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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 27, 2011

Currículo explica novo “Diretor de Seleções”

O currículo do novo Diretor de Seleções da CBF, Andres Sanches, pode não ser suficiente para qualificá-lo ao cargo que ocupará até 2015, mas, sem dúvida, é digno de alguém que será comandado por Ricardo Teixeira.
Na década de 90, viveu no Rio de Janeiro, ocasião em que utilizava-se do vulgo “André do Rio”, prestando serviços aos meios alternativos de loterias.
Depois, conduzido por empresários deste mesmo ramo, surgiu no Parque São Jorge, para trabalhar nas categorias de base do Corinthians.
Apresentado no clube como “grande empresário”, não passava, de fato, de “laranja” em empresas de sua própria família.
Conseguiu a proeza, em 2001, de ser demitido pelo então vice-presidente do Corinthians, Nesi Curi, por desviar atletas da base para uma equipe do interior de São Paulo, o Palmeirinha de Porto Fereira.
Por ingerência de seus amigos lotéricos, foi reconduzido ao cargo, com a promessa de beneficiá-los, a todos, com sua atuação junto a empresários de futebol.
Seu grande salto ocorreu quando da chegada do iraniano Kia Joorabchian ao Corinthians.
Juntos, tramaram a queda de Alberto Dualib.
A intenção, deixar o clube oficialmente nas mãos da MSI, foi por terra quando a PF e o MP puseram Kia para correr do Brasil.
Restou então, a Andres Sanches, servir aos interesses dessa gente, novamente como “laranja”, tendo sua campanha à presidência financiada pelo grupo estrangeiro, com o acordo de beneficiá-los em caso de vitória.
Votos comprados, torcida comprada, e o antes “André do Rio” assumiu a presidência do clube, coordenando nos últimos quatro anos, um esquema de locupletação de fazer inveja às conhecidas Máfias de nosso mundo.
174 jogadores inscritos na CBF como profissionais, a grande maioria transacionada por parceiros daqueles que o financiaram.
Ficou conhecido, no meio futebolístico, como “Taxinha”, pelo hábito de cobrar, no mínimo, 10% sobre tudo que era comprado e vendido no Parque São Jorge.
Permitiu também que velhos aliados arrumassem suas vidas financeiras no Corinthians.
Bicheiro e Médico tornaram-se engenheiros, Ladrão de Carga, agente de jogadores, Dono de estacionamento cuidou desde a piscina até as categorias de base, torcedores, viraram dirigentes.
Até treinador entrou no esquema, profissional este que reencontrará em seu novo ofício.
Se, mesmo estando há quatro anos sem receber salários no Corinthians, conseguiu ficar milionário, imagine o que não virá pela frente, com a ajuda de custo de R$ 50 mil, e o poder de colocar suas “mercadorias” vestindo a camisa amarela mais famosa do planeta.
Uma coisa é certa.
Ricardo Teixeira soube escolher, com rara felicidade, um substituto à altura de sua gestão.

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