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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, junho 08, 2012

Evangélicos querem que templos paguem menos pela energia elétrica

 


deputado Antônio Bulhões (PRB)
Bulhões, relator da PEC, é do
partido ligado à Igreja Universal
No começo do ano, a CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania), da Câmara dos Deputados, deu parecer favorável à Proposta de Emenda Constitucional 497/2010 que, se aprovada, concede subsídios (desconto bancado pelo governo) aos templos e igrejas nas tarifas de energia elétrica. A PEC não fixa o percentual do desconto, deixando-o em aberto.

A proposta é de autoria do deputado Eduardo Valverde, que morreu no ano passado. Ela atende aos interesses principalmente da bancada evangélica. O seu relator é o deputado Antônio Bulhões (foto), do PRB-SP, que é o partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus.

Para Bulhões, os subsídios se justificam pelo fato de as igrejas prestarem “relevante trabalho de cunho social em benefício de segmentos carentes da população”.

Para que os templos paguem menos pela energia elétrica, a PEC altera o artigo 19 da Constituição, o que garante a laicidade do Estado, que diz: "É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança".

As igrejas já dispõem de imunidade de impostos, o que tem sido, juntamente com a colheita de dízimo, a fonte de recursos para a construção de megatempos evangélicos e o enriquecimento de pastores neopentecostais.

Parte dos deputados eleitos por evangélicos costuma apresentar propostas que visam obter vantagens para as igrejas, tirando proveito dos cofres públicos ou de fundos como o FGTS. É do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), por exemplo, o projeto de lei 3044/2011 que, caso fosse aprovado, liberaria recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço para financiar a construção de templos e igrejas.

A PEC do subsídios na tarifa de energia elétrica terá de passar por outras comissões para chegar ao plenário da Câmara, se chegar. O que ela propõe é tão absurdo que não deverá seguir adiante.
Deputado quer estender isenção fiscal às entidades das igrejas.
julho de 2011

Isenções fiscais da Igreja.   Religião no Estado laico.

Leia mais em http://www.paulopes.com.br/#ixzz1xEayerA7
*Paulopes

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