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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 24, 2011

Greve geral em Portugal


PORTUGAL: MÁRIO SOARES ADERE À GREVE  GERAL

Portugal quebrou em maio deste ano e vive hoje uma greve geral pela primeira vez, desde 1988, convocada unitariamente pela três maiores centrais de trabalhadores do país. O esfarelamento da sociedade portuguesa, esmagada por um governo de direita que aplica, com requintes de virtuose, o programa de arrocho exigido pelos credores, uniu mais que as centrais. Ontem,  120 personalidades portuguesas divulgaram um manifesto de adesão e convocação ao protesto. Entre os que chamam os trabalhadores à greve geral encontra-se o ex-presidente Mário Soares, cujo posicionamento ilustra a radicalidade de um arrocho que afronta até a complacência dos moderados históricos. A derrota esmagadora dos socialistas espanhóis nas eleições do dia 20, depois de uma rendição irrestrita ao neoliberalismo, também pesou na guinada do PS português.
 Sintomaticamente, no manifesto 'Mudança de Rumo', Soares e outros afirmam: "Não podemos assistir impávidos à escalada da anarquia financeira internacional. Não podemos saudar democraticamente a chamada Primavera Árabe e temer nossas próprias ruas e praças".Em reforço, Soares acrescentou um diagnóstico que poderia ser assinado por lideranças de várias partes do mundo: "Fizemos muitos sacrifícios e estamos pior do que estávamos. Por isso é preciso mobilizar as pessoas. Para que digam 'não', não se pode fazer o que mandam os mercados , que são especuladores.Os Estados tem que dominar os mercados e não o contrário".

Carta Maior

Acompanhe o movimento AQUI



*esquerdopata

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