Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, novembro 25, 2011

Rito amazônico entra na Lista do Patrimônio Imaterial da Unesco


O ritual yaokwa da tribo amazônica Enawenê-nawê, que vive no Mato Grosso, entrou nesta quinta (24) na Lista do Patrimônio Imaterial da Unesco como forma de expressão que precisa de proteção urgente, ao lado de outras sete manifestações do mundo todo.

http://www.qir.com.br/wp-content/uploads/ritual-de-%C3%ADndio.jpg
A decisão foi tomada pelo Comitê Intergovernamental para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, que está reunido em Bali até o dia 29, indicou a Unesco em comunicado emitido em Paris.

http://acritica.uol.com.br/amazonia/Indigenas-Enawene-Nawe-sobrevivencia-hidreletricas_ACRIMA20110329_0108_15.jpg
A organização detalhou que "o rito yaokwa e a biodiversidade que celebra representam um ecossistema extremamente delicado e frágil, cuja continuidade depende diretamente da conservação deste último".

http://www.forumdoc.org.br/2011/wp-content/uploads/2011/10/Yakwa-Banquete-de-esp%C3%ADritos-VNA-Enawene-Nawe.jpg
Todo ano, durante os sete meses da estação seca, os Enawenê-nawê honram os espíritos yakairiti através deste ritual, com o fim de manter a ordem social e cósmica.
http://christianeperes.files.wordpress.com/2010/05/99010004.jpg
Divididos em dois clãs, os indígenas se alternam nas duas partes do rito: enquanto alguns organizam expedições de pesca por toda a região, os outros preparam oferendas para os espíritos, 
http://www.midianews.com.br/imagens/noticias/5/Ritual_enawene29052010173305_med.jpg
além de tocarem e dançarem.

http://farm4.static.flickr.com/3568/3420805047_873aac7079.jpg
O comitê da Unesco também decidiu incluir na lista de manifestações ameaçadas a dança saman da Indonésia, a fabricação dos barcos lenj do Golfo Pérsico, a narração dramática iraniana naqqali, a sociedade secreta dos kôrêdugaw e rito da sabedoria de Mali, a epopeia maure T'heydinne da Mauritânia, a técnica de interpretação do canto longo dos flautistas limbe da Mongólia e o canto xoan da província vietnamita de Phú Tho. 
*MilitânciaViva

Nenhum comentário:

Postar um comentário