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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, junho 17, 2012

Erundina é Erundina, Marta
é Marta. Cadê o Francis ?

Não se deixe enganar pelo titulo da capa da Folha (*), talvez redigido por um cripto-cerrista.

Não se deixe enganar pelo titulo da capa da Folha (*), talvez redigido por um cripto-cerrista.

Vá direto ao teor da entrevista da Erundina, que, espero, gravou o que disse o repórter da Folha:

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/49332-erundina-questiona-apoio-de-maluf-e-critica-slogan-do-pt.shtml

Erundina questiona apoio de Maluf e critica slogan do PT

(…)

A senhora se sentiria confortável participando de eventos ao lado de Maluf?

Não acredito que Paulo Maluf participará de eventos públicos comigo e com Haddad. Isso é contraproducente do ponto de vista eleitoral. Eu evitaria essa situação porque cria mal-estar na relação com o povo, que sabe quem é Maluf, que sabe quem é a direita nessa cidade, que continua no poder reproduzindo privilégios.

Em 2004, a senhora não quis apoiar Marta no segundo turno porque dizia que o debate eleitoral foi pobre. Agora se desenha uma campanha cujos slogans lembram disputa entre o “novo” e o “velho”. Isso a desagrada?

Esses valores não são pedagógicos numa campanha. Você termina negando uma realidade que é própria dessa sociedade, em que a terceira idade cresce e exige nova postura e nova forma de ver o problema geracional.

O slogan do “novo” é preconceituoso?

Sim, é ruim porque pode reforçar preconceitos. Em partidos como os nossos temos que lutar para conquistar poder, mas temos que ter ação pedagógica.

Não é um papel menor ser candidata a vice para quem já foi prefeita?

Claro que não. Modéstia à parte, eu tenho o que contribuir. E nossa tarefa não é só administrar, o que nos diferencia é o respeito ao povo.

A senhora conhece Haddad bem?

Não. Ele esteve no governo, se não me engano da Marta. Mas não convivi muito. Acompanhei mais de perto no ministério. É um moço idealista, que tem potencial. A gestão no MEC foi positiva, as dificuldades com o Enem foram mais administrativas. Temos que julgar pelo aspecto político.

Acredita que o PSB deveria deixar o governo Kassab?

Não só o municipal, mas o estadual também. Questão de coerência.

Acredita ter algum papel no engajamento da senadora Marta na campanha?

Vou querer saber pessoalmente os motivos da sua resistência. Temos relação de confiança, respeito.

Seu ingresso preenche a lacuna dela?

Nada disso. Eu sou eu, Marta é Marta. Eu sou o povo, minha origem é nordestina, família pobre. Não sou de família tradicional, nem de sobrenome.

Teme que sua presença nas visitas, sobretudo à periferia, ofusque o candidato, menos conhecido?

As pessoas confiam em mim. Sabem que eu não escolheria ninguém que não vá governar com o povo. Eles me conhecem e confiam nas minhas decisões.

Navalha
Nenhum membro do PiG (*) perseguiu mais a prefeita Erundina que a Folha.
Naqueles tempos obscuros, sem a blogosfera, o campeão do preconceito e da ira contra a nordestina foi o Pai de todos os modernos colonistas (**) Paulo Francis, a começar pelo de múltiplos chapéus, que nele se inspirou, ainda em Nova York.
O que é o destino, amigo navegante.
Você vai à livraria, procura os “romances” do Paulo Francis e o vendedor tem que ir ao computador, porque nunca ouviu falar dele.
E a Erundina está aí.
Na Comissão Parlamentar em Defesa da Liberdade de Expressão.
Na Comissão da Verdade – II.
E na chapa que vai derrotar o Cerra em São Paulo.
Como diz esse ansioso blogueiro aos que pensam que o Peluso vai condenar o Dirceu:
Os mervais somem na poeira da estrada (e da estante dos sebos).
Os votos no Supremo ficam marcados na Memória da História.
Em tempo: o ansioso blogueiro discorda da ilustre deputada Erundina. O “novo” contra o “velho” não contém preconceito: apenas acentua o caráter renovador da chapa Haddad-Erundina, diante do Cerra (quem será o vice ? – Rita Camata, Álvaro Dias, Indio, Piva, Goldman ?) e sabe-se lá quem.
Cerra são dezoito anos de coronelismo tucano.
Que fazia muito sucesso com o Francis – e faz até hoje com seus descendentes.
Em tempo2: e a Marta, amigo navegante ? E a Marta ? Vai fazer como o ex-marido e entrar para o PSDB, justamente no ocaso do PSDB ?
Em tempo3:

