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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 23, 2011

Incompetência na Segurança Pública paulista reflete na Assembleia

Assembleia de SP aprova lei que proíbe garupa em motos
A Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou nesta terça-feira o projeto de lei que proíbe garupas em motocicletas nos dias úteis da semana. De autoria do  deputado Jooji Hato (PMDB), o texto também obriga o uso de capacetes e coletes com o número da placa da motocicleta afixado na parte de trás, em cor fluorescente.
Se sancionada pelo governador Geraldo Alckmin, a medida passará a vigorar nos municípios do Estado com população superior a um milhão de habitantes.
O descumprimento da lei pode acarretar multa no valor de R$ 130 a cada infração cometida. O valor será atualizado anualmente pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).
Além do objetivo de reduzir acidentes com motocicletas, o projeto visa coibir assaltos realizados por duplas criminosas em motocicletas.
~ o ~
Comentário do ContextoLivre:
É mais fácil proibir a garupa em motos do que ser competente na segurança pública. Assaltos agora só nos finais de semana.
Isso faz lembrar aquela ideia genial do tucano Alckimin para evitar a entrada de celulares em presídios. Cadastro de todos os aparelhos telefônicos. Resolveu alguma coisa? Só mais burocracia para o cidadão.

Não vou nem comentar do absurdo da proibição de garupa em moto pela Assembléia Legislativa de São Paulo . Não vou nem comentar da cultura ridícula que o poder público nacional tem em resolver tudo por meio de lei, resquício do autoritarismo histórico. Aliás, sequer mesmo vou comentar que esta lei é inconstitucional e só não enxerga isso quem, há muito, perdeu qualquer capacidade de visão.
Quero comentar outra coisa. Quero comentar, en passant, despretensiosamente, o atestado de burrice e de incompetência que a aprovação da lei revela. Não conseguimos resolver uma questão? Proíba-a de acontecer. Está difícil diminuir os assaltos com motos? impeça a existência do garupa.
Aliás, quero ressaltar, nesse quesito, a inovação e coragem de um juiz, o bravo e destemido Jairo Xavier Costa, do interior de Alagoas, que, visando o mesmo objetivo da Assembléia  Legislativa de São Paulo, a saber, a diminuição dos assaltos praticados por motociclistas, ousou estar na vanguarda e proibiu o uso de capacete! Sim, o juiz, corajoso, cidadão de bem, preocupado com o número de delitos contra o patrimônio que esses motoqueiros cometem, proibiu, por decreto, que os meliantes escondessem seus rostos atrás de capacetes. Um gênio da raça, o togado, agora comparado a outro gênio, o deputado estadual Jooji Hato, autor do projeto de lei.
Já que mencionei a incompetência e a sua sanha legiferante, venho sugerir, de coração, desejando o melhor possível para Gilberto Kassab, e para aqueles que vivem na cidade de São Paulo que, com a proximidade da época das chuvas (cujas obras contra enchentes estão atrasadas), o nosso prefeito tenha coragem de bater de frente com São Pedro e proibir que chova no perímetro metropolitano.
Muitos transtornos seriam evitados.
*Terra

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