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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 03, 2010

RECOMENDO: "DIREITO DE ASILO: TEMPO DE REFLETIR"


Sempre atento, nosso bom companheiro Carlos Lungarzo, da Anistia Internacional, lembra que, passado o momento em que os melhores esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva estavam concentrados numa titânica luta para evitar o retrocesso político, chega a hora de tomar a única decisão possível, à luz da civilização, para o caso do escritor italiano Cesare Battisti: libertá-lo o quanto antes, para morar e trabalhar em paz no Brasil.

Eis os principais trechos do obrigatório artigo de Lungarzo, Direito de Asilo: Tempo de Refletir:
"O triunfo eleitoral da candidata Dilma Rousseff, membro do que fora o mais desenvolvido movimento da esquerda latino-americana nos anos 80, e ex-prisioneira política, deve servir para refletir sobre um fato dramático. Após 25 anos de democracia e de 8 anos de governo popular, o Brasil voltou a ter um preso político, que já permaneceu privado de sua liberdade por mais tempo do que cumpriram vários presos políticos da ditadura.

"O escritor italiano Cesare Battisti está em território brasileiro (um país autônomo e soberano, cuja constituição defende a autodeterminação dos povos, a prevalência dos direitos humanos e o direito asilo) desde há quase 43 meses.
"Durante todo esse tempo foi refém das mais reacionárias gangues de inquisidores, da mesma mídia que envidou os mais mirabolantes esforços para desestabilizar os representantes do povo, e dos subservientes de um estado imperial, parcialmente neofascista, eivado pela corrupção, e governado por sociedades secretas, pelo obscurantismo milenar, e pelo crime organizado.
"Mas os fatos se desenvolvem no Brasil, um país cioso de sua soberania, de possuir um governo plebiscitado numerosas vezes, e de ter elevado o bem-estar social de boa parte dos excluídos, e que, sobretudo, nada tem a ver com os insanos rancores e a sede de sangue [dos revanchistas italianos].

"(...)Para as direitas neofascista das Américas, que apoiam chacinas no campo, massacres, tortura e faxina étnica, a morte de umas pessoas mais ou menos não significam nada. Se Cesare estivesse solto, nada poderia impedir que, p. ex., pessoas que participam do comício de um candidato X sofram um atentado, e o partido de X atribuísse isso ao governo.

"Por sinal, isso foi feito várias vezes pelo fascismo espanhol e italiano, e não esqueçamos que a última etapa do fascismo espanhol (...) foi dominada pelo Opus Dei, uma seita que tem fiéis seguidores entre a direita brasileira. Quanto ao fascismo italiano, foi durante os quase 4 anos de prisão de Battisti, o grande xodó da direita brasileira, e também seu indiscutível amo.

"Então, entendemos que esperar até agora teve alguma lógica, embora a prisão de Cesare deva ser denunciada, desde o primeiro dia, como injusta e contrária aos direitos humanos. Mas, o perigo já passou. Pelo menos durante 8 anos e quiçá mais, a direita não poderá utilizar o poder federal para nenhuma massacre.

"Então, todos esperamos que. nos próximos dias, o presidente Lula liberte Cesare."

*naufragodautopia

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