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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 29, 2012

O próximo estado independente europeu? Desavenças a respeito de dinheiro e soberania na Espanha (porque não te calas rei da morte de Elefantes)


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A ideia de independência da Catalunha voltou à vida (Reprodução/Internet)
CATALUNHA

O próximo estado independente europeu?

Desavenças a respeito de dinheiro e soberania na Espanha

fonte | A A A
Na faixa erguida na praça central Placa de Catalunya em Barcelona lê-se: “Catalunha, o próximo estado independente da Europa”. Após uma enorme e pacífica marcha com bandeiras e faixas pela cidade em 11 de setembro ter congregado estimados 8% dos 7,5 milhões de habitantes da região, uma ideia que já foi considerada exótica subitamente voltou à vida.
Artur Mas, o líder nacionalista catalão do governo regional, apoiou publicamente os protestantes. “Isso não pode ser ignorado”, ele disse. “A Catalunha precisa de um estado”. Em uma pesquisa de opinião recente, 51% dos catalães afirmaram que aprovariam a independência. Até alguns opositores da separação agora consideram que um plebiscito é necessário. No entanto, a constituição espanhola não permite separações e isso está colocando o país e sua região mais rica em rota de colisão.
Os separatistas estão empolgados, ainda que as pesquisas de opinião possam ser enganosas. Ainda que um terço dos catalães sejam separatistas convictos, muitos outros estão simplesmente revoltados com o fato de que os seus pagamentos de impostos estão sustentando regiões mais pobres. Estes afirmam que 8% do PIB catalão, isto é, US$ 21 bilhões ao ano, são transferidos para outras regiões. Os cortes regionais nas áreas de saúde e educação na Catalunha fazem com que os cidadãos se sintam roubados.
Ninguém duvida hoje em dia que o outrora ambicioso partido Democrático da Convergência Catalã luta pela independência no longo prazo, mas sua estratégia de curto prazo é negociar avanços paulatinos.
Uma transição suave para que a Catalunha se torne um membro separado da UE precisaria que regras fossem alteradas em Bruxelas e em Madri. Pode ser que isso nunca aconteça.
As causas diretas das agruras econômicas catalãs são a recessão e a péssima administração dos governos regionais anteriores. A independência não mudaria isso. Ainda não está claro se os separatistas são, como afirma o rei da Espanha, apenas “caçadores de quimeras”.
*opiniãoenotícia
*Nina

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