Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 03, 2010

Só uma mulher para o AMOR vencer o Ódio

Pergunta que não quer calar:
Já vi todo tipo de análise do voto nestas eleições, fora o embate propriamente ideológico: a questão de classe social; a fratura regional (São Paulo/sul x norte/nordeste), a abjeta propaganda nazi-religiosa, até a questão racial freqüenta os debates. Mas ninguém diz nada – neris de pitibiriba, nadica de nada, OxO – da curiosíssima questão do gênero; sendo nosso país reconhecidamente machista porque o voto na nossa presidente é, estatisticamente, matematicamente um voto masculino????
Na proporção de 54% a 47%, com as mulheres como maioria do colégio eleitoral. Ou não se pode falar do machismo como dado essencial da cultura..feminina? Ou não se pode falar do gritante reacionarismo, atraso, futilidade, frivolidade, superficialidade, baixa auto-estima, (medo de ter uma mulher como chefe), e direitismo da mulher brasileira??? Isso ainda é tabu????  Pq o medo do assunto??? Alguém pode me dizer????
Então, seja por que achei a pergunta muito pertinente, seja por que não tenho medo nem do assunto nem dos tabus,  tenho algumas teses que gostaria de compartilhar.
O gritante reacionarismo: É da mulher paulista, das centro-sulistas, não das nordestinas, por exemplo. As nordestinas, de um modogeral são, por uma série de razões de ordem histórica, bem, mais revolucionárias. Da mesma forma, as mais jovens tendem a ser menos conservadoras que as mais idosas e as das gerações 1960/1970, menos do que o das gerações 1980/1990.
Atraso: é típico da mulher espírita, em menor grau das católicas e evangélicas, e menos encontrado entre as protestantes, budistas, ateias e esquerdistas.
Futilidade, frivolidade e superficialidade: É da burguesa, que têm tempo e dinheiro para isso, ou da classe média, que quer se achar burguesa, não das mulheres trabalhadoras.
Baixa auto-estima: é típico das donas de casa, não das mulheres que tem um emprego e serviço extra doméstico, ou das que são arrimos de família, como é comum entre as nordestinas.
Medo de ter uma mulher como chefe, aí é inveja mesmo. Não há muito o que falar.
Direitismo da mulher brasileira: Preparar-se para ser pai é aprender a transar, tem de se ser audaz, brigar. Para uma mulher ser mãe as necessidades são muito mais complexas. Assim, homens são naturalmente combativos enquanto a tendência das mulheres ao conservadorismo, à segurança do status quo, é quase inato.

*estadoanarquista

Nenhum comentário:

Postar um comentário