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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 30, 2011

A boquinha tucana de João Faustino em São Paulo

                             A boquinha tucana de João Faustino em São Paulo Foto: Divulgação

Detido pela Operação Sinal Fechado, o ex-deputado e suplente de senador recebia, até o ano passado, remuneração mensal de duas estatais paulistas de transporte; tanto no governo de José Serra (à esq.) quanto no de Geraldo Alckmin (à dir.)


247 – Detido por conta da investigação de um esquema de fraudes em licitações do Detran do Rio Grande do Norte, o suplemente de senador João Faustino (PSDB-RN) recebeu, até julho do ano passado, remuneração mensal da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) e da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) de São Paulo. O pagamento de jetons que variavam de R$ 3,5 mil a R$ 4,4 mil pelas estatais de São Paulo aproxima ainda mais o ex-deputado detido do ex-governador José Serra e do atual governador do estado, Geraldo Alckmin.
Enquanto Serra foi governador de São Paulo, Faustino despachava no Palácio dos Bandeirantes, como subchefe da Casa Civil. Naquela época, ele estava diretamente subordinado ao então chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, hoje senador pelo PSDB. Quando Serra se tornou presidenciável, João Faustino passou a coordenar as atividades da campanha – inclusive a arrecadação de recursos – fora de São Paulo. Mas não deixou de receber das estatais paulistas.
Hoje acusado de fazer lobby para um consórcio envolvido no esquema da inspeção veicular, Faustino era apenas um dos dez ex-parlamentares que as empresas do governo de São Paulo empregaram até o ano passado em seus conselhos de administração, entre eles a ex-vereadora e ex-subprefeita Soninha Francine (PPS). A lista incluía políticos de partidos como PSDB, PPS e DEM, de estados como Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Tocantins. Todos recebiam, por reunião mensal, entre R$ 3,5 mil e R$ 4,4 mil, o chamado jetom – como o regulamento permite até duas sessões remuneradas por mês, eles podiam acumular até R$ 8,8 mil em 30 dias.
A conexão Rio Grande do Norte–São Paulo foi reforçada ainda mais nesta segunda-feira, quando o procurador jurídico da prefeitura de São José do Rio Preto, Luiz Antonio Tavolaro, deixou o cargo sob a acusação de integrar a quadrilha que controlava o serviço de inspeção veicular no estado nordestino. Ex-diretor Jurídico da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A de São Paulo), Tavolaro foi um dos responsáveis pela licitação que contratou o consórcio Inspar para o serviço de inspeção veicular no Rio Grande do Norte.


"É mais fácil falar o futuro do euro do que o do PSDB", diz FHC

O ex-presidente, em visita à Argentina, não emitiu preferências sobre os atuais pré-candidatos do PSDB à Prefeitura de São Paulo

AE via iG
"É mais fácil falar o futuro do euro do que o do PSDB". Com estas palavras, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso referiu-se - durante uma breve visita à Bueno Aires, Argentina, nesta terça-feira (29) - ao cenário que desponta sobre o partido dos tucanos.
"A política é imprevisível", frisou o ex-presidente, levantando ironicamente a sobrancelha direita. No entanto, destacou a importância das prévias que o partido - que em 2013 completará um quarto de século de existência - fará para definir qual será o candidato à prefeitura de São Paulo.
"Começa a existir um interesse em função da prévia. Isso é importante", sustentou. Mas, depois ressaltou que "é muito cedo, ainda falta muito tempo para as eleições".
FHC preferiu não emitir preferências sobre os atuais pré-candidatos do PSDB. "Se eu tivesse um preferido, não poderia dizê-lo". O ex-presidente afirmou que "quem deve definir isso são os delegados (do partido). E eu não sou delegado...".
O ex-presidente indicou que as acusações existentes sobre irregularidades na gestão do prefeito Gilberto Kassab devem ser analisadas pela Justiça. "Ora, como disse o presidente Lula e a presidente Dilma, temos que ver. Deixa a Justiça julgar".
Sobre a "faxina" exigida por setores da população à presidenta Dilma, Fernando Henrique afirmou que será "inevitável". "A pressão da opinião pública é tão grande que ela terá que tomar medidas, porque não há alternativas".
O ex-presidente disse ainda que a Comissão da Verdade "é importante". "Temos que virar essa página. Eu fui o primeiro a criar uma comissão para reconhecer o que havia sido feito. E pedi desculpas pelos excessos do Estado brasileiro". No entanto, FHC considera que a comissão não deve ter "espírito de revanchismo". Mas, ressaltou que "as pessoas tem o direito de saber o que aconteceu".


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