Reitor não vai a debate na Assembleia para discutir problemas da USP
Estudantes e entidades de funcionários e professores denunciam arbitrariedades e retaliações
Representantes de alunos, professores e fundionários da USP discutem problemas na universidade |
A entrada da Assembleia na tarde desta segunda-feira (28) foi controlada por policiais militares, que revistaram mochilas e bolsas. A corporação também chegou a filmar as pessoas durante a audiência até a postura ser questionada por Giannazi, que lembrou que o debate já estava sendo registrado pela TV Alesp. O coronel Navarro, responsável pelo policiamento da Casa, não comentou o motivo das filmagens e disse que só poderia se pronunciar com autorização do presidente da Assembleia, o deputado Barros Munhoz (PSDB).
Quatro comissões permanentes da Alesp – Educação, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e Direitos Humanos – podem convidar o reitor por diversas denúncias, desde o corte de mais de mil árvores na Cidade Universitária até a compra de prédios e salas no centro de São Paulo. Segundo Giannazi, as solicitações de audiência devem ser votadas até a próxima semana e há expectativa de que mesmo aliados do governador Geraldo Alckmin fiquem a favor dos requerimentos.
Rodas |
Apesar de uma lista tríplice definida a partir dos votos do Conselho Universitário, com peso majoritário de professores titulares, ser apresentada ao governador paulista, o tucano ignorou o nome do professor Glaucius Oliva e preferiu indicar Rodas, que já tinha um histórico de conflitos como diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco.
As reivindicações dos estudantes são anteriores à própria posse de Rodas. Thiago Aguiar, um dos representantes do Diretório Central de Estudantes (DCE) da USP, explica que o estatuto que rege a universidade é o mesmo da época da ditadura e, por isso, precisa ser revisto. Além disso, os estudantes pedem que processos administrativos e crimininais contra as pessoas que participaram da ocupação da reitoria no início do mês sejam retirados e que o convênio com a PM seja encerrado.
Em relação à segurança do campus da zona oeste, a comunidade discente sugere um plano alternativo, discutido na comunidade universitária. "Há denúncias de policiais questionando alunos sem motivo aparente e entrando até em entidades estudantis, como o diretório acadêmico da Escola de Comunicações e Artes (ECA)", conta Thiago.
Denúncias
O estudante de Letras e integrante da comissão de greve Rafael Alves conta que ele e muitos de seus colegas sofrem retaliações tanto da universidade quanto da polícia. Ele é um dos 73 detidos na reintegração de posse da reitoria no dia 9. "Tenho dez inquéritos policiais abertos, processos administrativos e fui expulso da moradia estudantil, além de ter sido jubilado. Eu fui preso do lado de fora da reitoria e estou respondendo aos crimes como se estivesse lá dentro", relata.
Rafael prestou vestibular novamente para poder continuar seu curso e tentou voltar ao Conjunto Residencial da USP (Crusp), mas sua participação do processo de escolha foi negada, segundo ele, apesar de todos os requisitos serem preenchidos. No momento, o estudante mora "de favor" em unidades do Crusp habitadas por colegas.
Os funcionários e professores da USP apoiam o movimento estudantil e pedem mais democracia dentro da universidade. "Esse reitor está restaurando o pior período da ditadura com a militarização e as possíveis escutas e pessoas infiltradas em nossas reuniões", aponta o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), Magno de Carvalho. Segundo ele, há relatos literais sobre as assembleias e também de pequenas reuniões do sindicato que só poderiam ser fruto de escutas ou de pessoas infiltradas.
Para o vice-presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo (Adusp), César Minto, a situação atual da universidade é muito preocupante, já que uma instituição pública de ensino deveria ser exemplo de democracia para a sociedade. "Hoje vivemos em um sistema de poder altamente concentrado na mão do reitor e na mão dos professores títulares que ocupam os órgãos colegiados. Não existe discussão democrática e nem tratamento democrático em nenhuma das áreas", afirmou.
Jéssica Santos de Souza
*Rede Brasil Atual
*Rede Brasil Atual
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