Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, novembro 26, 2014

Essa é uma luta com raízes profundas na crise social que se instalou com mais força nos EUA desde de 2008.


Michael Brown, 18 anos.Michael Brown, 18 anos.
Como era esperado por várias organizações do movimento popular dos EUA, o tribunal do Missouri se recusou a indiciar o policial Darren Wilson, que no último dia 9 de agosto assassinou a tiros o jovem negro Michael Brown, de 18 anos, na cidade de Ferguson, estado do Missouri.
A declaração do júri acontece um dia depois de que outra criança negra foi assassinada por policiais, dessa vez em Cleveland, estado de Ohio. No último domingo, Tamir Rice, de 12 anos, foi alvejado por 2 tiros por uma dupla de policiais enquanto brincava em um parque público. A polícia apresentou uma arma de brinquedo que supostamente estava sendo portada pela criança como justificativa para os disparos.
Na noite de ontem (24) violentos protestos de rua aconteceram em várias cidades dos EUA, tendo como ponto de partida o subúrbio de Saint Louis, em Ferguson. Carros de polícia e estabelecimentos que representam as sedes de grandes multinacionais foram incendiados.
Uma grande manifestação nacional está convocada para hoje na Times Square em Nova Iorque.
O grande crescimento da desigualdade social nos EUA tem afetado principalmente os negros e imigrantes, moradores dos bairros pobres. Essa é uma luta com raízes profundas na crise social que se instalou com mais força nos EUA desde de 2008.
Da Redação
*Averdade

Nenhum comentário:

Postar um comentário