Metade nos EUA apoiaria ação militar contra o Irã, mostra pesquisa
Conheceram-me logo por quem eu não era, e não desmenti, então perdi-me. Quando quis tirar tirar a máscara ela estava colada a minha cara. (Fernando Pessoa)
Os estadunidenses passaram décadas apavorados com a "ameaça comunista", agora se borram com os árabes. Entraram na pataquada do Free Kwait, de Kosovo, ficaram muito preocupados com as tais "armas de destruição em massa" de Saddam Hussein, perderam o sono com o perigoso Osama Bin Laden, ficaram sensibilizados com o "sofrido povo líbio"... e por aí vai. Parece que aquela frase de Joseph Pulitzer: "Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma" já se aplica na prática, nos EUA. A maior parte do povo estadunidense se deixa levar pelos interesses do grande capital e da industria bélica assassina de seu país. A consciência dessa gente parece envenenada de forma irreversível, pouco importa o desmascaramento de farsas como a invasão do Iraque. A maior parcela do povo dos EUA seguirá pensando de acordo com Rupert Murdoch e sua gangue. Assim como o povo alemão (a maior parte, mas não todos) aceitaram a barbárie nazista, o povo estadunidense está pronto a aceitar uma nova aventura militar capitaneada por seu país, mesmo que essa aventura descambe na terceira guerra mundial. Depois será tarde para chorar. O que nos resta é ter vagas esperanças em movimentos como o Occupy Wall Street, que mostram que ainda existe vida inteligente nos EUA.
Uma pesquisa elaborada pela Universidade de Quinnipiac, nos Estados Unidos, aponta que 50% dos norte-americanos apoiariam um ataque militar contra o Irã se não funcionarem as sanções impostas ao país por seu programa nuclear, enquanto 38% se mostraram contrários a essa possibilidade.
Além disso, 88% dos consultados acreditam que o programa nuclear do Irã é uma ameaça "grave" ou "muito grave" para a segurança dos EUA, segundo a pesquisa, que foi realizada entre os dias 14 e 20 de novembro, com entrevistas a 2.522 pessoas e uma margem de erro de 1,9 pontos percentuais.
Se Israel atacar o Irã, 46% dos entrevistados consideram que os EUA deveriam apoiar seu aliado, enquanto 44% defendem a neutralidade e 6% pensam que seria preciso se opor a essa ação. "Os norte-americanos estão muito preocupados pelo desenvolvimento do programa nuclear do Irã e não acreditam que a atual política de sanções econômicas seja efetiva", afirmou Peter Brown, diretor assistente do Instituto de Pesquisas da Universidade de Quinnipiac.
Na segunda-feira passada, o governo dos EUA aumentou a pressão contra o sistema bancário do Irã ao declarar o país "jurisdição de preocupação prioritária por lavagem de dinheiro", e anunciou novas sanções contra os setores nuclear e petroquímico. A tese norte-americana que o programa nuclear do Irã tem alvos militares encobertos, rejeitada por Teerã, foi respaldada pelo relatório apresentado este mês pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).
Reino Unido e Canadá também anunciaram na segunda-feira novas sanções financeiras contra o Irã, e a União Europeia prepara outras, enquanto a Rússia considera que estas medidas não são legais e complicam qualquer esforço para entabular conversas com Teerã em matéria nuclear.
O presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, reiterou hoje em um ato público em Teerã que seu país já dispõe de tecnologia nuclear, que "não retrocederá" na pesquisa e que o objetivo é o uso exclusivamente civil dessa energia.
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