detalhes.

Agora é necessário alertar que veículos da mídia “enriquecem” a teoria dos Dois Demônios mostrando que os guerrilheiros não apenas executaram seus inimigos objetivos, mas também mataram membros de seus próprios quadros, acusados de traição. (vide)


Veja também o artigo de Celso Lungaretti aqui. Em especial, há neste trabalho uma referência às motivações de resistentes desesperados pela infiltração, que merece uma reflexão respeitosa. 
O jovem Marx era um humanista


Quero começar deixando claro que a aplicação de qualquer forma (revolucionária ou não) da pena de morte é contrária a ética humanista e naturalista que guiou a esquerda clássica, desde o marxismo juvenil (Manuscritos, Sagrada Família, Ideologia Alemã), até a Nova Esquerda, incluindo a totalidade da esquerda da Europa Ocidental. 


Aplicação de  pena de morte  se refere a execução de inimigos rendidos, cuja morte é puramente punitiva e não supõe a necessidade de defesa imediata. Esta defesa justificou o acionar das guerrilhas da América Central (nem sempre da América do Sul), da Europa ocupada pelo Fascismo e hoje da Primavera Árabe. 


Em seguida, desejo mostrar que três conceitos básicos dos militares (tortura, pena de morte e dano colateral) são, em medida algo diferente, concepções desumanas, que transformam a moral dos grupos de esquerda num simples pragmatismo estratégico e contribui a degradar seus objetivos. 


Finalmente, desejo salientar que o lado obscuro da guerrilha, que não deve ser defendido, não têm nada a ver com os objetivos das Comissões de Verdade, cujo intuito é descobrir, analisar e registrar os crimes de estado e não quaisquer outros crimes que possam ter sido cometidos durante a resistência. Dou como exemplo o caso de outros processos pós resistência, em outros países, que ignoraram este tipo de ações. 


Trazer a tona estes problemas é mais um dos cansativos e redundantes atos de ação da direita. É uma provocação sem fim que visa esvaziar o sentido da investigação. A direita acha que genocidas são humana e eticamente superiores aos resistentes e defendem a tortura e o genocídio, mas nem sempre a situação externa lhes permite enunciar essas macabras teses. Nesses casos, limitam-se a dizer: “São todos iguais”. 


Fetichismo versus objetividade 


Quando, desde a esquerda, se divide as pessoas em boas e ruins, se está carregando com o velho fetichismo maniqueísta da sociedade de classes. A idéia subjacente a este maniqueísmo é que existem pessoas de diversa qualidade, e que algumas merecem viver e outras não. 


Concomitante com isso aparece a crença de que objetos abstratos (transformados agora em fetiches) têm o mesmo valor (ou, às vezes, valor maior) que a vida consciente, que sempre é individual e concreta. 


O fetichismo que dá valor superior a entes misteriosos e intangíveis, como raça, nacionalidade, divindade, honra, etc., é justamente o que mais combateu o marxismo, que se propôs encontrar os componentes objetivos do pensamento social. 


Resultado desse combate foi a primeira construção do estudo social como verdadeira ciência, embora, em alguns casos, David Ricardo tenha antecipado em pequena medida, desde uma perspectiva capitalista, o que Marx e Engels fariam depois de um ponto de vista universal. Esse humanismo universalista existiu no movimento comunista oficial desde os começos, em 1799, até 1920 ou 21, quando Lenin definiu o poder soviético (soviétskaia blast’). 


A noção leninista de poder abre caminho à teoria stalinista de “socialismo num só país”, criticada pela Quarta Internacional. Além disso, o poder destrói a noção de igualdade e, com ela, a de liberdade, pois quem possui poder nunca é igual a quem deve obedecer, e nenhum poder (centralizado ou não) é compatível com a liberdade. 


Mas, a verdadeira esquerda não acaba em 1920, pois passa pela Escola de Frankfurt, o movimento Espartaquista, os marxistas independentes, o anarquismo, o socialismo fora da socialdemocracia, e culmina nas novas esquerdas. 


