A crítica à religião como exercício democrático
Discordo de Marx e me aproximo de Michel Onfray no seguinte ponto:
discutir religião é importante, como é importante também posicionar-se
criticamente em face da política, da economia, dos costumes e de tudo o
que compõe o nosso cotidiano e, de modo direto e indireto, afeta nossas
vidas. E discutir franca e abertamente, sem blindagens de temas ou
censura de assuntos, afinal, por mais problemas que tenham, nossa
sociedade norteia-se pelas luzes da racionalidade. Assim sendo, crítica à
religião não é sinônimo de intolerância, tampouco faz do seu crítico
necessariamente um fanático ou um religioso às avessas, como querem
alguns religiosos incomodados com a discussão. A crítica à religião, ao
contrário, é um exercício democrático, num certo sentido, uma
necessidade da democracia, e, sobretudo, um direito dos que se
interessam pela questão, uma vez que a democracia é o regime que tem na
liberdade de pensamento e na garantia da pluralidade de crenças e
descrenças as suas principais virtudes civilizatórias. E a ferramenta,
terreno e limite para esse exercício é a argumentação, nem sempre
agradável para um lado do debate. Já o valor nuclear desse debate será a
capacidade de ouvir e conviver com a sua antítese, ou seja, ter
estrutura psicológica para dialogar com o diferente, outro nome para
"tolerância".
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