Será que Civita vê o Brasil como um grande Paraguai?
Uma nota assinada por seis
partidos políticos enxergou na última capa de Veja o embrião de um
golpe, semelhante ao que levou Getúlio Vargas ao suicídio e afundou o
Brasil numa ditadura de 21 anos. Um precedente acaba de ocorrer no país
vizinho, agora governado por Federico Franco. Acusada de golpista, Veja
tem, agora, a obrigação de provar suas acusações contra Lula,
apresentando a fita que, aparentemente, não tem
No: Brasil 247
O
empresário Roberto Civita, dono do grupo Abril, decidiu jogar truco com
a democracia no Brasil. Na semana passada, Veja publicou uma capa em
que o ex-presidente Lula é acusado de chefiar o mensalão, numa
“entrevista” já negada pelo próprio “entrevistado”, o empresário Marcos
Valério de Souza. Ato contínuo, diversos colunistas de meios de
comunicação relevantes passaram a tratar como “declarações”, aquilo que o
próprio “declarante” negava. Na terceira etapa, presidentes de três
partidos políticos (PSDB, DEM e PPS), anunciaram a propositura de ações
judiciais contra o ex-presidente Lula após o período eleitoral.
Há, portanto, um movimento em marcha para conter a força de Lula, que, segundo uma pesquisa recente da CNT/Sensus, se reelegeria com quase 70% dos votos,
caso fosse candidato em 2014. Essa manobra acaba de ser denunciada numa
nota conjunta assinada por seis partidos: PT, PSB, PMDB, PDT, PC do B e
PRB. “Valendo-se de fantasiosa matéria veiculada por Veja,
pretendem transformar em verdade o amontoado de invencionices
colecionado a partir de fontes sem identificação. As forças
conservadoras revelam-se dispostas a qualquer aventura. Não hesitam em
recorrer a práticas golpistas, à calúnia e à difamação, à denúncia sem
prova”, diz o documento, dirigido pelos partidos à “sociedade brasileira”.
O
documento compara ainda a situação atual a dois momentos trágicos da
história brasileira: o que levou Getúlio Vargas ao suicídio, com as
denúncias udenistas do “mar de lama”, e o que derrubou João Goulart,
empurrando o Brasil para uma ditadura de 21 anos. Há, ainda, na América
Latina, um ambiente neogolpista, desde a deposição de Fernando Lugo, no
Paraguai, que foi sucedido por Federico Franco – personagem que, com
cara de bom moço, concedeu entrevista às páginas amarelas de Veja
dizendo que “os generais foram leais à pátria”.
No
jogo de truco, a carta mais forte é o Zap. E Veja, aparentemente, não a
possui. A tal “entrevista” com Marcos Valério, ao que tudo indica, não
possui fita ou registro. Seria apenas um amontoado de declarações
supostamente ditas a supostos interlocutores. Como tudo indica que Veja
blefou no seu truco antidemocrático, os partidos agora devolveram a bola
para a revista Veja. Para negar suas intenções golpistas, a revista,
desafiada por várias forças políticas, só tem uma alternativa:
apresentar a fita e provar suas acusações contra Lula.
Caso contrário, a tentativa de golpe paraguaio terá sido desmascarada já no nascedouro.
*Ocarcará
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