Teoricamente, a democracia burguesa consiste na supremacia dos direitos das maiorias sobre as minorias. Na prática, sabemos que não é assim, pois as maiorias são guiadas pela propaganda da direita. Mas, mesmo se fosse verdade, seria ainda uma visão estreita da emancipação humana. 
Otto Bauer, pensador austríaco


Na visão da esquerda, a emancipação é muito mais ampla que a ditadura da maioria, que é uma metáfora para indicar o estágio de democracia proletária que tenta eliminar as classes dominantes, porém não tornar-se alternativa delas. [Isto é formulado por Marx e Engels, e fica claro na polêmica de Marx com Otto Bauer sobre a emancipação judia.]


A emancipação deve ser universal: democracia socialista é a igualdade dos direitos de todos, pois as contradições entre maioria e minoria devem desaparecer. Os direitos para todos não significam, como se pretende perversamente desde as tendências neofascistas, a reconciliação com o inimigo. O inimigo existe, mas não permite reconciliação e tampouco deve ser exterminado fisicamente. O inimigo desaparecerá quando a sociedade esvazie sua causa de todo poder, e isso só se consegue com a consciência.


Pode se dizer que isto não aconteceu na prática em nenhum estado. Essa observação é correta. Mas, isso é consequência de que não temos exemplos de nenhum estado socialista atual. Socialista foi a efêmera comuna de Paris, a sociedade russa até 1920, a República de Bayern destruída pelo fascismo, e alguma outra. Hoje, temos apenas exemplos de capitalismos de estado que são simples ditaduras. Isso, no melhor dos casos. No pior, há tiranias sangrentas como a do partido Baath’, que usa o nome “socialista” como rótulo.


Observe-se que, como já era evidente aos movimentos sociais no começo do século 19, as causas da divisão da humanidade em amigos e inimigos estão todas na sociedade de classes e esta, por sua vez, é o produto da associação entre militarismo e teologia. 


A eliminação das forças armadas em pequenos países, como o Panamá e a Costa Rica, mostram que esta utopia pode ser realizada. Entretanto, elas não são modelo de superação do fetichismo, pois ambas sofrem um enorme peso do obscurantismo teológico. Por outro lado, a Suécia é um exemplo de estado quase totalmente secular, mas mantém um exército, mesmo que seja defensivo. O resultado, se houver, só pode acontecer num futuro distante. 


Traição, tortura, dano colateral 


A luta armada de parte da esquerda é um processo civil e assimétrico. Este tipo de luta teve como principal objetivo reestabelecer a democracia como aconteceu em quase toda a América: os movimentos armados do Brasil, Chile, Uruguai e Paraguai, procuravam derrubar suas próprias ditaduras. 


Na Argentina houve uma mistura muito complexa, pois a luta armada começou com um movimento nacionalista católico e foi absorvendo jovens desiludidos da esquerda tradicional, o que acabou dando ao movimento um estilo diferente. O exemplo típico disso foram os Montoneros e as Forças Armadas Revolucionárias (FAR). Houve, também, um movimento de luta armada autenticamente de esquerda, que surgiu de uma divisão da 4ª Internacional, que sempre foi contrária ao blanquismo. Este foi o Exército Revolucionário do Povo (ERP). 


Por causa disso, o caso da Argentina não tem tanta analogia com os outros da América do Sul, se aproximando mais aos movimentos armados nacionalistas da Europa como IRA ou Brigadas Vermelhas (mas, não aos movimentos como Autonomia Operaia ou Lotta Continua) 


Já os movimentos armados da América Central se propunham, analogamente ao Brasil e ao Chile, derrubar as ditaduras apoiadas pelos americanos com a Operação Charlie. Aqui temos um exemplo de luta armada realmente defensiva, que incluiu grandes massas em sua ação. Não concorda, como às vezes se acredita, com o foquismo e, também diferentemente dos movimentos foquistas, teve sucesso, já que forçou a reunião na Ilha Contadora que permitiu a democracia, pela primeira vez, em várias repúblicas da América Central. 
Pancho Villa e Emiliano Zapata


Vários desses movimentos mantiveram de maneira coerente a luta pela restituição da democracia burguesa, como passo fundamental para uma futura, porém não imediata, instalação do socialismo. Eles são semelhantes aos movimentos antifascistas e têm pouco a ver com o social-nacionalismo dos caudilhos populistas da região. 


