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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, novembro 02, 2010

Afora a belezura que foi a eleição da Dilma, um não acontecimento me deixou muito, mas muito mesmo, contente.

Efeito colateral da eleição da Dilma





Pouco vi do tal do raloím, festa importada da matriz  por mauricinhos e patricinhas alienadas que sonham em viver em Miami.
A cultura popular da matriz é promovida, valorizada, copiada como um padrão. Já a cultura popular daqui, é tratada como coisa  de pobre, subdesenvolvido, gente sem estudo, ignorante… e por aí vai.
Viva o Saci! Viva o Caapora! Viva a Mãe d’Agua!
Viva a todos os outros mitos brasileiros!

São Luiz do Paraitinga satiriza dia das bruxas com 'raloim caipira', dedicado ao Saci


O Saci, por José Luiz Ohi
Cidade conhecida por sua tradição festeira, São Luiz do Paraitinga realizará a Festa do Saci nos próximos dias 29, 30 e 31 de outubro e 1º de novembro. O mito do moleque arteiro motivou a comemoração no município, que se nega a celebrar o halloween – dia das bruxas nos moldes "importados" dos Estados Unidos. Entre contos de "causos", histórias, música, teatro, brincadeiras e oficinas, a festa reúne observadores, curiosos e interessados em saber mais sobre a cultura popular.
Em São Luiz, a festa este ano ganha um significado maior. No início do ano, a cidade enfrentou uma enchente que deixou seu patrimônio arquitetônico parcialmente destruído, e agora está sendo reerguida do estrago que as chuvas causaram ao município. Mas, ao visitá-la, é possivel perceber que a festividade da população não foi abalada na tragédia.
Mesmo ainda com o centro histório cercado de obras, resultado da lentidão com que os recursos públicos têm entrado na cidade, São Luiz e seus moradores esperam pelos turistas com a mesma receptividade costumeira. Praticamente todos os restaurantes e pousadas já estão reabertos.
O "Raloim caipira" é uma iniciativa da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci). A festa insere na cultura local uma comemoração dedicada a um personagem genuinamente brasileiro. Das suas artimanhas, ouve-se histórias de moradores que afirmam conviver há anos com as traquinagens do saci.
No estado de São Paulo, 31 de outubro é oficialmente o "Dia do Saci e seus Amigos". Leis semelhantes definiram a data em São Paulo (SP), São Luiz do Paraitinga (SP), Guaratinguetá (SP), Embu das Artes (SP), São José do Rio Preto (SP), Uberaba (MG), Poços de Caldas (MG), Vitória (ES), Fortaleza (CE) e Independência (CE).

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