O Conversa Afiada reproduz e-mail enviado pelo Igor Felippe, que lê o Estadão …:

Lições do PIG: como criar uma crise em uma chapa


Por Igor Felippe

Os repórteres Fernando Gallo e Julia Duailibi, de O Estado de S. Paulo, entrevistaram a deputada Luiza Erundina (PSB), pré-candidata a vice-prefeito na chapa de Fernando Haddad (PT) na disputa pela Prefeitura de São Paulo.


Clique aqui para ler a entrevista: http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2012/06/16/nao-vou-estar-confortavel-no-mesmo-palanque-que-maluf-diz-erundina/


Antes, abaixo, leia as perguntas.


Nenhuma pergunta sobre a cidade. Nenhuma pergunta sobre a gestão do Gilberto Kassab. Nenhuma pergunta sobre os desafios de São Paulo. Nenhuma pergunta sobre o trânsito caótico na cidade. Nenhuma pergunta sobre os problemas na educação. Nenhuma pergunta sobre a cracolândia e a favela do Moinho. Nenhuma pergunta sobre os moradores de rua que se multiplicam no centro. Nenhuma pergunta sobre o que representa a candidatura José Serra.


Nenhuma pergunta sobre o que é, de fato, relevante.


Só perguntas sobre o PT (sobre a saída dela, as mudanças no partido, as alianças para governar…), sobre o apoio do Paulo Maluf e sobre a ausência da senadora Marta na campanha (vejam abaixo as perguntas).


O que o Estadão queria com essas perguntas? De certo, uma crítica ao PT, ao governo Lula/Dilma, à senadora Marta ou ao apoio do Maluf. Queria criar uma crise na campanha do Haddad.


E “manchetar”..Depois de insistir, conseguiram uma declaração:

- ‘Não vou estar confortável no mesmo palanque que Maluf’, diz Erundina


Poderia ser outra a manchete:

- A gente vai ganhar as eleições e governar a cidade com o povo, diz Erundina


O Estadão não liga para o povo. Mas dá lições de como fazer do jornalismo um instrumento para atacar uma candidatura.


Abaixo, as perguntas que o Estadão fez para Erundina.


Estado: A sra. decidiu tomar um rumo diferente do PT 15 anos atrás. Agora voltam a se juntar. Mudou a sra ou mudou o PT?

Estado: Mas por que o realinhamento com o PT?

Estado: Por que vale em 2012 e não valeu em 2004?

Estado: As feridas já estão cicatrizadas? A senhora dividiu na sexta a mesma mesa com o Rui Falcão, que esteve em trincheiras opostas as da senhora no PT na década de 90.

Estado: A sra. disse que é amiga da Marta e que vai tentar trazê-la para a campanha. O que explica a ausência dela? Ressentimento?

Estado: Líderes do PT já afirmaram que ela está cometendo um grave erro político. Está?

Estado: O PT mudou ao chegar ao poder?

Estado: A sra. está dizendo que o PT se tornou mais pragmático?

Estado: O PT fez muitas concessões? Perdeu a coerência?

Estado: Alianças com Sarney, Jader, Renan… Isso é bem real, não?

Estado: A sra. combateu o deputado Paulo Maluf durante parte muito importante de sua carreira política. Que avaliação a sra. faz da entrada dele na campanha?

Estado: Tivesse sido consultada, diria ‘não’?

Estado: A sra. foi surpreendida pelo apoio?


O que vão perguntar para o Serra?


Agora, leia a entrevista: http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2012/06/16/nao-vou-estar-confortavel-no-mesmo-palanque-que-maluf-diz-erundina/


Em tempo4: ao Cerra, Igor, vão perguntar sobre o câmbio. -PHA
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

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