Jornal GGN - O que é que se parece com um golpe, tem cheiro de golpe, tem contorno de golpe, mas é apresentado de tal forma que não se parece com um? Pois o site Causa Operária trouxe um bom texto analisando este golpismo disfarçado. Leia a matéria a seguir.
Enviado por Leo V.
do Causa Operária
Depois da Marcha da Família, “o retorno”, realizada em março desse ano, a direita novamente foi às ruas pedir a intervenção militar em ato realizado no início de novembro.
Tal reivindicação é extremamente repudiada e, para os golpistas, é mais que isso; é uma maneira desastrada de colocar o problema.
Logo em seguida à passeata, diversos políticos, principalmente do PSDB, negaram que defendessem uma intervenção militar de qualquer tipo. Xico Graziano, do PSDB, condenou tanto os que desejam a volta do regime militar, dizendo que esses deveriam sair do PSDB, e também se disse contrário ao pedido de impeachment. O próprio Aecio Neves e outras figuras tucanas adotaram a mesma posição.
Na passeata chamada para o dia 15 de novembro, os manifestantes se dividiram entre os que pediam intervenção militar, impeachment já e investigação do governo. Os primeiros eram minoritários e ficaram relativamente isolados dos demais. O cantor Lobão, que inclusive já deu declarações defendendo a ditadura, escreveu em seu twitter que não compareceu ao ato desse sábado justamente em razão da campanha em favor da intervenção militar. O colunista da Veja Reinaldo Azevedo escreveu um artigo também criticando a reivindicação. O título da matéria diz “Canalha minoritária e golpista macula protesto democrático contra desmandos do governo petista”. Azevedo procurou ainda amenizar o discurso de Eduardo Bolsonaro que não pediu intervenção militar no ato porque considera que “não é o momento”. Bolsonaro revela as intenções da direita assim como Olavo de Carvalho, que escreveu “os adeptos sinceros da ‘intervenção militar’ NÃO SÃO nossos inimigos. Apenas ninguém lhes informou que se querem realmente uma ação militar, não deveriam frustrar tão afoitamente o elemento-surpresa”.
A polêmica no meio da direita não é ser a favor ou contra a intervenção, mas sim falar abertamente ou não em intervenção e em que momento.
O golpe de Estado é uma daquelas coisas das quais não se deve falar e sim fazer. E os golpistas sabem disso.
Além disso, é preciso fazer o golpe parecer algo constitucional e democrático e não uma violação flagrante dos direitos da população. Provavelmente a direita percebeu que as condições ainda não estão dadas. Falar em golpe só cria um repúdio e, em lugar de preparar o próprio golpe, prepara a população para combate-lo.
De agora em diante, a direita se dedicará a aparecer como a grande defensora da democracia e da legalidade para que sua ação golpista não seja percebida como tal. É nosso dever revelar suas intenções.
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