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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, junho 21, 2012

Manifestação contra o Código Florestal reúne 50 mil pessoas no centro do Rio

Agência Brasil
Protesto coletivo aproveitou a abertura oficial do Rio+20 (Foto: Marcello Casal/Agência Brasil)
Rio de Janeiro – Milhares de pessoas participaram na tarde de hoje (20) de uma grande manifestação no centro da capital fluminense. Participaram do movimento diversas entidades ligadas a movimentos sociais, organizações não governamentais (ONGs), índios, ambientalistas e cientistas que estão no Rio de Janeiro para a Cúpula dos Povos, evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, além de servidores estaduais e federais. Eles ocuparam as duas principais vias do centro da cidade, a avenida Rio Branco e parte da avenida Presidente Vargas.
O protesto coletivo aproveitou a abertura oficial da Rio+20, que foi feita hoje pela presidenta Dilma Rousseff, no Riocentro, reunindo cerca de 100 chefes de Estado e de Governo. Mesmo com a chuva fina que caía na cidade, os manifestantes não perderam a empolgação na passeata, animada com vários trios-elétricos, tamborins, apitos e pessoas fantasiadas, como um grupo de jovens que se caracterizou de viúvos e encenou um velório no qual o caixão simboliza o novo Código Florestal.
"Eu estou aqui presente na Cúpula dos Povos para gritar em socorro da Amazônia que está sendo destruída sistematicamente, se transformando em capital e, com isso, o Brasil e a humanidade vão se prejudicar", disse João Gierse, 51 anos, morador de Roraima, que se caracterizou de Floresta Amazônica para chamar a atenção das autoridades quanto ao desmatamento e às queimadas que estão devastando a floresta.
Outro manifestante que fez questão de participar do ato foi o representante do movimento Coletivo Curupira do Brasil pelas Florestas, José Prata, 60 anos, que ressaltou que é dever de todos lutar pela causa ambiental.
"Eles (os participantes da Rio+20) estão discutindo a tal da economia verde para dar uma melhoradinha no capitalismo brasileiro e sobrou para a sociedade vir para a rua se manifestar. Nós queremos que a Dilma atue diretamente na questão ambiental. Nós precisamos cancelar esse malfadado Código Florestal e substituí-lo por uma legislação moderna de forma cientifica e não na marra", disse.
A manifestação foi acompanhada de perto por policiais militares, guardas municipais e operadores de trânsito. Um helicóptero da Secretaria de Segurança Pública sobrevoou a região. Nenhum incidente foi registrado.
*GilsonSampaio

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