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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 23, 2011

Os gritos dos manifestantes chamavam a atenção para os mais de 4 mil detidos nos protestos espalhados pelo país

Manifestantes do 'Occupy Wall Street' interrompem discurso de Obama




Os gritos dos manifestantes chamavam a atenção para os mais de 4 mil detidos nos protestos espalhados pelo país


Membros do movimento 'Occupy Wall Street' interromperam nesta terça-feira um discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, na cidade de Manchester, no estado de New Hampshire.
Os gritos dos manifestantes chamavam a atenção para os mais de 4 mil detidos nos protestos espalhados pelo país, e começaram assim que Obama iniciou seu discurso sobre seu plano de emprego, em uma escola de ensino médio. Em seguida, os estudantes que desejavam ouvir as palavras do presidente se opuseram aos manifestantes com gritos de 'Obama, Obama'.
Depois de alguns instantes, o presidente pediu ao grupo que se acalmasse. 'Aprecio o fato de vocês exporem seu ponto de vista. Deixem-me continuar e expor o meu', disse.
'Mais de 4 mil manifestantes pacíficos foram detidos, enquanto os banqueiros continuam a destruir a economia americana. É preciso deter o ataque aos direitos da primeira emenda. Seu silêncio (o do presidente) envia a mensagem de que a brutalidade policial é aceitável. Os bancos conseguiram ser resgatados, a nós, nos venderam', dizia um panfleto dos manifestantes, segundo a rede de televisão 'ABC News'.
Obama, que disse que o movimento 'Occupy Wall Street' representa as vozes de frustração generalizada da população com o sistema financeiro do país, mencionou os protestos em seu discurso.
'Muitas das pessoas que estiveram em Nova York e em todo o país com o movimento 'Occupy' têm um profundo sentimento de frustração pelo fato de que a essência do sonho americano parece estar escapando', disse Obama.

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