Com este marco de referência, voltemos a questão do lado obscuro da guerrilha: a execução de alguns de seus próprios membros por traição. 


Em forma mais o menos explícita, há três conceitos que formam a base da filosofia militar: a traição, que deve ser castigada com a tortura (para que o traidor sofra o máximo possível e revele informação relevante), e a  morte, tanto de traidores como de inimigos. Mas, na ética militar, a morte de civis também é permitida sob o nome de dano colateral: a vida humana, mesmo de inocentes, é apenas um detalhe que não pode atrapalhar o fim último, que é a defesa da pátria, a nação, a fé, a soberania, e coisas do gênero. 


Os grupos autopercebidos como esquerda sempre repudiaram a tortura, e estabeleceram a luta contra ela como um princípio irrenunciável. Entretanto, às vezes se tentou justificar, em alguns movimentos de outros países  a aplicação do que se chamava “pressão revolucionária”, para obter informações que permitissem salvar a vida de colegas presos ou em risco de captura. 


É importante ter em conta que, do ponto de vista de uma ética progressista, a vida consciente tem um valor intrínseco, que não depende de quantas outras vidas estão sendo ameaçadas ao mesmo tempo. A tradição de esquerda recolhe, de maneira correta, um dos valores positivos da tradição judia, segundo a qual destruir uma vida humana equivale a destruir um universo.


Desvirtuamento


Torturar um inimigo para “salvar” vários companheiros significa tomar decisão sobre a dor e a vida de uma pessoa já rendida. O critério de que deve salvar-se a vida de alguns destruindo a de outros conduz a uma brutalização absoluta do sentimento humanitário da esquerda. 


É por este tipo de razões que as “esquerdas” latino-americanas (salvo pequenos grupos) defendem hoje ditaduras, guerras de extermínio e se aliam com movimentos demagógicos claramente capitalistas. 


Em menor medida, a punição dos companheiros traidores com a execução, é um desvio de natureza análoga à “tortura leve” para salvar a vida alheia. Em sua forma original, o conceito de traição é tipicamente um fetiche militarista e teológico. 


Traição significava a desobediência ou rebelião contra alguém superior (um nobre, um comandante, um padre, o rei), e era incompatível com qualquer noção de igualdade. O republicanismo europeu, que era de direita em sua maioria, substituiu estes conceitos monárquicos, por fetiches “laicos”. A traição seria a desobediência ou dano contra entes abstratos: pátria, bandeira, uniformes militares, e assim por diante. 


Isso se evidencia já na mitologia. Judas paga sua traição contra Cristo sendo horrivelmente mordido por Lucifer, e Dante reserva aos traidores o nono círculo do inferno, o mais fundo e doloroso. Na militarizada Inglaterra anterior a Segunda Guerra, a noção de traição impregna a maior parte da literatura. 


Ao adotar o conceito de traição e considera-la punível, alguns movimentos de esquerda aceitaram os fetiches da direita e aproximaram  os movimentos revolucionários aos exércitos regulares. Ou seja, um processo que se propunha emancipar a humanidade, adotava um estilo próprio das instituições mais escravizadoras da história. 


Deve destacar-se, porém, que, no caso do Brasil, estes fuzilamentos de “traidores” foram poucos, como se reconhece na matéria de jornal referida acima. Eles mencionam apenas quatro casos. Além disso, a guerrilha do Brasil não praticou nem mesmo tortura “leve” contra prisioneiros, como aconteceu em algum outro lugar.
  
Civis massacrados em My Lai (1968)
O problema do dano colateral é muito complexo, mas vou usar um exemplo. Para os militares, a vida possui pouco valor; não apenas a de civis, também as de suas próprias tropas, que são mandadas à morte sem nenhuma hesitação. 


Portanto, a morte colateral de pessoas que nada têm a ver com o conflito é perfeitamente natural. Um carrasco militar argentino e um brasileiro, em diferentes épocas, usaram a mesma metáfora para referir-se a este assunto: 


“Quando você tira um câncer, você também elimina células periféricas sadias para evitar a expansão. Isso é dano colateral”. 


