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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, outubro 13, 2012

Celso de Mello julgará
a Lista de Furnas ?

Ou o ministro decano tem dois pesos e duas medidas ? As mesmas que adotou para inocentar Collor e condenar Dirceu ?

Singela homenagem do Bessinha ao Ministro Ayres Britto

A revista da Globo – Época, pág. 34, que agora se distribui como subproduto do Estadão, um encarte de supermercado  – levou o ansioso blogueiro as lágrimas copiosas nessa manhã de sábado de trevas malafaias.

A Globo traz a íntegra do voto do Ministro Celso de Mello para condenar José Dirceu.

(Ou será um canto de cisne de quem se aproxima da aposentadoria e de um escritório de advocacia ?)

A Globo diz que se trata de “a voz ponderada do decano”.

(Como se idade trouxesse juízo ou temperança. Não é, FHC ?)

O decano fala de um “projeto criminoso …verdadeiro assalto à administração pública”.

“Atos de corrupção alimentados por transações obscuras, idealizadas e implementadas (sic) em altas esferas governamentais”.

“Jogo político motivado por práticas criminosas perpetradas (sic) à sombra do poder”.

Prova que é bom, nada.

Só tem “domínio do fato”.

O Conversa Afiada espera ardentemente que o (ponderado) ministro decano tenha de votar ainda:

– a legitimidade da Operação Satiagraha;

– a legitimidade da Operação Castelo de Areia;

– tenha tempo de ler “A Privataria Tucana”, um exercício exuberante de “assalto” e “domínio do fato” e pondere ao Tênue Gurgel que investigue a bandalheira ali descrita;

– O mensalão tucano de Minas, que jaz no aconchego da Suprema impunidade;

Finalmente, o Conversa Afiada oferece à ponderada reflexão do Ministro Decano a leitura pormenorizada, nome a nome,  da Lista de Furnas, já que estamos no capítulo do “assalto”.

O Conversa Afiada pondera que, depois de várias frustradas tentativas, os tucanos não conseguiram desqualificar a lista, finalmente comprovada por laudos convalidados na Justiça.

O Conversa Afiada pondera que o novo Herói da Pátria, o Santarrão do Supremo – clique aqui para ler irretocável artigo do professor Wanderley Guilherme dos Santos ao desafiar o Supremo e o Legislativo – , o Thomas Jefferson convalidou a Lista de Furnas.

Se a palavra ponderada desse sequestrador confesso de recursos do Partido vale para enforcar o Dirceu, deve valer para enforcar o Aécio, o Cerra e o Alckmin …

Ou o ministro decano tem dois pesos e duas medidas ?

As mesmas que adotou para inocentar Collor e condenar Dirceu ?

Sobre a imaculada Lista de Furnas (é o ABC da tucanagem):

Mensalão de Furnas: leia a lista com os nomes e valores recebidos



A propósito: até quando será Cerra inimputável ?


Paulo Henrique Amorim

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