Ahmadinejad critica megalomania dos países ricos na Rio+20
Com discurso predominantemente religioso, Mahmoud
Ahmadinejad, presidente do Irã, afirma na Rio 20: "Nos reunimos hoje
para remediar as velhas feridas da sociedade mundial, para um futuro
melhor"
Foto: Daniel Ramalho/Terra
Foto: Daniel Ramalho/Terra
Em um dos discursos mais aguardados do primeiro dia de reunião dos
chefes de Estado na Rio+20, o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad
aproveitou os 15 minutos de sua fala para criticar os países ricos.
"Nesta ordem mundial, um grupo minoritário de nações desenvolvidas está
sempre impondo padrões e os outros precisam seguir seus passos. Esses
eventos resultam do mesmo processo de megalomania pelo lucro, que
dominou a mente dos mestres escravocratas, e que tem íntima relação com o
sistema capitalista atual", disse na tarde desta quarta-feira.
Após protestos de ativistas dos direitos humanos contra a sua visita
no Rio de Janeiro, o iraniano não poupou críticas ao modelo econômico
atual, que, segundo ele, é responsável pela situação crítica do planeta
em relação ao meio ambiente. "As regras da imoralidade levam-nos ao
fracasso", disse ao citar como exemplo os longos períodos de
colonialismo e escravidão e as guerras "injustas", como a do Vietnã.
"Isso levou a níveis escabrosos de pobreza no mundo e foi responsável
pela depredação dos recursos da natureza em escala global".
Ao fazer referências a Alá, ele disse que é preciso pensar em um
novo modelo econômico baseado na justiça social. "Temos que aspirar um
plano para um mundo mais justo e igualitário. O ser humano hoje é
definido como um ser cujas preocupações estão no ganho, no lucro, na
matéria". "Esses grupos minoritários se consideram superiores e impõe
seu planos aos outros para seguir na busca incessante pelos seus
interesses egocêntricos, a dispensa de povos menos poderosos. Essa é a
ordem do mundo atual", criticou.
"Não devemos buscar a hegemonia às custas de outros povos. Há uma ideia
de subserviência de algumas nações sobre outras, e isso levou a níveis
escabrosos de pobrezas no mundo. Hoje, qualquer implementação de
qualquer estratégia é um plano na mesma direção da mesma estratégia que
dominou o mundo. As Nações Unidas, o Banco Mundial, estas são
instituições que fazem parte dessa estratégia, precisamos alterar o
padrão de comportamento delas", disse o presidente iraniano.
"No passado, nos reunimos aqui. Depois de muitos anos percebemos que a
ordem internacional tinha fracassado em seus objetivos para o planeta.
Nosso mundo precisa de planos inovadores. A brecha cada vez maior entre
norte e sul, as crises, como de família, crises econômicas e os padrões
de moralidade cada vez menores resultam da ordem internacional que
prevalece ainda no mundo. Nos reunimos hoje para remediar as velhas
feridas da sociedade mundial, para um futuro melhor."
Sobre a Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Depois do período em que representantes de mais de 100 países
discutiram detalhes do documento final da Conferência, o evento se
prepara para ingressar na etapa definitiva. De quarta até sexta,
ocorrerá o Segmento de Alto Nível da Rio+20 com a presença de diversos
chefes de Estado e de governo de países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários
líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano
Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro
britânico David Cameron. Além disso, houve impasse em relação ao texto
do documento definitivo. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma
agenda fortalecida após o encontro.
*Terra
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