Exércitos brutais, como os nazistas, os sul-americanos, ou os do Sudão, da Síria, etc. atacam civis de maneira premeditada. Não há dano colateral. Todo dano é proposital. Exércitos menos brutais não visam alvos civis, mas também não se importam com sua vida. Numa intensidade menor de barbárie estão os que reduzem ao mínimo os danos colaterais, ou seja, evitam o “desperdiço”. 


Ora, um grupo armado que se reconheça de esquerda, jamais pode usar o conceito de dano colateral. Um exemplo é o caso do ERP da Argentina. Em 1972, esse grupo preparou uma tocaia para um militar que comandava um campo de tortura. O objetivo não era a vingança, mas interromper sua carreira de torturador, beneficiando suas vítimas. 


Durante a tocaia, o militar foi morto a tiros, mas uma bala ricocheteu e matou também um civil. O ERP entendeu que um grupo marxista não podia aduzir “dano colateral” e suspendeu todas suas ações armadas, que vinham crescendo. Além disso, publicou comunicados manifestando sua autocrítica. Embora o ERP não dissera de maneira explícita, entendia-se que o risco de tortura de companheiros não justificava a morte de nenhum civil, de alguém alheio à aplicação dessa tortura. 


Desvio de objetivos 
Então, assim como um grupo de esquerda não tortura nem aceita danos colaterais, tampouco deve fuzilar traidores. Entretanto, essa conduta de movimentos de esquerda brasileiros, não é assunto de incumbência das Comissões de Verdade.  


O objetivo dessas comissões é mostrar a verdadeira história dos repressores e individualizar os responsáveis pelo massacre. A conduta dos militantes é coisa do passado e se suas ações fossem ainda puníveis, seus possíveis delitos seriam de natureza bem diferente daquela que a Comissão de Verdade investiga. 


Aliás, embora nenhuma execução seja justificável, pelo menos é preciso tratar todos os casos equivalentes com pesos similares. De acordo com os arquivos dos principais jornais, a mídia comercial não condenou os que lutaram violentamente contra o nazismo e o fascismo, nem os que, desde essa perspectiva, executaram cidadãos pelo fato de ser “traidores”. 


É verdade que na França de Vichy  houve muitas denúncias que diziam que a “execução de traidores” eram simplesmente parte do terror comunista. Entretanto, essas críticas provinham de fontes nazistas, como o círculo do Marechal Pétain, não de jornais supostamente neutros. Os que hoje denúnciam o “lado obscuro da guerrilha” não têm a transparência de esclarecer que eles são defensores daquele terrorismo de estado, e simulam ser neutros. 


Em outros países, nem a direita (salvo a fascista) criticou a execução de colaboracionistas. 


Por exemplo, as forças britânicas justiçaram os colaboracionistas  John Amery  (1945), William Joyce (1946) e Theodore Schurch (1946), quando eles já estavam presos, sem representar perigo para ninguém, e após da conclusão de Guerra, ou seja, quando eles não podiam ajudar mais os nazistas. (Amery foi morto em dezembro de 1945, então, bem depois da rendição da Alemanha). Salvo a mídia abertamente pró-Eixo, não houve críticas ao fuzilamento de colaboracionistas. 


O conhecimento do “lado obscuro da guerrilha” é importante, como qualquer outro dado histórico sobre assuntos relevantes. Mas, sua difusão neste momento não visa apenas satisfazer a sede de conhecimentos dos leitores. 


O que tenta fazer a imprensa que foi subserviente à ditadura é encontrar todos os atalhos possíveis para desmoralizar a investigação dos crimes dos que foram seus benfeitores. 


Estas denúncias visam prover uma CORTINA DE FUMAÇA para confundir o público desinformado.

Texto original:Carlos Lungarzo (professor titular da Universidade Estadual de Campinas)



