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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 14, 2012

O que esperar dessa garotada que resolve agremiar-se partidariamente sob uma sigla chamada ARENA, cujo objetivo maior, em 2012, é combater o comunismo? De onde saem essas crianças?

Filhos de chocadeiras


Imagem do Midiailluminatti


O que esperar dessa garotada que resolve agremiar-se partidariamente sob uma sigla chamada ARENA, cujo objetivo maior, em 2012, é combater o comunismo? De onde saem essas crianças?

Serão os filhos daqueles pais que se endividam para pagar o condomínio gradeado e a “melhor” escola onde vão transportados por carros mais caros que um apartamento e com vidros com a película mais escura que há no mercado? Serão filhos que moram naquelas casas onde as televisões de todos os cômodos estão sempre ligadas para entreter as crianças pois a empregada – que morá lá nos cafundós onde as empregadas moram - trabalha de domingo a domingo e se desdobra entre compras no mercadinho, serviço de babá, faxineira, cozinheira e passadeira porque os pais, ocupadíssimos, tem que trabalhar muito para pagar as contas e não podem faltar às reuniões sociais, com desfile de pratos e grifes, pois as boas relações com as “melhores famílias”  são tudo o que importa para garantir o futuro.

Serão filhos de pais que dão carro zero, é claro, porque o filho passou no vestibular - para o qual teve que estudar muito porque agora "com essas cotas pra essa gente" - e nesse mesmo instante já planejam a festa de formatura e o casamento que virá logo em seguida?

Serão filhos de país que aplaudem quando um policial é flagrado batendo ou matando um suspeito, preto? Serão filhos de pais que flagrados além do limite de velocidade a caminho da praia dão um tostãozinho ao policial pra deixar por isso mesmo e chegando à beira-mar contam, em meio a cervejas importadas e bons amigos que “saiu baratinho”? E à noite em frente ao jornal da Globo dizem que "esse país com essa corrupção não tem jeito, mesmo, ah, se fosse nos Estados Unidos"...
*Tecedora

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