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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, junho 18, 2012

Grécia: até o fundo do abismo, democraticamente

Assim acabaram as eleições na Grécia.
Estes os resultados, quando já foi analisados 80% dos votos:
  1. Nea Dimokratia (Direita conservadora) 29.7%
  2. Syriza (coligação de Esquerda radical) 26.9%
  3. Pasok (socialistas) 12.3%
  4. Grécia Independente 7.45%
  5. Chrisi Afghí (Amanhecer Dourado, neo-nazi) 6.95%
  6. Dimar (Esquerda Democrática) 6.1%
  7. KKE (partido comunista) 4.46%
A abstenção ficou na casa de 40%.

As percentagens podem ainda variar mas não de muito.
Isso significa que os principais partidos pró-Euro, Nea Dimokratia e PASOK, conseguem 163 assentos, a maioria parlamentar.
Antonis Samaras, líder de ND: .
Hoje, os Gregos optaram por manter os laços com a Europa. Esta é uma vitória para toda a Europa.
No entanto, ND precisa dos socialistas do Pasok para a maioria, mesmo após do partido socialista ter sido pesadamente punido pelos eleitores. Evangelos Venizelos, o líder do Pasok, já anunciou o próprio apoio para um governo de coalizão com a Nova Democracia, e até foi mais longe, propondo um governo de "responsabilidade compartilhada" apoiado por quatro partidos: PASOK, a Nova Democracia, Syriza e a Dimar, a esquerda democrática.

Mas Syriza já fez saber que ficará na oposição.

O que muda? Nada. Os partidos que ganharam apoiam as medidas da troika FMI-BCE, incluídas as de austeridade. A tragédia grega pode continuar sem outras perturbações, decomposição do País incluída: a partir de agora até com o carimbo democrático.
Satisfeitos eles...


Ipse dixit.

Fontes: La Repubblica 
*InformaçãoIncorrecta

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