A AUSÊNCIA DE UMA NOVA NARRATIVA NA RIO + 20

O vazio básico do documento da ONU para a Rio+20 reside numa completa ausência de uma nova narrativa ou de uma nova cosmologia que poderia garantir a esperança de um "futuro que queremos" lema do grande encontro. Assim como está, nega qualquer futuro promissor.
Para seus formuladores, o futuro depende da economia, pouco importa o adjetivo que se lhe agregue: sustentável ou verde. Especialmente a economia verde opera o grande assalto ao último reduto da natureza: transformar em mercadoria e colocar preço àquilo que é comum, natural, vital e insubstituível para a vida como a água, solos, fertilidade, florestas, genes etc. O que pertence à vida é sagrado e não pode ir para o mercado dos negócios. Mas está indo, sob o imperativo categórico: apropia-te de tudo, faça comércio com tudo , especialmente com a natureza e com seus bens e serviços.
Eis aqui o supremo egocentrismo e a arrogância dos seres humanos, chamado também de antropocentrismo. Estes veem a Terra como um armazém de recursos só para eles, sem se dar conta de que não somos os únicos a habitar a Terra nem somos seus proprietários; não nos sentimos parte da natureza, mas fora e acima dela como seus "mestres e donos". Esquecemos, entretanto, que existe toda a comunidade de vida visível (5% da biosfera) e os quintilhões de quintilhões de microrganismos invisíveis (95%) que garantem a vitalidade e fecundidade da Terra. Todos estes pertencem ao condomínio Terra e têm direito de viver e conviver conosco. Sem as relações de interdependência com eles, sequer poderíamos existir. O documento desconsidera tudo isso. Podemos então dizer: Com ele não há salvação. Ele abre o caminho para o abismo. Enquanto tivermos tempo, urge evitá-lo.
Tal vazio se deriva da velha narrativa ou cosmologia. Por narrativa ou cosmologia entendemos a visão do mundo que subjaz às idéias, às práticas, aos hábitos e aos sonhos de uma sociedade. Por ela se procura explicar a origem, a evolução e o propósito do universo, da história e o lugar do ser humano.
A nossa atual é a narrativa ou a cosmologia da conquista do mundo em vista do progresso e do crescimento ilimitado. Caracteriza-se por ser mecanicista, determinística, atomística e reducionista. Por força desta narrativa 20% da população mundial controla e consome 80% de todos os recursos naturais; metade das grandes florestas foram destruídas, 65% das terras agricultáveis, perdidas, cerca de 27 a cem mil espécies de seres vivos desaparecem por ano (Wilson) e mais de mil agentes químicos sintéticos, a maioria tóxicos, são lançados na natureza. Construímos armas de destruição em massa, capazes de eliminar toda vida humana. O efeito final é o desequilíbrio do sistema-Terra que se expressa pelo aquecimento global. Com os gases já acumulados, até 2035 fatalmente se chegará a 3-4 graus Celsius, o que tornará a vida, assim como a conhecemos praticamente impossível.
A atual crise econômico-financeira que mergulha nações inteiras na miséria nos fazem perder a percepção do risco e conspiram contra qualquer mudança necessária de rumo.
Em contraposição, surge a narrativa ou a cosmologia do cuidado e da responsabilidade universal, potencialmente salvadora. Ela ganhou sua melhor expressão na Carta da Terra. Situa nossa realidade dentro da cosmogênese, aquele imenso processo de evolução que se iniciou há 13,7 bilhões de anos. O universo está continuamente se expandindo, se auto-organizando e se autocriando. Nele tudo é relação em redes e nada existe fora desta relação. 
Por isso todos os seres são interdependentes e colaboram entre si para garantirem o equilíbrio de todos os fatores. Missão humana reside em cuidar e manter essa harmonia sinfônica. Precisamos produzir, não para a acumulação e enriquecimento privado mas para o suficiente e decente para todos, respeitando os limites e ciclos da natureza.
Por detrás de todos os seres atua a Energia de fundo que deu origem e sustenta o universo permitindo emergências novas. A mais espetacular delas é a Terra viva e os humanos como a porção consciente dela, com a missão de cuidá-la e de responsabilizar-se por ela.
Esta nova narrativa garante "o futuro que queremos". Do contrário seremos empurrados fatalmente ao caos coletivo com consequências funestas. Ela se revela inspiradora. Ao invés de fazer negócios com a natureza, nos colocamos no seio dela em profunda sintonia e sinergia, respeitando seus limites e buscando o "bem viver" que é a harmonia entre todos e com a mãe Terra. Característica desta nova cosmologia é o cuidado no lugar da dominação, o reconhecimento do valor intrínseco de cada ser e não sua mera utilização humana, o respeito por toda a vida e dos direitos da natureza e não sua exploração e a articulação da justiça ecológica com a social.
Esta narrativa está mais de acordo com as reais necessidades humanas e com a lógica do próprio universo. Se o documento Rio+20 a adotasse, como pano de fundo, criar-se-ia a oportunidade de uma civilização planetária na qual o cuidado, a cooperação, o amor, o respeito, a alegria e espiritualidade ganhariam centralidade. Tal opção apontaria, não para o abismo, mas para o "o futuro que queremos": uma biocivilização da boa esperança.
Texto: Leonardo Boff  (teólogo)

