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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 07, 2012

Perdeu, governador alckmin

 


A administração Geraldo Alckmin (PSDB) sucumbiu ao crime organizado. Policiais honestos são fuzilados por bandidos civis, cidadãos honestos são fuzilados por policiais bandidos, as gangues de ambos os exércitos travam suas guerras particulares. A violência armada generalizou-se a tal ponto que as autoridades chegam a tolerar as mais escancaradas infrações. A criminalidade é cotidiana e impune em São Paulo.

Mas os problemas do estado vão muito além. Não bastassem o colapso generalizado nos transportes públicos e a transformação das rodovias em congestionamentos privatizados, chegamos ao ponto surreal de vidas inocentes serem destruídas num bucólico passeio turístico. Em plena região serrana, que abriga o palácio de inverno do mandatário e as acomodações luxuosas da mais fina elite paulista.

Num governo petista, seriam escândalos para culminar em afastamento do governador. Já na Terra do Nunca demotucana, a culpa recai na favela, nos maconheiros, no governo Dilma, nos defensores dos direitos humanos, no demônio da terceirização, num pobre motorneiro desassistido. A imprensa partidarizada reclama do “ponto a que chegamos”, exige políticas públicas sempre alheias e hipotéticas, generaliza a sensação de calamidade para federalizá-la, naturaliza a incompetência administrativa como se fosse inerente a um hipotético “sistema” irremediável.

Enquanto isso, seguimos especulando acerca dos limites da paciência do eleitorado perante o desastre que mídia ignora.
*GuilhermeSaclzilli

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