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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, novembro 22, 2011

MINISTÉRIO PÚBLICO DENUNCIA TRUCULÊNCIA DA PM NA USP

A Folha.com noticia: o Ministério Público solicitou abertura de inquérito para apurar brutalidade policial durante a desocupação da reitoria da Universidade de São Paulo, no último dia 8: utilização de bombas de efeito moral, ameaças aos estudantes, bloqueio desnecessário dos seus caminhos, etc. 

Em suma, as intimidações e provocações de sempre.

Uma estudante que mora no Crusp -- ala residencial para alunos da USP -- me escreveu dizendo-se sexualmente assediada por um PM durante a versão brasileira de As invasões bárbaras. Mas, teme revelar o seu nome e a humilhação que sofreu.

O promotor Eduardo Ferreira Valério revelou possuir mais de dez relatos sobre a atuação dos PMs no Crusp, que ele qualificou de "truculenta".

Como diria o Nelson Rodrigues, é o  óbvio ululante...

Eu gostaria que a PM tratasse os mandachuvas da grande imprensa de forma tão civilizada quanto agiu na USP, segundo a versão edulcorada, engana-trouxa, que seus veículos difundiram.

O caso foi enviado para o Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), para a Corregedoria da PM e para o Gecep (grupo do Ministério Público que fiscaliza a polícia).
*Naufragodautopia

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