FONTE: FUNDAÇÃO LAURO CAMPOS
*MilitânciaViva

Lula+Maluf!!!!!!!!!

será que é isso que  vai acontecer

Não entendi.
Sei que a tukanofobia do Lula é igual à minha, assim como o pavor de voltar a ter um tukano no poder (não se enganem, AhÓcio Never é MUIIIITO pior que ssERRA e FHH), mas porra, Maluf!!! Caraio!!!

Mas ai também tem as circunstâncias, política é como nuvem, agora vc olha e vê um burro, olha de novo e vê um unicórnio, depois vira vaca e por aí vai. 

Não esquecendo também que Maluf vinha sendo cortejado por todos os lados, P$DB o mais ansioso para tê-lo como parceiro, mas sem nada a oferecer nessa merda de barganha política, verdadeiro mal da política Brasileira. Uma vitória que parece uma derrota para o PT e o Lula, principalmente com o cumprimento da exigência do PROCURADO pela interpol de que Lula fosse à sua casa para firmar o pacto (com o DEMo ???).

Mas não esqueçamos quem é o Lula. Ele já deu provas incontestes de que é um gênio, um verdadeiro animal político, como o próprio (argh) Maluf; não vou me espantar nada se der certo, lembram das críticas à escolha do 'poste' Dilma???????

Lembro aos defensores da atitude de Erundina como ética que isto implica em afirmar que Lula é aético

Não há meio termo nem espaço para tergiversação. O presidente Lula, que saiu do governo como o presidente mais popular da história do Brasil e elegeu "um poste", como a presidenta Dilma era considerada pela mídia serrista, poderia estar em casa ou dando palestra e recebendo fortunas pelo mundo, mas colocou a mão na m... massa e resolveu apostar na candidatura de Fernando Haddad, para que São Paulo se juntasse ao projeto vitorioso do Brasil.

Para tanto, Lula julgou que seria importante a presença do PSB na campanha. E julgou também que seria importante a presença do PP de Paulo Maluf, como antes julgara a do PSD de Kassab. O objetivo era (e é) trazer a experiência vitoriosa do governo federal para a prefeitura de São Paulo.

Quando a deputada Erundina assumiu o compromisso de ser vice na chapa de Haddad, conforme acordo com seu partido, já sabia das negociações anteriores com Kassab e de outra em curso com o PP de Maluf. E não se opunha a ela, como fica claro neste trecho de uma entrevista que ela deu ao Estadão em 16 de junho (há três dias) e que reproduzo a seguir [destaque em negrito é meu]:

Estado: A sra. combateu o deputado Paulo Maluf durante parte muito importante de sua carreira política. Que avaliação a sra. faz da entrada dele na campanha?
Luiza Erundina: Foi uma decisão dos partidos que não passou nem passaria por mim. Provavelmente teria dificuldade de aceitar essa decisão. Meu partido deve ter sido consultado sobre isso. As responsabilidades de alianças são da direção nacional.

Estado: Tivesse sido consultada, diria ‘não’?
Luiza Erundina: Faria minhas ponderações. Não vou estar confortável no mesmo palanque com o Maluf. Com certeza não. Até acho que ele nem vai enfrentar a reação da massa, que é o nosso povo, com quem a gente vai ganhar as eleições e governar a cidade. Com esse povo a gente consegue manter a coerência.

