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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, outubro 17, 2012

BANCOS ESTATAIS NA LINHA DE FRENTE CONTRA A CRISE

 


70% da alta do crédito vem do BB e da Caixa


Os bancos públicos responderam por 71% do aumento do estoque de crédito no País em 2012, enquanto os privados nacionais tiveram participação de 17% e os privados estrangeiros, de 12%. Os dados, extraídos do relatório de política monetária e crédito do Banco Central (BC) de agosto, foram compilados pelo economista Roberto Luís Troster, que durante anos dirigiu a área econômica da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).


A diferença no desempenho repete o cenário de 2008 e 2009, quando as instituições controladas pelo governo federal também expandiram os empréstimos em velocidade muito superior à dos concorrentes privados. Para muitos analistas, porém, as semelhanças param por aí. (...).


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Ao ler integralmente a matéria, o leitor perceberá um propósito: 'desacreditar' o trabalho dos bancos estatais, classificar como 'temerária' a ampliação do crédito etc. Na verdade, setores acostumados a ganhar muito dinheiro numa boa estão se sentindo incomodados...


A propósito, transcrevo parte do comentário que acabei de produzir na citada matéria:


"A constatação: sem os bancos estatais, o Brasil estaria no buraco. A partir de 2009, a banca privada simplesmente cruzou os braços. Lula reduziu o compulsório, mas isso não surtiu efeito. Foi preciso então determinar aos bancos estatais (BNDES, BB, CEF, BASA e BNB) que ampliassem o crédito. A partir daí, pela primeira vez os bancos estatais superaram os privados em aplicações totais. Sem isso, o Brasil inevitavelmente teria afundado. É isso que deixa os neoliberais cada vez mais furibundos. (...).


A ampliação do crédito também passa pelo apoio ao setor agropecuário. Informem-se, por exemplo, da expansão do PRONAF a partir de 2009. Atuar nessa área é bem mais oneroso para as agências, sem contar o risco. A banca privada não quer aproximação. Mas os bancos estatais (BNB e BB) continuam no front - e ampliando o montante de aplicações.


O BNDES disponibiliza robustas somas para todos os bancos (inclusive privados, como Bradesco), que são remunerados no trabalho de repasse dos recursos (basicamente para investimentos) a produtores/empreendedores. Quem se dispuser a verificar a evolução das aplicações nos últimos quatro anos ficará agradavelmente surpreso.


E tudo sem perder de vista a necessidade de manter hígidos os números dos bancos - valendo lembrar que o Brasil observa rigorosamente as diretrizes traçadas nos diversos Acordos da Basileia (I, II e III), sob coordenação do BIS (espécie de Banco Central dos bancos centrais de 'n' países mundo afora), notadamente as relacionadas a risco e provisões.


Num ambiente de Selic civilizada, o caminho para os bancos é esse mesmo: ampliar responsavelmente o crédito. Para desespero dos rentistas e especuladores e seus porta vozes iluminados tipo Fraga e Maílson."
 

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