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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, setembro 21, 2012

Assim é com Serra/Kassab

Moradores do Moinho reprimidos a ferro e fogo


Depois da tragédia de terem suas casas destruídas pelo fogo, em mais um incêndio criminoso a serviço da especulação imobiliária, moradores da Favela do Moinho que tentavam reconstruir suas casas são atacados pela Guarda Civil Metropolitana, que usou bombas de gás lacrimogêneo, balas de borracha e também balas de chumbo para impedir a reocupação da área. As notícias são contraditórias, mas alguns moradores ficaram feridos, e pelo menos uma pessoa foi baleada.
Sabemos que o Estado e os endinheirados não tem qualquer limite ou pudores quando se trata de defender seus interesses e oprimir a população pobre. Uma ação como essa, contra os moradores do Moinho, ao invés de normal, precisa se tornar impossível e impensável. Isso está longe de dizer respeito apenas às pessoas que foram atacadas pela polícia no Moinho. É tarefa de todos nós, lutadores e lutadoras, nos organizarmos para reagir, e fazer com que esse tipo de violência contra uma quebrada faça levantar todas as quebradas, em solidariedade para com os nossos iguais.
No Rede Extremo Sul
*comtextolivre 

Isso é Serra-Kassab: Tropa da Guarda Municipal bate até em mulheres e crianças desabrigadas

Serra-Kassab tiveram 8 anos para, com o mesmo dinheiro que paga guardas municipais para espancar os pobres, poderia ter mandado cimento e tijolo para organizar a construção de habitação decente nos espaços disponíveis e ordenados da cidade, para os trabalhadores que moram em favelas, porque vivem ali próximo ao trabalho, mesmo que informal.

Falta de dinheiro para financiamento não falta no Minha Casa, Minha Vida, se a prefeitura apresentar bons projetos habitacionais.


No entanto, famílias com crianças, que já viviam no abandono, tendo que se virar morando em barracos feitos com madeirite de tupumes e outras sobras de materiais, na favela do Moinho, perderam tudo o que tinham em um incêndio. Ao tentarem voltar para seus barracos, a guarda municipal do Kassab-Serra proibe, mas a prefeitura não oferece solução de moradia para essa gente que não tem como pagar valores de mercado, e precisam de um programa como o Minha Casa, Minha Vida.


Enquanto isso, o ex-diretor de edificações de Serra e Kassab, Hussain Aref Saab, protagonizou o escândalo das propinas no licenciamento de Shoppings e prédios, e saiu do cargo com centena de imóveis.


Depois do incêndio e antes dessa pancadaria, na quarta-feira, o candidato a prefeito Fernando Haddad (PT) esteve visitando esta favela pela segunda vez, conversando com os moradores, para buscar e apoiar uma solução de moradia decente e definitiva.

Eis a notícia, no Estadão:

Confronto na Favela do Moinho deixa pelo menos uma pessoa baleada


Confronto na Favela do Moinho deixa pelo menos uma pessoa baleada
Moradores do Moinho relataram que guardas-civis, que estão na comunidade para impedir a reconstrução de barracos na área atingida pelo fogo, começaram a agredir mulheres e crianças.


SÃO PAULO - Moradores da Favela do Moinho, na região central de São Paulo, e guardas-civis metropolitanos voltaram a entrar em confronto, na noite desta quinta-feira, 20. Um homem foi baleado na confusão e socorrido na Santa Casa de Misericórdia, também na região central. Na segunda-feira, um incêndio destruiu 80 barracos da comunidade.


De acordo com relatos de moradores do Moinho, a confusão começou por volta das 19 horas, quando as mães voltavam à favela com seus filhos após uma jornada de aula. Eles relatam que guardas-civis, que estão na comunidade para impedir a reconstrução de barracos na área atingida pelo fogo, começaram a trocar hostilidades e a agredir mulheres e crianças.


A Polícia Militar recebeu o chamado para dar apoio na Favela do Moinho por volta das 20h. Segundo o registro, "indivíduos estavam jogando bombas na GCM e havia muitos gritos no local". Viaturas seguiram para a região e o Helicóptero Águia também foi acionado.


A partir daí, o conflito tornou-se generalizado entre moradores e GCMs. "Começaram a agredir e a jogar bomba de gás contra os moradores. Os guardas também invadiram e reviraram as casas", disse o morador Milton Salles, de 55 anos, e um dos fundadores dos Racionais MCs. Seu barraco, onde mora com a mulher e mais seis filhos, foi consumido pelo fogo.


"Estou com a garganta seca e tem muita gente ferida", relatou Andreia Aparecida Evangelista, de 34 anos. Ela se abrigou com filhos no barracão da Escola de Samba Primeira da Aclimação, que fica na região do Moinho.


O senador Eduardo Suplicy (PT) foi chamado por líderes comunitários para tentar intermediar o confronto. "Pedi a todos que se acalmassem. Estavam todos gritando. Vi diversas pessoas feridas com balas de borracha, e pedi para ter um diálogo com a GCM", disse Suplicy.


O senador contou também que o padre Julio Lancellotti estava na comunidade para amparar moradores e negociar o fim do conflito.

Haddad ouve moradores da favela do Moinho:

Quanta diferença. Enquanto a dupla Serra e Kassab manda a guarda baixar o porrete, Haddad foi ouvir os moradores para resolver os problemas, que não são só deles, pois afetam toda a cidade.
 

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