Estado: A sra. foi surpreendida pelo apoio?
Luiza Erundina: Fui, quando o jornalista me mostrou uma mensagem eletrônica. Agora eu entendo o pragmatismo de ter uns minutos a mais numa disputa acirrada, esses minutos, segundos, devem fazer diferença. Agora não sei se o custo político compensa a vantagem do tempo de televisão. Mas acho que a campanha não sou eu e nem Maluf individualmente. É um processo muito mais amplo, complexo, plural. Isso se dilui, a meu ver. Claro que não é confortável. Pra mim não será confortável estar no mesmo palanque com o Maluf. Não que eu tenha nada contra a pessoa dele. Inclusive a gente convive no Congresso numa boa. Ele sabe o que eu penso, eu sei o que ele pensa. A gente convive no mesmo espaço e tem que saber distinguir a pessoa daquilo que ela pensa e faz na política.

Portanto, Erundina sabia da possibilidade de Maluf na campanha e, se confessava que lhe era desconfortável,  aceitava a decisão da direção nacional de seu partido e da campanha.

Mas, a tal foto de Maluf com Lula e Haddad, mais o violento ataque vindo da mídia serrista e até de vários simpatizantes e militantes do PT ou do governo mudaram a decisão de Erundina, que, segundo o presidente do PSB, teria desistido da candidatura.

Está sendo elogiadíssima pela mídia serrista, por outros partidos de oposição ao governo e até por militantes que odeiam o Maluf e apoiam a "decisão ética" da deputada. Imaginem José Serra, então...

Pergunto: Se ela já sabia da possibilidade da aliança e concordava com ela,  por que mudou de ideia? Por que colocou sua imagem pessoal à frente de um projeto político com o qual ela dizia concordar?

Pergunto também aos militantes, aos petistas e admiradores do presidente Lula que enaltecem a posição de Erundina:

- É certo lançar o presidente Lula às feras, colocá-lo como antiético ou aético, em oposição a uma ética Erundina?

Eu não acho.
*BlogdoMello

Informativo oficioso da campanha de Serra, Folha informa: Alckmin vai tirar estatal que deu a Maluf porque PP não se aliou a Serra

A decisão já estaria tomada. Segundo a Folha, "o governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu tirar das mãos do deputado Paulo Maluf o comando da CDHU, a companhia de habitação do Estado de São Paulo".

Quer dizer então que a CDHU do governo tucano está nas mãos de Maluf não por competência do gestor, mas apenas por um toma-lá-dá-cá político? Mas os tucanos fazem no particular aquilo que condenam no PT em público?...

Na cúpula do governo, a troca está sendo tratada como "inevitável". Há, no entanto, divergências sobre qual o melhor momento para fazê-la.

A maioria dos conselheiros do governador acredita que a mudança só deve acontecer após a eleição municipal, junto a outras substituições no secretariado. Desse modo, Alckmin evitaria que o ato fosse lido como uma retaliação.

Seria esta então a satisfação que Alckmin daria a Serra, que teria ficado furioso com ele que não teria se esgorçado o suficiente para que Maluf e o PP fechassem com a candidatura do tucano à prefeitura de São Paulo?
*BlogdoMello

O que o PT está ganhando com o apoio de Paulo Maluf, além de minutos a mais no horário eleitoral gratuíto? Não podemos esquecer que José Serra tem todo o PIG a seu favor 24 horas por dia


Pra ganhar o quê?

Essa pergunta é para o Lula. Luiza Erundina possui uma reputação irretocável, foi certamente a melhor prefeita de São Paulo dos últimos trinta anos. Como não poderia deixar de ser, sua gestão foi atacada diariamente pelo PIG, o que estimulou os ímpetos fascistóides de boa parte da classe média paulistana. Foi justamente essa parcela do eleitorado paulistano que votou em bloco em Paulo Maluf, logo após o término do governo Erundina, que não conseguiu eleger seu sucessor, Eduardo Suplicy. Como deve estar a cabeça desse povo agora que seu guia fechou com o PT hein? Uma coisa é certa, jamais votarão em Haddad ou em qualquer coisa que se aproxime das causas populares. Lula conseguiu alguns segundos a mais no horário eleitoral, porém perdeu uma apoiadora de peso e estatura moral para a campanha de São Paulo. Muitos dirão que um minuto a mais no horário político é um fator decisivo numa campanha eleitoral, mas não podemos esquecer que o candidato tukkkano tem todo o PIG a seu favor, 24 horas por dia. Assim a coisa fica fácil para José Serra. 
*Cappacete